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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA GILVANETE MENDES DA SILVA AZERÊDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL Senhor do Bonfim BA 2012

Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

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Pedagogia 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

GILVANETE MENDES DA SILVA AZERÊDO

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Senhor do Bonfim – BA

2012

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GILVANETE MENDES DA SILVA AZERÊDO

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VII, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: Profª: Beatriz Costa de Souza

Senhor do Bonfim – BA

2012

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GILVANETE MENDES DA SILVA AZERÊDO

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aprovada em: 16 de Agosto de 2012.

Banca Examinadora:

_________________________________________

Profª: Beatriz Costa de Souza

(Orientadora)

__________________________________________

Profª: Maria Glória da Paz

Avaliadora

___________________________________________

Profº: Ozelito Souza Cruz

Avaliador

Senhor do Bonfim – BA

2012

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A vida é feita de momentos que se tornam inesquecíveis,

especialmente se esses momentos são vividos com pessoas

importantes para as nossas conquistas. Nada disso seria

possível sem o apoio de todos que contribuíram para a

realização deste sonho.

Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me deu a

oportunidade de vivenciar esta experiência, por ter me dado

força e coragem para seguir, mesmo nos momentos mais

difíceis;

Dedico a minha família em especial a meus pais: José

Francisco e Adaídes que foram os primeiros que investiram

em minha formação, e acreditaram que eu podia ter uma vida

com melhores oportunidades;

Dedico aos meus filhos: Rômulo e Alarico José pelo incentivo

e apoio mesmo sabendo o quanto era difícil conviver com a

minha ausência todas as noites;

Dedico ao meu esposo: Alarico pelo apoio e incentivo que

sempre me deu, acreditando no meu potencial, por torcer pelo

meu sucesso, e por dividir comigo os momentos difíceis

durante essa jornada;

Dedico aos meus sogros: Olga e Rômulo pelo incentivo e

apoio em todos os momentos;

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Dedico a minha amiga Sidnéa por vibrar com as minhas

conquistas, e por me ajudar a suportar as dificuldades desses

momentos;

Dedico aos meus professores que foram fundamentais na

construção do conhecimento, e na minha formação, sem eles

nada disso seria possível;

Dedico aos colegas de classe pelos muitos momentos de

angústia e de alegria que vivenciamos e que ficarão

guardados para sempre.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me presenteado com esta oportunidade, quando eu achava

que era um universo muito a além da minha realidade;

A minha professora orientadora Beatriz de Souza Barros pela dedicação,

paciência, atenção, e por todos os incentivos, mesmo quando tinha que dizer que

precisávamos melhorar, isto foi fundamental para construção do nosso trabalho;

Aos professores que participaram da pesquisa pela colaboração e

demonstração de respeito que tiveram ao aceitar participar;

A minha família por todo o apoio, incentivo e força quando sentia-me

desanimada com as dificuldades dos momentos mais difíceis;

Aos professores do Curso de Pedagogia que contribuíram para a nossa

formação nos auxiliando, nos incentivando nos levando a descobrir respostas para

as nossas angústias;

Enfim, a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização

deste momento.

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RESUMO

O Trabalho de Conclusão de Curso é parte complementar para concluirmos o curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de Educação Campus VII, em Senhor do Bonfim-Ba. A pesquisa buscou conhecer a formação do professor da Educação Infantil da cidade de Itiúba-Ba, cujo objetivo procurou diagnosticar e analisar que habilidades e competências o professor deve possuir para atuar nas classes de Educação Infantil. Para uma melhor análise utilizamos as palavras-chave: Educação Infantil; Habilidades e Competências; e a Formação de Professores, para aprofundar as discussões buscamos diversos autores como: Catani (1987); Linhares (2001); Perrenoud (2000); Koche (1997); Oliveira (2001); Lorenzato (2006), entre outros. As contribuições dos autores enriqueceram as discussões e a compreensão da temática. A pesquisa foi realizada com quinze professores de diferentes escolas da cidade. Os procedimentos utilizados foram a observação e o questionário semi-estruturado, pois acreditamos que com estes instrumentos conseguiríamos os dados necessários para a realização da pesquisa. Analisando os resultados desta investigação podemos conhecer a formação dos professores da Educação Infantil desta cidade.

Palavras – chave: Educação Infantil, Habilidades e Competências, Formação de Professores

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................09

CAPÍTULO I.......................................................................................................11

1. PROBLEMATIZAÇÃO..................................................................................11

CAPÍTULO II......................................................................................................15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................15

2.1 Educação Infantil....................................................................................15

2.2 Habilidades e Competências..................................................................20

2.3 Formação de Professores......................................................................24

CAPÍTULO III.....................................................................................................31

3. METODOLOGIA DA PESQUISA..................................................................31

3.1 Tipo de Pesquisa....................................................................................31

3.2 Lócus da Pesquisa.................................................................................32

3.3 Sujeitos da Pesquisa..............................................................................33

3.4 Instrumentos da Pesquisa......................................................................33

CAPÍTULO IV....................................................................................................35

4. ANALISANDO OS RESULTADOS...............................................................35

4.1 Conhecendo nossos sujeitos..................................................................35

4.2 Tempo de Serviço..................................................................................37

4.3 Faixa Etária............................................................................................38

4.4 Nível de Formação.................................................................................39

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4.5 Analisando a experiência na Educação Infantil durante o processo de

formação...............................................................................................................41

4.6 Cursos de formação continuada e aperfeiçoamento para atuar em classes de

Educação Infantil...................................................................................................42

4.7 A importância da formação continuada para a prática....................................43

4.8 O papel da Educação Infantil no desenvolvimento das crianças....................45

4.9 Habilidades necessárias para o trabalho na Educação Infantil......................46

4.10 Características do professor de Educação Infantil........................................48

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................50

REFERÊNCIAS..........................................................................................................53

APÊNDICE.................................................................................................................56

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INTRODUÇÃO

O trabalho aqui desenvolvido surgiu da paixão pelas turmas de Educação

Infantil, e das discussões sobre o tema durante o Curso de Pedagogia, despertando

cada vez mais o interesse em conhecer essas turmas, e os profissionais que atuam

nesta fase. Sabemos que as crianças durante muito tempo foram tratadas como

miniaturas dos adultos, e que não existia a preocupação com o seu

desenvolvimento, pois acreditava-se que para ela se desenvolver bastava vivenciar

o universo dos adulto. Isso só começou a mudar quando se percebeu que a criança

não era esse mini-adulto e precisava de um cuidado especial, o que modificou a

conduta em relação a criança.

Outro fato que nos motivou, foi o estudo sobre o surgimento da Educação

Infantil, que ocorreu com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, e a

necessidade de locais para deixar seus filhos durante a jornada. O momento

decisivo foi quando tivemos que assumir uma dessas classes, e não sabíamos como

desenvolver este trabalho, pois não tínhamos habilidade nenhuma para essa função,

nos sentindo incapazes e frustrados, sendo preciso vivenciar a prática para detectar

nossa limitação. Vivenciando a prática e utilizando a teoria nos apaixonamos por

esse nível da educação. A partir daí surgiu à inquietação sobre a formação dos

professores da Educação Infantil, e se eles possuem uma formação que os habilite

neste trabalho.

O trabalho foi dividido em quatro capítulos, começando pela problemática que

traz os argumentos pelos quais escolhemos a temática, considerando que a

Educação Infantil durante muito tempo não era considerada uma etapa da educação

básica, e desta forma, as pessoas que trabalhavam com as crianças também não

tinham formação alguma para a função. Mas esse fato modificou-se e os

profissionais precisavam ser melhor preparados, e desde então as mudanças foram

ocorrendo.

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O segundo capítulo é a fundamentação teórica que faz uma reflexão sobre a

educação infantil, as habilidades e competências dos professores e a formação de

professores, que é fundamentada em diversos teóricos como: Catani (1987);

Linhares (2001); Perrenoud (2000); Koche (1997); Oliveira (2001); Lorenzato (2006),

entre outros. As discussões dos autores foram fundamentais para a compreensão da

temática, e para a construção do conhecimento.

O terceiro capítulo trata da metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa, os sujeitos, o local da pesquisa e os instrumentos utilizados para a coleta

de dados. É a parte onde descrevemos como a pesquisa aconteceu, como agimos

para conseguir desenvolver a pesquisa, sendo fundamental para a realização do

trabalho, pois não existe trabalho bom sem planejamento.

O quarto capítulo é composto da análise dos dados, onde analisamos os

dados coletados e comparamos com os argumentos descritos durante o trabalho,

como também descobrimos outras questões sobre o tema, e buscamos

compreender as inquietações que nos fizeram optar pela temática. É a parte que traz

as respostas para as nossas perguntas e que nos deixou mais inquietos com os

resultados encontrados.

As considerações finais sintetizam todo o trabalho, onde descrevemos a

visão em relação à pesquisa, e construímos nossas hipóteses, oferecendo

contribuições para futuras discussões sobre o tema.

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CAPÍTULO I

1. PROBLEMATIZAÇÃO

A história da educação brasileira é constituída de muitas mudanças e rupturas,

e se fizermos uma retrospectiva poderemos compreender melhor muitas questões

que até hoje se fazem presentes no cenário educacional. Tudo começou com a

chegada dos portugueses ao Brasil, que implantaram aqui seus costumes, tradições,

sua religiosidade, desconsiderando os costumes e tradições do povo indígena que

aqui vivia. Os jesuítas foram os responsáveis para catequizá-los civilizá-los, educá-

los e durante séculos foram responsáveis pela educação dos índios e filhos dos

portugueses que aqui viviam, construíram as primeiras escolas do país, e foram os

primeiros professores, ensinando os índios a ler e a escrever e as outras crianças.

Entretanto os jesuítas tiveram seu modelo educacional destruído quando foram

expulsos pelo Marquês de Pombal, deixando o sistema educacional no maior caos.

Para Anita e Martins (1987):

Os jesuítas foram os principais promotores, organizadores da educação escolar no Brasil, pois foram os únicos educadores de profissão até 1758. Sua ação educativa estendia-se aos mamelucos, aos órfãos, aos filhos dos principais caciques e dos colonos brancos. (p.18).

Desde então muitas reformas aconteceram tentando modificar e melhorar a

educação no Brasil, tendo em vista que a sociedade passou por transformações

políticas, econômicas e sociais, o que afeta diretamente o modelo de educação a ser

desenvolvido. É o caso da família que tinha sua organização centrada no

patriarcalismo onde o pai era o chefe, e deveria trabalhar para manter a família, e o

papel da mãe era cuidar dos filhos educá-los e da organização da casa. A família

também passou por transformações, principalmente no papel da mulher que cuidava

apenas da família, como cuidado com a casa e a educação dos filhos, inclusive

ensinando as primeiras letras.

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Desta forma muitas crianças quando chegavam à escola já conheciam

algumas letras, algumas até já liam, isso quando a mãe também sabia ler. Com as

novas mudanças da sociedade as mulheres começaram a trabalhar fora, ganhando

seu espaço no mercado de trabalho, mas perdendo o controle da educação dos

filhos. Surgiram novos modelos de família que não são centrados só na figura do pai

como chefe, mas que transformaram o contexto histórico familiar. Como destaca

Linhares (2001):

(...) as famílias também se diferenciam por razões e compromissos de classe social, nacionalidade, etnia, gênero, sexualidade e religião, que incidirão, por sua vez, nas relações estabelecidas com os colégios que acolhem seus filhos e filhas. (p.46)

Com essa série de mudanças as famílias foram desestruturadas e buscam transferir

a educação de seus filhos para a escola, que ainda não conseguiu assimilar que

papel deve desempenhar já que a sociedade não é mais a mesma.

Resta à escola perceber isso e acompanhar esta mudança para proporcionar

a seus membros melhores condições de aprender e desenvolver suas

competências, considerando que o papel da família não pode ser transferido, mas a

escola pode adaptar-se as novas atribuições que vão além de simplesmente ensinar

a ler, escrever e calcular, mas levar os alunos a interpretar, analisar e modificar sua

história. Teles (1992) destaca que:

Quanto mais a Família abre mão de suas antigas funções, e quanto menor

se torna a influência religiosa sobre os indivíduos, mais cresce a importância

da Escola como aparelho ideológico (via de transmissão da visão de mundo

da classe dominante) que, cada vez mais cedo, e por muitas horas do dia,

―catequiza‖ os indivíduos (e, ainda por cima como algo ―obrigatório‖ e que

dá ―prestígio‖, e permite uma ―falsa‖ ascensão social). (p. 23).

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Tantas mudanças levaram o sistema educacional a adaptar-se a necessidade

de se ter cada vez mais escolas em todos os níveis para atender a demanda. Então

surge a urgência de aumentar o número de creches e escolas de educação infantil,

pois desde cedo as mães precisam sair para trabalhar e as crianças precisam de um

acompanhamento que preencha as lacunas deixadas pela família que prefere

colocar suas crianças desde cedo nas escolinhas e creches por acreditar que ali

estarão seguras e sendo educadas. A Educação Infantil no Brasil surge então da

necessidade das mães em sair para o mercado de trabalho e desde então o número

de escolas de educação infantil vem crescendo.

A educação infantil proporciona a estas crianças um melhor desenvolvimento

psico-motor, social e afetivo elementos básicos ao seu desenvolvimento, porém a

sociedade ainda desconhece esses aspectos e um dos principais objetivos que

levam suas famílias a procurarem estas escolas é ter segurança para trabalhar e

saber que seus filhos estarão seguros, embora as famílias tenham uma visão

distorcida das professoras da educação infantil onde muitas vezes são vistas como

―babás‖, que desde que cuidem e gostem de crianças é o suficiente. Garcia (1993)

destaca que:

A pré – escola torna-se mais um espaço de descobertas sobre a vida. Espaço privilegiado, pois ali se reúnem crianças diversas, com informações, realidades e curiosidades diferentes, que interagem entre si e com a professora, que também traz suas experiências e conhecimentos acumulados. Juntos, constroem novos conhecimentos e se apropriam dos conhecimentos disponíveis, que se revelam pertinentes para o grupo de crianças. (p. 34).

Só que o que poderia ser tão simples assim é agravado pelo fato de que sem

conhecimento da educação infantil muitos professores em vez de contribuir para o

desenvolvimento das crianças causam traumas difíceis de serem superados,

desconsiderando suas fases de desenvolvimento.

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É neste momento que se faz tão importante um profissional com uma

formação sólida que conheça os processos de desenvolvimentos das crianças, e

para isso os cursos de formação, em especial o curso de Pedagogia, tenta preparar

estes profissionais para atuarem na educação infantil e nas séries iniciais, pois

acreditamos que ele proporcione aos futuros professores uma base teórica que

poderá auxiliá-los na sua prática. Para Catani (1987):

Hoje, é preciso dar-lhe uma formação diferenciada. É preciso privilegiar o licenciado numa formação que lhe é específica, que tenha a ver com a função que ele vai desempenhar. E é preciso repensar o curso. Repensar o conteúdo mesmo, a disciplina, o jeito de ensinar essa disciplina. (p.120).

Diante das grandes mudanças ocorridas no mundo, e a necessidade de se

ter profissionais da educação mais preparados e capacitados e com uma grande

capacidade de adaptar-se as mudanças do Sistema Educacional e da sociedade, a

escola teve que rever seus conceitos, houve a necessidade de uma formação mais

abrangente e qualificada, que possibilitasse ao docente interagir neste contexto com

mais eficácia. Com todas estas inquietações gostaríamos de analisar que tipo de

formação deve receber o professor para atuar em classes de Educação Infantil?

Objetivamos com este trabalho diagnosticar e analisar que habilidades e

competências deve possuir o professor para atuar em classes de educação infantil.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Educação Infantil

Nunca na história da humanidade aconteceram tantas mudanças em espaços

tão curtos, a globalização, os avanços tecnológicos, as mudanças na economia,

vivenciamos uma era de profundas transformações sociais, culturais, econômicas

desta forma seria ilusão que o sistema educacional tentasse acompanhar estas

mudanças, visto que, este sistema precisa de tempo para acompanhar as

transformações, embora nem sempre consiga.

O sistema educacional tem sido alvo de muitas críticas e reformas, porém

visam à melhoria da educação em todos os seus aspectos. Muito tempo foi preciso

para compreender e modificar a conduta relacionada à criança, admitindo que esta é

um ser com necessidades distintas dos adultos, buscando um tratamento adequado

a esta fase. Este talvez tenha sido o primeiro passo para a compreensão do universo

infantil; o segundo e não menos importante refere-se à educação dada pela escola,

uma escola que tem travado batalhas para adequar-se as necessidades das

crianças, notadamente as que ingressam na Educação Infantil e que demandam um

maior cuidado na sua formação. Quanto a isso Oliveira (2001) ressalta que:

A história do sistema educacional brasileiro é marcado há mais de um século por um germe de preocupação que constitui segmento fundamental denominado educação infantil – educação pré – escolar e que durante as ultimas décadas vem se fortalecendo. (p.52).

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Desde que surgiu a necessidade de oferecer as crianças e a suas mães

lugares especiais para deixar seus filhos durante a jornada de trabalho, a educação

infantil vem tentando se ajustar as necessidades do momento. No início estes

estabelecimentos eram vistos e criados apenas para o cuidado com a higiene e a

saúde. Com o passar do tempo à medida que aumentava a procura, os serviços

tiveram que ser melhorados oferecendo muito mais do que simples cuidados. Souza

e Kramer (1991) acrescentam:

A necessidade de pré –escola aparece, historicamente, como reflexo direto das grandes transformações sociais, econômicas e políticas que ocorrem na Europa – especialmente na França e Inglaterra – a partir do século XVIII. Eram as creches que surgiram, com caráter assistencialista, visando capitalista em expansão lhes impunha, além de servirem como guardiãs de crianças órfãs e filhos de trabalhadores. Nesse sentido, a pré-escola tinha como função precípua a guarda das crianças. (p.23).

Estes estabelecimentos tiveram diversas denominações desde Casas dos

Expostos que recebiam as crianças abandonadas, os jardins-de-infância que tinham

um caráter assistencialista para cuidar dessas crianças durante a jornada de

trabalho de suas mães, e as creches cuja finalidade era a mesma dos jardins-de-

infância. Entretanto houve uma conscientização da importância destas instituições e

do seu importante papel na vida das mães operárias, embora saibamos que mesmo

com alguns avanços estas instituições ainda se preocupavam bastante com a saúde

e a higiene das crianças.

Foi um longo caminho até que se compreendesse qual a função a ser exercida

por estas instituições, pois as mudanças ocorridas na sociedade transformaram o

conceito de família, e o papel da escola, então precisava-se oferecer um

atendimento diferenciado a esta nova clientela, que teve que sair mais cedo do

convívio familiar.

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Mesmo sabendo que a educação infantil surgiu por esses motivos que já

foram descritos, esta educação ainda é vista como lugar de ―cuidado‖ com a higiene,

a saúde e o seu caráter assistencialista. A sociedade tem uma visão distorcida deste

sistema de ensino que mesmo com todos os avanços, inclusive no dever que o

Estado tem com relação a esta fase, ainda percebemos o desconhecimento deste

tipo de educação. Para Souza e Kramer (1991):

Isso significa que a pré-escola deve ter como função essencial, uma proposta educativa mais ampla, isto é, que ultrapasse o mero assistencialismo. A assistência, embora indispensável pela situação calaminosa em que se encontra a infância brasileira, se excessivamente paternalista, gera o comodismo e a dependência, dificultando, ou até mesmo impedindo, uma transformação social mais ampla. (p.15).

Muitas pesquisas foram feitas para identificar e compreender diversos

comportamentos infantis, conforme as fases de desenvolvimento. Percebeu-se

então, que todos os comportamentos apresentados pela criança tinham um

significado, a partir daí procurou-se desenvolver as habilidades das crianças

respeitando seus limites e suas fases.

Desta forma as escolas de educação infantil trazem um novo olhar que

ultrapassa o conceito de assistencialismo, pois é na educação infantil que as

crianças devem experimentar, vivenciar, construir, desconstruir sentimentos,

emoções, conhecimentos, aprendizagens muitos já vivenciados por ela fora da

escola, mas que neste espaço se consolidam. Souza e Kramer (1991) descrevem

que ―durante o século XIX, uma nova função passa a ser atribuída à pré-escola,

mais relacionada à idéia de ―educação‖ do que à de assistência.‖ (p.23).

As escolas de educação infantil não são mais espaços só para o ―cuidado‖,

são também espaços educativos, onde as crianças desenvolvem sua personalidade

com segurança, é um momento de descoberta para a criança, e é preciso que ela

seja instigada a descobrir os caminhos mais propícios para este aprendizado de

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forma significativa e criativa, pelo menos é isso que se espera dessas escolas

quando são preparadas para atender estes pequenos.

A educação infantil tem um papel fundamental para a socialização da criança

no convívio social, que ultrapassa os limites da família. A escola tem assumido

responsabilidades que foram sendo atribuídas a ela. A sociedade diante da sua nova

conjuntura tem transformado a escola numa instituição que deve gerenciar e educar

as crianças em todos os aspectos.

Sabemos que a sociedade levou séculos para entender que a criança era um

ser diferente do adulto, e que, portanto, deveria ter um tratamento diferenciado, era

preciso compreender suas necessidades e possibilidades buscando uma educação

que valorizasse sua identidade. Para Machado (1991):

Educar significa também respeitar a criança: ela não é um mini-adulto, mas um ser que tem características, sensibilidade e lógica próprias. Assim, desenvolvimento, transformação, crescimento em etapas sucessivas é parte desse processo. (p.42).

É na educação infantil que a criança vai descobrindo e experimentando

sensações inovadoras e significativas, o aprendizado é constante desde uma

simples brincadeira até o desenvolvimento de uma atividade mais elaborada.

Nesta fase é importante que a criança tenha contato com os mais variados

tipos de material (areia, massinha de modelar, tintas, etc.) isso contribuirá para que

ela desenvolva a sua autonomia um aspecto importante para a formação da sua

personalidade. Quanto a isso Machado (1991) acredita que:

Para a criança de zero a seis anos tudo está por se conhecer. A assimilação e o avanço no conhecimento dependerão, no entanto, do significado que este possuir para ela. Assim aspectos cognitivos e sócio-afetivos se entrelaçam nessa faixa etária. Estes últimos tendem a não ser levados em

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conta de forma explicita nos currículos de pré-escola, e as condutas nesse sentido ficam a critério do professor, conforme seu bom senso ou estado de espírito do momento. (p.77).

Sabemos que quando a criança tem a oportunidade de passar pela

educação infantil tem mais chances de se tornar um estudante criativo,

independente e seguro diante das responsabilidades assumidas. Durante muito

tempo acreditou-se que a educação infantil era uma etapa somente de cuidados

(proteger, alimentar) hoje sabemos que esta é uma fase singular na vida destes

pequenos, pois estes têm a oportunidade de experimentar sensações de alegria,

medo, tristeza e amizade aspectos que fortalecem a personalidade. Machado (1991)

acredita que:

A pré-escola garante os cuidados relativos á saúde e higiene das crianças, tão necessários nessa fase de suas vidas. Preserva o espaço do brincar como manifestação fundamental da infância e assegura as aquisições cognitivas básicas, mas vai além, criando condições que favoreçam o desenvolvimento global e harmonioso da personalidade, fim último da educação. Nesse sentido a criança que é privada da pré-escola, seja ela qual for, tem seu desenvolvimento empobrecido. (p.19).

Hoje é grande o número de escolas de educação infantil, pois esta é a

primeira etapa da educação básica, como define a Lei de Diretrizes e Bases (LDB)

no Art. 29:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Essa fase tão significativa para o desenvolvimento cognitivo e social das

crianças precisa de escolas que ofereçam o mínimo de conforto para as crianças,

desde a estrutura física com salas de aula amplas e arejadas, oferecer materiais que

estimulem o desenvolvimento infantil garantindo um desenvolvimento significativo, e

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também deve ter profissionais que conheçam, valorizem e estimulem todas as

habilidades e competências das crianças em suas diferentes fases.

2.2 Habilidades e competências

Todo professor precisa conhecer o seu espaço de trabalho para construir suas

análises e a partir daí desenvolver um trabalho com habilidade e competência.

Entretanto sabemos que muitos profissionais não conseguem elaborar suas metas

devido a pouca experiência na área de atuação.

Atualmente o que mais tem se falado e questionado são as habilidades

necessárias para o professor atuar em cada nível de ensino, e se este professor

possui a competência tão exigida. Segundo Olinto (2000): habilidade significa

―qualidade de quem é hábil; capacidade, inteligência; facilidade em executar

qualquer coisa‖ (p.441), enquanto competência significa ―capacidade; qualidade de

quem é capaz‖ (p.201), com esta conceituação podemos perceber que uma palavra

está interligada a outra, portanto as duas andam juntas.

Partindo desta análise e indo em direção ao nosso foco principal que são os

professores da educação infantil podemos verificar que para atuar nestas classes é

necessário conhecimentos teóricos, práticos, respeito aos conhecimentos prévios

dos educandos, capacidade de se adaptar as situações e as necessidades da turma,

como: saber compreender, analisar e escutar para a partir destes aspectos

desenvolver um trabalho significativo para as crianças e para o próprio professor.

Quanto a isso Perrenoud (2000) diz:

A competência do professor é, então, essencialmente didática. Ajuda-o a fundamentar-se nas representações prévias dos alunos, sem se fechar nelas, a encontrar um ponto de entrada em seu sistema cognitivo, uma maneira de desestabilizá-los apenas o suficiente para levá-los a

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restabelecerem o equilíbrio, incorporando novos elementos ás representações existentes, reorganizando-as se necessário. (p.29).

O professor que tem habilidade e competência leva os alunos a ouvir, a

discutir, e a interagir conseguindo desenvolver qualquer atividade, pois o que mais

percebemos nestes profissionais é a dificuldade que tem em fazer as crianças

ouvirem, haja vista que o tempo de concentração da criança é muito pequeno,

portanto ele deve ser hábil para apresentar o conteúdo ou conceito que será

trabalhado de maneira sucinta para que o aluno não perca o interesse durante esta

exposição. Assim sendo a competência deve ser o modo como este profissional

desenvolverá este trabalho sem deixar os alunos desmotivados durante este

processo. Perrenoud (2000) afirma:

A competência requerida hoje em dia é o domínio dos conteúdos com suficiente fluência e distância para construí-los em situações abertas e tarefas complexas, aproveitando ocasiões, partindo dos interesses dos alunos, explorando os acontecimentos, em suma, favorecendo a apropriação ativa e a transferência dos saberes, sem passar necessariamente por sua exposição metódica, na ordem prescrita por um sumário. (p.27).

Na Educação Infantil o que se espera destes professores é que eles tenham

essas duas características, assim como nos outros segmentos da educação, mas

para a educação infantil o educador que não consegue unir estas duas ações não

conseguirá executar seu trabalho com êxito, e ainda corre o risco de transmitir

insegurança, desrespeito, dificuldade de aprendizagem para as crianças. Essa fase

é de descobertas tanto das crianças como dos professores, pois o que acontece

diariamente é uma descoberta de como agir, planejar, desenvolver as atividades

realizadas com as crianças. Lorenzato (2006) destaca que:

Uma das crenças educacionais mais divulgadas e aceitas pela cultura popular é a que concebe a função do professor de educação infantil como sendo a mais fácil, se comparada com as funções dos professores de qualquer outra faixa etária. Na verdade, ser o orientador do processo de

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crescimento de crianças com pequeno vocabulário, com instrumentos cognitivos ainda pré-lógicos, que não conseguem manter a atenção além de alguns minutos, que centram sua atenção em alguns detalhes em detrimento de outros que não dominam as relações espaciais dos ambientes em que vivem que nem mesmo desenvolveram toda a motricidade do seu corpo, que em seus julgamentos consideram apenas as consequências dos atos e não as intenções, enfim, ser um condutor de seres iniciantes, mas com um enorme potencial de aprendizagem, é uma difícil missão e de grande responsabilidade. (p.19).

Todo aprendizado só se efetiva na prática não podemos esperar de

profissionais que conhecem teorias do desenvolvimento das crianças que eles terão

habilidades e competências para atuar com as crianças, somente a prática nos

permite descobrir qual a melhor forma de levar nossas crianças a aprender com

segurança e sem frustrações. Perrenoud (2000) argumenta:

Toda competência individual constrói-se, no sentido de que não se pode transmiti-la, de que só pode ser treinada, nascer da experiência e da reflexão sobre a experiência, mesmo quando existem modelos teóricos, instrumentos e saberes procedimentais. (p.85).

Talvez muitos problemas como frustração, insegurança, medo, timidez,

agressividade poderiam ser evitados se os profissionais que trabalham na educação

infantil tivessem afinidade com este nível de ensino, pois o primeiro passo para essa

mudança seria ter profissionais que trabalham nos níveis de sua preferência.

Seria importante que nesta fase da educação os profissionais fossem

qualificados para compreender muitos comportamentos apresentados pelas

crianças, porém existe uma dicotomia, se por um lado se espera que estes

professores tenham essas habilidades e competências para trabalhar com essas

classes por outro encontramos profissionais que estão vivenciando pela primeira vez

trabalhar com essas classes, pois ao mesmo tempo em que essa experiência possa

ser significativa e reveladora para esses professores, corre-se o risco de não haver

Page 24: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

23

identificação com a turma causando frustrações para as crianças e para o próprio

professor, o que o levará a ter uma visão distorcida da Educação Infantil.

Ter competência, ter habilidade, ou seria melhor dizer ser competente e ser

habilidoso, pois não basta ‖ter‖ é preciso ―ser‖, ser responsável para entender que se

temos habilidade e competência, mas não agimos de maneira habilidosa e

competente, nada adianta. Moysés (1994) diz que:

(...) competente, é o professor que, sentindo-se politicamente comprometido com seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes propiciar uma aprendizagem real, e plena de sentido. Competente, é o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidadão crítico e bem informado, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive. (p.14).

Para a realização de um trabalho de qualidade é preciso desenvolver algumas

habilidades como: ouvir, observar, diagnosticar, interagir, num equilíbrio entre prática

e teoria sem desprezar os conhecimentos dos educandos, mas buscando outras

alternativas para a construção de saberes necessários a prática do professor que

possuí um espaço propício para a descoberta e a comparação de aprendizagens

para ambos. Desta forma ele aprenderá e adquirirá as habilidades necessárias e a

competência exigida. Tardif (2002) discute:

Ensinar é mobilizar uma ampla variedade de saberes, reutilizando-os no trabalho para adaptá-los e transformá-los pelo e para o trabalho. A experiência de trabalho, portanto, é apenas um espaço onde o professor aplica saberes, sendo ele mesmo saber do trabalho sobre saberes, em suma; reflexividade, retomada, reprodução, reiteração daquilo que se sabe naquilo que se sabe fazer, a fim de produzir sua própria prática profissional. (p.21).

Vivemos numa sociedade competitiva e que a todo momento exige de seus

profissionais mais qualificação para melhor desenvolver suas atividades, e a escola

como uma instituição que tem a função de preparar estes profissionais precisa

Page 25: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

24

também ter profissionais qualificados para saber como transformar as crianças em

adultos com habilidade e competência na sua vida pessoal e profissional, portanto

só conseguirá realizar essa tarefa o professor que tem essas características. Kallok

(2000) fala que:

Esse professor deverá ser capaz de adaptar-se ás mudanças, de trabalhar com a criatividade, com o novo, com as novas tecnologias, com os valores humanos, com a incerteza, com a reflexão. Portanto, o professor que precisamos é alguém, que faça uso da reflexão como uma forma de ação. Não uma reflexão pura e simples, mas a reflexão na e sobre a ação numa visão investigativa, de busca de uma ampliação do saber e do

conhecimento, construindo de fato este conhecimento. (p.12).

Portanto, para ser um bom educador infantil é preciso ter a sensibilidade de

observar as manifestações infantis no cotidiano da sala de aula e a partir delas ser

flexível para transformar situações inéditas em aprendizado para as crianças, pois se

o educador consegue transformar uma situação imprevista em fonte de

aprendizagem mostra o quanto ele pode contribuir para a formação da identidade da

criança, essa articulação entre prática e teoria faz dele um profissional amplamente

habilidoso e competente.

2.3 Formação de Professores

Durante muito tempo para ser professor bastava saber ler, escrever, resolver

as operações básicas, e isto diferenciavam o professor do resto da população, pois

numa sociedade onde a grande maioria era analfabeta, encontrar alguém que se

destacasse com estes requisitos fazia dele um sábio.

O professor era o dono do saber, ninguém ousava discordar, seus

ensinamentos eram leis, os alunos estavam ali para aprender sem contestar, e os

que não conseguiam eram punidos com castigos como a palmatória, ajoelhar-se no

Page 26: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

25

milho entre outros, Esta era a escola tradicionalista e durante séculos foi assim até

que a complexidade da sociedade moderna passou a exigir um professor melhor

preparado para dar conta da formação de um novo cidadão.

As discussões sobre a formação de professores tem uma trajetória antiga.

Analisando a história da educação brasileira que começou com os colégios jesuítas,

e que foram os primeiros professores no período da colonização, encontramos um

modelo educacional organizado, que foi extinto com a reforma Pombalina que na

tentativa de ocupar o espaço educacional deixado pelos primeiros educadores

mostrou-se ineficiente por falta de uma estrutura física e mesmo básica, e de

professores preparados para a implantação do novo sistema educacional. Quanto a

isso Anita e Martins (1987) destaca:

A educação escolar, que era dada exclusivamente em escolas confessionais, passou a ser dada por aulas régias, por mestres leigos que ―mostravam não só uma espessa ignorância das matérias que ensinavam, mas uma ausência absoluta de senso pedagógico‖. Foram estes professores que substituíram os jesuítas na educação dos brasileiros, e as aulas régias foram a maneira de se resolver a carência de professores. Os professores destas aulas exerciam o magistério independentemente uns dos outros, programavam o conteúdo, a época, a duração dos cursos e o ensino, sem alguma unidade, era absolutamente fragmentado. Cada qual

desenvolvia seus cursos conforme suas decisões pessoais. (p.19).

Desde então, muitas reformas ocorreram para melhorar a educação, e

consequentemente a formação de seus professores. As mudanças sociais no

século XIV com a Revolução Francesa passaram a exigir uma educação mais

compatível com o novo cenário socioeconômico e que para fazer frente à realidade

necessita-se de uma escola com professores melhor preparados.

Os acontecimentos ocorridos na França influenciaram o nosso sistema

educacional. Modificando as concepções sobre educação no país que até então

seguia um modelo tradicional. Mas em 1932 ocorreu uma reforma mudando todo o

Page 27: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

26

currículo das antigas Escolas Normais surgindo a proposta da Educação Nova. Com

este novo modelo acreditava-se que a educação do país melhoraria, e um novo

conceito de professor surgiu, passando a ser um estimulador para que a criança se

desenvolvesse naturalmente. Anita e Martins (1987) afirmam:

A difusão dos princípios escolanovistas impõe ao professor um novo papel: será o de simples agente estimulador para que a criança se desenvolva por si. O fundamental, é que ela se desenvolva por meio da sua experiência, o professor é simplesmente um intermediário de tal forma que ―coloque-se em primeiro lugar a ação dos alunos e não a palavra do professor.‖ (p.33).

Diante deste quadro um grupo de intelectuais publicou um manifesto que ficou

conhecido como: O Manifesto dos Pioneiros da Educação que foi redigido por

Fernando de Azevêdo trazendo uma nova visão a respeito da educação, pois trazia

conceitos que colocavam a educação acima de qualquer reforma, pois só a

educação seria capaz de transformar a sociedade. Diante de um mundo

modernizado o velho sistema educacional não atendia as necessidade, e a nova

proposta educacional favorecia o desenvolvimento social e intelectual dos cidadãos.

O Manifesto pretendia adotar um plano de reconstrução educacional que

destacava a necessidade de uma educação que favorecesse os interesses da

população em melhores oportunidades profissionais. Mesmo com a divergência de

opiniões dos signatários que foram os responsáveis pelo documento, isso não foi

empecilho para apoiar as propostas de Fernando de Azevêdo cuja finalidade era a

renovação da educação. Dentre os 26 intelectuais que fizeram parte deste manifesto

os que mais se destacaram foram: Fernando de Azevêdo, Anísio Teixeira e

Lourenço Filho, entretanto foi Anísio Teixeira o grande representante da Escola

Nova no Brasil foi ele quem implantou esse novo modelo de escola que veio

contrapor-se ao modelo tradicional. Ghiraldelli (2009) destaca que:

―A reconstrução educacional do Brasil – ao povo e ao governo‖, ―o texto do Manifesto inicia dizendo que dentre todos os problemas nacionais nem mesmo os problemas econômicos poderiam ―disputar a primazia‖ com o problema educacional. Isso porque, ―se a evolução orgânica do sistema

Page 28: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

27

cultural de um país depende de suas condições econômicas‖, seria então impossível ―desenvolver as forças econômicas ou de produção‖ sem ―preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e á iniciativa‖ que seriam os ―fatores fundamentais do acréscimo de riquezas de uma sociedade‖. (p.42).

Nas décadas que se seguiram não houve muitos avanços quanto à formação

do professor e somente em 1964 surge o Centro de Formação e Aperfeiçoamento do

Magistério (CEFAM), que trazia características da Escola Normal, com o propósito

de substituir os antigos cursos de magistério e os normais, pois valorizavam uma

formação mais abrangente e diversificada, acreditando que um profissional bem

formado contribuiria para a melhora da educação no país. Os interessados em

ingressar neste curso tinham que prestar um exame, e uma entrevista, e os que

eram aprovados recebiam também uma bolsa de estudo no valor de um salário

mínimo Com a aprovação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996),

esses centros foram aos poucos sendo extintos.

Com a Lei 5692/71 a formação do professor tem uma nova orientação legal,

definindo o Curso Superior em Universidade e em Institutos de Educação como

espaços de formação de professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental.

A alternativa agora era formar professores em cursos superiores como o de

Pedagogia, que iria capacitá-los para as séries iniciais do ensino fundamental

garantindo, assim, um melhor preparo para o exercício de sua função, previsto na

LDB no Artigo 61: I ―a presença de sólida formação básica, que propicie o

conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de

trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)‖.

Com estas reflexões podemos constatar que o problema da formação do

professor tem um longo caminho, com consideráveis tentativas de melhorar o

preparo para o exercício do magistério. Quanto a isso Catani (1987) discute que: ―A

formação do profissional da educação precisa ser seriamente revista e, repensada,

novas propostas precisam ser apresentadas a fim de que seja, devidamente

Page 29: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

28

preparado para desempenhar sua função de agente de transformação social.‖

(p.179).

No entanto, esta formação era voltada para as séries iniciais, e em nenhum

momento falou-se da formação de professores da Educação Infantil, até porque esta

não fazia parte da educação básica, e o atendimento ás crianças de 0 á 6 anos não

era responsabilidade do poder público ficando restrito a iniciativa privada.

Hoje a Educação Infantil vivencia sua melhor fase, se pensarmos que houve

uma conscientização sobre sua importância para o desenvolvimento cognitivo e

social das crianças. E isto trouxe como consequência a busca por uma formação

que propiciasse ao professor conhecimentos e competências para trabalhar com

estas classes.

O professor da Educação Infantil deve ser um observador ativo que a partir

destas observações descobre a maneira mais simples e eficaz de trabalhar com as

crianças, valorizando seu amadurecimento, seus conhecimentos e suas

aprendizagens sem frustrá-los.

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) no seu Art. 87,

determina que, ―até o fim da Década da Educação (dezembro de 2007) somente

serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por

treinamento em serviço‖, houve uma grande procura pelos cursos superiores, e o

governo contribuiu oferecendo diversos cursos para o aperfeiçoamento e a

qualificação dos mesmos. Entretanto há um precedente na Lei que admite ―a

formação em nível médio para os professores das séries iniciais e da educação

infantil‖, o que de certa forma, é um retrocesso se pensarmos na importância da

formação do educador.

Page 30: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

29

A necessidade de uma formação mais sólida possibilita o docente conhecer e

refletir sobre muitos comportamentos apresentados pelas crianças no processo de

ensino e aprendizagem facilitando seu trabalho e contribuindo positivamente para

um amadurecimento infantil mais expressivo. Linhares (2001) diz que:

(...) é nas universidades, e em particular nas públicas, onde se forma o professor mais capaz de estabelecer uma relação reflexiva e critica com os saberes docentes e com o processo de construção desses saberes, com a sua prática político-pedagógica cotidiana, com a escola, com o sistema educacional e com a sociedade em que se insere. (p.133).

Os municípios têm se empenhado em oferecer capacitações para os

professores para que estes possam melhorar sua prática como está previsto na LDB

―programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos

níveis‖, a exemplo de cursos de Alfabetização como: Proletramento, Ciclo de

Alfabetização, Cursos para a Educação Infantil, entre outros. Destacamos ainda o

curso de Pedagogia em parceria com a Universidade que foi habilitado no município

como (UNEB 2000); e Plataforma Freire, que oferece diversas graduações na área

de educação. Portanto, se durante décadas a discussão era sobre a falta de

políticas públicas para a educação infantil e consequentemente a formação do

profissional, nesta fase vivenciamos uma enxurrada de programas para atender essa

demanda. Todos (governo, escola, sociedade) desejam professores bem formados

para atuar com crianças, pois descobriu-se que um bom profissional nessa fase

contribui para um desenvolvimento mais significativo. A LDB no Artigo 62 destaca: ―§

1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos

profissionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).‖

Diante de tantos debates sobre a formação do professor na atualidade ainda

nos questionamos se os cursos universitários e as capacitações proporcionam aos

docentes a competência tão exigida? Os cursos talvez ainda não consigam preparar

o professor dando a competência, que desejamos, mas sabemos que as discussões

que ocorrem favorecem uma reflexão sobre a importância de valorizar, estimular e

Page 31: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

30

compreender a necessidade de profissionais mais qualificados, visto que, uma

educação de qualidade está relacionada com profissionais capacitados. É o caso do

profissional da Educação Infantil que convivia com a concepção social de que

trabalhar com crianças não era algo que exigia tantos conhecimentos, bastava

gostar de crianças, ser mulher, pois a mulher sabe cuidar mais de crianças, ser

dinâmica e extrovertida, características hoje consideradas ultrapassadas diante do

mundo globalizado. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(1998) destaca que:

As funções deste profissional vêm passando, portanto, por reformulações profundas. O que se esperava dele há algumas décadas não corresponde mais ao que se espera nos dias atuais. Nessa perspectiva, os debates têm indicado a necessidade de uma formação mais abrangente e unificadora para profissionais tanto de creches como de pré-escolas e de uma reestruturação dos quadros de carreira que leve em consideração os conhecimentos já acumulados no exercício profissional, como possibilite a atualização profissional. (p.39).

Os professores da Educação Infantil vislumbram uma nova fase sobre a

importância do seu trabalho, visto que a Educação Infantil é considerada a etapa

mais importante do desenvolvimento da aprendizagem da criança, e o professor é o

agente da transformação desta fase tão singular para um amadurecimento infantil

saudável. Esse novo olhar sobre a Educação Infantil e sobre a formação de seus

professores é consequência de políticas educacionais para a formação inicial e

continuada dos docentes, entretanto sabemos que ainda não é o desejável, mas é o

possível, pois é partindo do possível que podemos alcançar o desejável. A formação

do professor ainda encontra obstáculos especialmente no que se refere ao currículo

dos cursos de formação que discutem pouco a respeito da singularidade desta

etapa, fazendo com que este profissional receba uma formação fragmentada, que é

refletida no trabalho realizado por ele.

Page 32: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

31

CAPÍTULO III

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Este trabalho nos permitiu conhecer e analisar que tipo de formação possui o

professor de Educação Infantil no município de Itiúba – BA. Sabemos da importância

de estabelecer metas para alcançar os resultados esperados, e a metodologia além

de nos conduzir para o desenvolvimento deste trabalho direcionou nossos passos

para encontrarmos as respostas aos questionamentos feitos aqui.

Nesta etapa abordamos a metodologia procurando enfocar o método utilizado

para a concretização da pesquisa, a fim de demonstrar os caminhos a serem

seguidos. Para facilitar o desenvolvimento, e consequentemente sua compreensão

Koche (1997) coloca que:

(...) os procedimentos que serão adotados em uma investigação dependerão da natureza do problema investigado, de suas variáveis, de suas definições, das condições e competência do investigador, do estado da arte em que se encontra a área de conhecimento em que se insere o problema investigado, dos recursos financeiros e tempo disponível. (p.135).

A metodologia implica nos caminhos que pretendemos seguir, e os recursos

que utilizamos na construção do conhecimento científico.

3.1 Tipo de pesquisa

Pesquisar é descobrir respostas para as inquietações que temos durante o

processo de aprendizagem de determinados assuntos, construindo as interpretações

necessárias para a compreensão do problema investigado.

Page 33: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

32

Optamos por adotar a pesquisa qualitativa por acreditar que ela é a

alternativa que melhor atende as nossas inquietações sobre a formação do

professor da Educação Infantil no município de Itiúba – Ba, pois procurou analisar a

situação, com o intuito de abarcar o problema investigado, garantindo que o seu

desenvolvimento acontecesse de forma mais clara e objetiva promovendo a sua

melhor abrangência Conforme Michaliszyn e Tomasini (2005):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. A abordagem qualitativa, ao contrario da quantitativa, aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas. (p.57).

A pesquisa é uma fonte de descobertas desde que seja planejada, elaborada,

seguindo requisitos básicos como: estudo bibliográfico, observação, interação com

os sujeitos, partindo destes requisitos tivemos suporte para desenvolvermos a

pesquisa.

3.2 Lócus da Pesquisa

A pesquisa foi realizada na cidade de Itiúba – Ba. O município de Itiúba está

localizado no semiárido do Norte Baiano na Região do Território do Sisal, acerca de

300 km da capital do estado (Salvador). Possui área total de 1.737,8 km², sua

população é estimada em 36.113 habitantes, o que dá uma densidade populacional

de aproximadamente 20,78 hab/km², segundo o censo do IBGE (BRASIL, 2010).

A cidade de Itiúba – Ba não possuí nenhuma escola pública específica de

Educação Infantil. As classes de Educação Infantil estão inseridas nas escolas de

ensino fundamental. Desta forma não trabalharemos com nenhuma escola

específica, mas com os professores que atuam nesse nível de ensino. Para atingir o

número ideal de sujeitos, visitamos sete escolas da cidade, onde encontramos

escolas com apenas uma turma de educação infantil, outras com duas

Page 34: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

33

3.3 Sujeitos da Pesquisa

A pesquisa foi realizada com quinze (15) professores da educação infantil, de

diferentes escolas da cidade representando assim um número diversificado por

atuarem em escolas distintas. Esperamos obter uma maior abrangência do trabalho

realizado e a partir daí avaliar as inquietações tão discutidas até agora.

A intenção foi de conhecer a realidade da educação infantil e a formação dos

professores deste nível e não de identificar estes profissionais por essa razão não

identificaremos nenhuma escola ou professor com a intenção de preservar suas

identidades.

3.4 Instrumentos da Pesquisa

Todo trabalho precisa ser planejado para que todos os aspectos sejam

analisados com cautela e seriedade. Como o trabalho desenvolvido envolve muitos

professores não teríamos como reuni-los para uma entrevista ou roda de conversa,

optamos por aplicar questionários semi-estruturado, por acreditarmos que com estas

informações poderemos fazer um diagnóstico desta situação, e por entendermos

que não estaríamos intimidando – os a fornecer as informações, considerando que

nenhum professor foi forçado a responder as questões propostas. De acordo com

Thiollent (1987):

O questionário, seja ele concebido num modelo de observação direta ou de questionamento, contém uma lista de perguntas cuja temática corresponde, em principio, a uma ‗tradução‘ das hipóteses de pesquisa sob forma interrogativa. Tal ‗tradução‘ deve levar em conta o provável nível de informação dos entrevistados e ser submetida a um rigoroso controle no decorrer da elaboração do questionário para evitar, ou menos avaliar, as distorções que ela introduz. (p.32).

Page 35: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

34

O questionário buscou fornecer os dados, referentes a identidade desses

professores, a visão sobre a educação infantil, sobre a formação do professor, e

outros aspectos que garantiram uma análise mais segura.

Durante a visita às escolas podemos observar o trabalho dos professores que

foi um outro recurso para a pesquisa levando-nos a confrontar o que vimos com o

que colhemos, e assim analisarmos os resultados. A observação foi utilizada para

verificar situações inéditas que provavelmente pudessem ocorrer neste local, e que

só através da observação seria possível visualizar. Segundo Cervo; Bervian e Silva

(2007):

Observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objeto para dele obter um conhecimento claro e preciso. A observação é de importância capital nas ciências. É dela que depende o valor de todos os outros processos. Sem a observação, o estudo da realidade e de suas leis seria reduzido á simples conjectura e adivinhação. (p.31).

A partir desta coleta analisamos todos os dados que foram coletados,

verificando as informações e confrontando com o que observamos o que nos

possibilitou construir as nossas hipóteses.

Page 36: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

35

CAPÍTULO IV

4. ANALISANDO OS RESULTADOS

Esta etapa é a mais importante e reveladora, pois analisamos os resultados

do nosso trabalho, em relação à formação do professor de educação infantil, na

cidade de Itiúba – Ba, e buscamos compreender as inquietações descritas durante

este processo de construção do conhecimento.

Considerando as respostas dos nossos sujeitos que foram quinze (15)

professores da educação infantil, onde discutimos a sua formação, descobrimos

fatos reveladores que modificaram a visão sobre a formação do professor de

educação infantil de Itiúba, pois sabemos que todo trabalho científico tem o objetivo

de descobrir e entender o problema investigado.

Agiremos com cautela na análise dos dados, buscando uma melhor

compreensão em relação as nossas inquietações. Durante este processo de

investigação percorremos diversas escolas da cidade, conversamos com os

professores da Educação Infantil, e tivemos a oportunidade de observar as escolas

em que estão inseridas essas classes, e o trabalho dos professores.

4.1 Conhecendo nossos sujeitos

Foi uma experiência enriquecedora que transformou as concepções que

tínhamos sobre estes espaços e seus profissionais. A saga começou com as

andanças de escola em escola, ao todo (07) estabelecimentos.

Page 37: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

36

Dos sujeitos desta pesquisa temos quinze (15) professores das escolas onde

as classes de educação infantil estão distribuídas, aos quais foram entregues quinze

questionários, mas cinco professores não quiseram responder por razões não

convincentes.

Gráfico 1:

Fonte: Questionário semi-estruturado aplicado aos professores da Educação Infantil da cidade de Itiúba- Ba, em

2012.

Sabemos que uma grande parte dos professores é composta por mulheres,

no entanto na educação infantil isto ficou bastante claro, pois todos os sujeitos da

pesquisa eram mulheres. O que se confirma quando discutimos a concepção social

de que a mulher tem mais ―jeito‖ para cuidar e educar crianças. Como afirmam Anita

e Martins (1987):

A mulher sempre foi considerada como elemento ideal para o magistério, especialmente o de Primeiras Letras. Por influência positivista, considerava-se a mulher como naturalmente dotada para assistência à infância uma vez que a paciência, a tolerância e parcimônia ―só podem partir do coração

Page 38: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

37

feminino‖ e essa tarefa, da educação das crianças nas escolas, por direito e por natureza devia ―ter-lhe sempre pertencido.‖ (p.26).

Na Educação Infantil a professora desempenha funções que vão além de

educar, exige também o cuidado com as crianças e quanto menores mais atenção

necessitam como: higienizá-las, que apesar do histórico da Educação Infantil que

privilegiava esse tarefa, nos dias atuais não foram descartados, pois esta é uma

atividade que ainda é desenvolvida pela professora dessas turmas, sabemos que

muitas turmas só contam com a professora que é a responsável pela realização de

todas as tarefas.

4.2 Tempo de serviço

O tempo de experiência na Educação Infantil pode representar uma melhor

prática, haja vista, que toda experiência é adquirida na prática, e através da prática o

professor tem subsídios para diagnosticar muitos comportamentos apresentados

pelos alunos. Quanto a isso Perrenoud (2000) diz que:

Toda prática é reflexiva, no duplo sentido em que seu autor reflete para agir e estabelece a posteriori uma relação reflexiva com a ação realizada. Uma parte de nossa vida mental consiste em pensar no que vamos fazer, no que fazemos, no que fizemos. Todo ser humano é um prático reflexivo. Insiste - se nisso para convidar a uma reflexão mais metódica que não seja movida apenas por suas motivações habituais – angústia, preocupação de antecipar, resistência do real, regulação ou justificativa da ação -, mas por uma vontade de aprender metodicamente com a experiência e de transformar sua prática a cada ano. (p.160).

Observando o gráfico abaixo podemos notar que entre os professores

entrevistados o tempo de experiência da maioria com essas turmas é pouco, pois

40% tem de 2 á 5 anos de serviço, 30% tem mais de 10 anos de experiência, outros

20% tem menos de 2 anos e 10% tem de 5 á 10 anos de experiência.

Page 39: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

38

Gráfico 2:

Fonte: Questionário semi-estruturado aplicado aos professores da Educação Infantil da cidade de Itiúba- Ba, em

2012.

Podemos detectar que a maior parte dos docentes ainda tem pouca

experiência na educação infantil. Sabemos da importância de profissionais mais

experientes para essas classes, pois para trabalhar com crianças é preciso mais

conhecimentos para entender seus comportamentos, e quanto mais tempo com

essas turmas maior é o aprendizado para ambos. O tempo de experiência pode

representar mais afinidade, respeito aos saberes dos alunos, uma melhor

compreensão dos processos de aprendizagem, principalmente com maior tempo de

atuação na Educação Infantil.

4.3 Faixa Etária

40%

30%

20%

10%

TEMPO DE SERVIÇO

40% tem de 2 a 5 anos

30% mais de 10 anos

20%tem menos de 2 anos

10% tem de 5 a 10 anos

Page 40: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

39

Gráfico 3:

Fonte: Questionário semi-estruturado aplicado aos professores da Educação Infantil da cidade de Itiúba- Ba, em

2012.

Observamos que os professores possuem uma idade razoável, considerando

a sua faixa etária, pois 50 % têm de 25 á 35 anos, 40% têm mais de 35 anos, 10%

tem de 18 á 25. Sabemos que a idade não é justificativa para a realização de um

bom trabalho, mas os professores com essa faixa etária podem demonstrar uma

maior interação com as turmas.

4.4 Nível de Formação

Os professores estão cada vez mais preocupados com a sua formação, pois

60% dos professores apresentam o superior incompleto, enquanto 20% possuem

somente o magistério, os outros 10% tem formação em pedagogia, e 10% tem

alguma especialização, porém a grande maioria ainda não possuí uma formação em

curso superior, mas estão buscando essa formação.

0

50%

40%

10%

FAIXA ETÁRIA

50% tem de 25 à 35 anos

40% mais de 35 anos

10% tem de 18 à 25 anos

Page 41: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

40

Gráfico 4:

Fonte: Questionário semi-estruturado aplicado aos professores da Educação Infantil da cidade de Itiúba- Ba, em

2012.

Se pensarmos que há algumas décadas atrás os professores em sua maioria

possuíam formação mínima, ou nenhuma, hoje nos deparamos com um avanço

significativo na qualificação destes profissionais, pois como podemos verificar uma

grande parte dos professores está preocupada com a sua formação, considerando

que uma formação específica propicia uma melhor prática.

O grande número de profissionais que buscam melhorar sua formação pode

representar um desenvolvimento relativo nos níveis de educação infantil e séries

iniciais, que são as fases que mais necessitam de profissionais capacitados. Diante

da necessidade de melhorar sua formação os professores contam com o apoio do

Município, e do Estado que tem oferecido diversos cursos na intenção de qualificar

os profissionais da educação como está previsto na LDB Art. 87: ―III - realizar

programas de capacitação para todos os professores em exercício, utilizando

também, para isto, os recursos da educação a distância;‖ Assim todos os

60%20%

10%

10%

NÍVEL DE FORMAÇÃO

60% superior incompleto

20% magistério

10% pedagogia

10% especialização

Page 42: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

41

professores tem a oportunidade de aprimorar sua formação, lhes garantindo

melhores condições para desempenhar as funções que lhes são atribuídas.

4.5 Analisando a experiência na Educação Infantil durante o processo de

formação

As discussões seguintes nos permitiram analisar e discutir alguns aspectos

relacionados à formação do professor de Educação Infantil, pois em muitos

momentos durante a realização do trabalho discutimos o quanto se faz necessário

um professor capacitado que consiga unir teoria e prática, visto que esses dois

elementos ajudam o professor a construir sua ação na busca de novas experiências

e adquirir o conhecimento tão exigido para o trabalho com essas turmas. Como

descreve Garcia (1993 p.72) ―a teoria é validada quando possibilita a reflexão sobre

a prática e, sobretudo, quando contribui para que a prática avance para níveis de

qualidade.‖ Desta forma durante o processo de formação dos sujeitos desta

pesquisa eles revelam o quanto a experiência nestas classes é importante. É o que

nos relatam os professores abaixo diante do questionamento: durante seu processo

de formação teve alguma experiência na Educação Infantil? O que achou?

:

P.1. Sim. Uma experiência nova, que foi fundamental pela minha escolha de

trabalho com a educação infantil.

P.2. Sim, achei maravilhoso porque através dessa experiência adquirir mais

conhecimentos para aplicar na minha prática pedagógica.

P.4. Não, mas acredito que o que nos dar experiência é o prazer e atuação

e entusiasmo em aprender a cada dia e melhorar nossas ações.

P.7. Sim. Que é uma turma que devemos dar mais atenção, desenvolver um bom trabalho, pois é na educação infantil que os educandos devem ser preparados para o ensino fundamental.

Nos discursos dos professores eles consideram o quanto o processo de

formação voltado para a Educação o Infantil é um fator importante para melhorarem

Page 43: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

42

a sua prática. No entanto, nem todos tiveram a oportunidade de vivenciar esta

experiência, considerada fundamental para conhecer o universo da Educação

Infantil. Sendo assim, é através da experiência que adquirimos prática e

conhecimentos para a realização do trabalho de qualidade que tanto almejamos.

Libâneo (1994): diz que:

O pressuposto, assim, é que o professor necessita de uma instrumentalização ao mesmo tempo teórica e técnica para que realize satisfatoriamente o trabalho docente, em condições de criar sua própria didática, ou seja, sua prática de ensino em situações didáticas específicas conforme o contexto social em que ele atue. (p.12).

Diante destas constatações podemos verificar que o profissional que tem a

oportunidade de vivenciar experiências práticas com essas classes tem mais

facilidade de interagir com as turmas, pois elas possibilitam vivenciar a realidade.

4.6 Cursos de formação continuada e aperfeiçoamento para atuar em classes

de Educação Infantil

Sabemos da importância de preparar o professor para trabalhar com crianças,

pois nos dias atuais não é mais admissível que tenhamos profissionais que não

conheçam as fases de desenvolvimento das crianças, e para isso a formação

continuada e os cursos de aperfeiçoamento precisam tentar preparar estes

profissionais para atuar nestas classes, embora saibamos que nem sempre isso

acontece, como descreveram nossos sujeitos diante do questionamento: você já fez

algum curso de capacitação ou formação para trabalhar na educação infantil? O que

achou?

P.1. Sim. Educação infantil é trabalho prazeroso, mas requer uma eficaz

formação continuada.

P.2. Não tive essa oportunidade.

P.4. Não. Mas tenho consciência da importância da formação do profissional

na área.

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43

P.5. Voltado só para a educação infantil não, mas participo todos os anos da jornada pedagógica que algumas vezes foram voltadas para a educação infantil.

P.9. Sim. Achei gratificante porque aprendi maneiras diferentes e práticas para trabalhar competências e habilidades necessárias ao aprendizado da criança através de jogos, brinquedos e brincadeiras.

Nesta análise percebemos que os professores consideram importante os

cursos de aperfeiçoamento e a formação continuada para trabalhar na Educação

Infantil, pois através deste preparo o educador adquire conhecimentos e técnicas,

aspectos essenciais para desempenhar as atividades com êxito.

Percebemos também que nem todos os professores tiveram a oportunidade

de participar de cursos de formação nem de capacitações para trabalhar com essas

turmas, mas precisaram aprender a lidar na prática, sendo assim, é preciso rever os

cursos oferecidos aos professores, pois é inadmissível que professores que deverão

atuar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental não tenham acesso a uma

formação que os prepare melhor para atuar com as classes de Educação Infantil, e

precise vivenciar o trabalho para buscar um aperfeiçoamento que o auxilie nas

atividades com as crianças. Isso mostra o quanto à prática é importante para adquirir

os conhecimentos necessários para interagir com as turmas. A Lei de Diretrizes e

Bases da Educação (LDB) destaca no Art. 62 que: ―2º A formação continuada e a

capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias

de educação a distância‖. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).

Talvez essa seja mais uma lacuna deixada pelos Municípios que mesmo

tentando oferecer uma formação mais apropriada, ainda não conseguem suprir

todas as expectativas dos educadores, e isso fica evidente na prática pedagógica.

Com essa análise não queremos dizer que os cursos preencherão todas as lacunas

deixadas por uma formação fragmentada, mas darão o suporte para que o professor

possa desempenhar o seu papel com segurança.

Page 45: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

44

4.7 A importância da formação continuada para a prática

Muito já foi discutido aqui sobre a importância de profissionais bem

preparados para assumirem as classes de Educação Infantil. Durante o processo de

investigação procuramos descobrir se os professores se sentiam preparados para

trabalharem com essas turmas e ficamos surpresos com as respostas:

P.3. Sim, pois tenho afinidade e um pouco de experiência. Porém, pretendo fazer uma especialização para aprofundar meus conhecimentos.

P.4. Sim, porque compreendo que a educação infantil é a base e projeta caminhos necessário para a construção e o desenvolvimento da nossa sociedade.

P.9. Não. Porque preciso desenvolver meu lado recreativo, pois não gosto muito de brincar com as crianças, faço pois sei que a brincadeira é um dos recursos pedagógicos importantíssimos para a aprendizagem significativa da criança.

P.10. Não. Acredito que tentamos fazer o melhor, mas não temos a

formação adequada.

Como podemos observar houve uma divisão entre os que se acham

preparados e os que acham que precisam melhorar. Mesmo os que declaram ter

preparação, assumem que precisam aprofundar seus conhecimentos, desta forma

demonstram insegurança ao responderem sobre sua preparação. Dentre todos que

responderam chamo a atenção para a resposta da P.10, que talvez seja a que mais

sintetizou os discursos, ao dizer que não é o suficiente, mas está à procura de uma

melhor qualificação, a fim de garantir uma prática mais eficaz.

Com uma nova concepção sobre a Educação Infantil, a sociedade demonstra

um outro olhar para esta fase, em que uma educação de qualidade reflete nas séries

seguintes. Hoje a escola de Educação Infantil ideal é aquela que considera os

aspectos de desenvolvimento infantil, promovendo uma interação maior entre

professores e crianças onde o trabalho de um depende do desenvolvimento do

outro. O professor na sala de aula, não impõe seus conhecimentos, descobre junto

Page 46: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

45

com os alunos as melhores maneiras de construírem este aprendizado. Para Souza

e Kramer (1991):

Na concepção difundida pelos educadores modernos, a pré-escola se constitui no lugar onde a criança tem oportunidade de desenvolver certas operações mentais, expandir a sensibilidade e a criatividade, desenvolver habilidades psicomotoras específicas, ampliar o vocabulário, ampliar o relacionamento social e conviver com valores morais diferentes dos da família. (p.16).

Desta forma entendemos que preparar o professor não é somente oferecer

capacitações ―curtas‖ (grifo nosso) que não garantem que estes profissionais

estejam prontos, mas acompanhar os profissionais nesse processo até que se

sintam seguros e independentes para desempenhar as funções propostas.

4.8 O papel da Educação Infantil no desenvolvimento das crianças

A grande procura por escolas de Educação Infantil revela que houve uma

conscientização sobre esse nível de ensino, pois quanto mais cedo a criança tem

acesso a essa educação seu desenvolvimento é mais expressivo.

Diante das análises feitas, todos os professores demonstraram ter

conhecimento sobre a importância da Educação Infantil, pois os discursos revelam

que:

P.1. A educação infantil é uma fase fundamental na construção da personalidade da criança. Está ligada ao desenvolvimento físico, emocional, conhecimento para que no futuro sejam adultos criativos e capazes.

P.6. A educação infantil é muito importante para desenvolver as crianças, pois facilita no convívio ajudando a interagir na sociedade, adquirindo valores, conceitos, auto-estima e com certeza tornará esta criança um adulto responsável confiante e seguro.

P.9. É importante porque tem como finalidade o desenvolvimento integral da

criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

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46

Os professores afirmam o quanto a Educação Infantil favorece o

desenvolvimento das crianças, em todos os aspectos de desenvolvimento e

aprendizagem, garantindo uma maior interação na vida em sociedade. No nosso

país ela já passou por diversos momentos, até chegar ao que vivenciamos hoje,

onde todos (família, professores, governo), compreenderam que ela é parte

essencial no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. O Referencial

Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) destaca que:

A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. (p.11).

Se todos concordam que a Educação Infantil é parte essencial no processo

de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, e que precisamos de

profissionais cada vez mais preparados para atuarem com estas turmas, quem sabe

daqui a alguns anos dessa constatação pode surgir uma possível melhoria da

educação confirmando o papel desempenhado por esta etapa da escolarização.

4.9 Habilidades necessárias para o trabalho na Educação Infantil

Os professores de um modo geral precisam ter uma formação adequada que

os possibilite conhecer os processos que gerenciam o processo de ensino e

aprendizagem. Também precisam desenvolver habilidades para o trabalho com

qualquer nível de ensino, mas na Educação Infantil essas habilidades devem aflorar,

pois é muito difícil conseguir desenvolver um trabalho de qualidade sem habilidades,

técnicas e conhecimento. Como afirma Perrenoud (2000):

Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma competência profissional essencial, que supõe não apenas um bom conhecimento dos

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47

mecanismos gerais de desenvolvimento e de aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas. (p.48).

A Educação Infantil é uma fase em que o professor precisa apropriar-se de

diversos recursos, estratégias e habilidades a fim de propiciar às crianças

oportunidades de conhecer, descobrir e interagir em diversos espaços sociais

criando estratégias para adequar-se. Desta forma os professores precisam possuir

algumas habilidades para desenvolver este trabalho. Na pesquisa realizada os

sujeitos fizeram algumas declarações a respeito destas habilidades:

P.10. A sensibilidade para acolher as diferenças, dinâmico, ter

conhecimento das fases e características próprias da infância.

P.4. Um aspecto importante é ter conhecimento teórico para poder desenvolver sua prática, ter compreensão da importância de brincar no desenvolvimento e aprendizagem, para um ensino organizado de qualidade.

P.2. A habilidade de saber conhecer, conviver, o desejo de criar, aprender

em refletir sobre si..

Diante destes discursos percebemos que os professores demonstram possuir

algumas habilidades importantes, para coordenar as atividades necessárias para o

desenvolvimento infantil, considerando a importância de uma boa formação para

atender as exigências desta fase.

Os professores da Educação Infantil precisam ser muito mais do que

simplesmente transmissores de conteúdos, eles precisam construir o conhecimento

com as crianças, demonstrando, experimentando, atuando, contracenando, pois só

assim as crianças assimilarão mais facilmente os conteúdos a serem explorados.

Como está descrito no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(1998):

(...) o professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que

Page 49: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

48

articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (p.30).

E como declararam nossos sujeitos isso só é possível quando existe

conhecimento das fases de desenvolvimento das crianças, e a partir daí encontrar

os recursos apropriados para desenvolver sua prática com mais habilidades,

técnicas e segurança.

4.10 Características do professor de Educação Infantil

A concepção social que se tinha do professor de Educação Infantil era que

precisava ser mulher, carinhosa, extrovertida, gostasse de crianças, pois a mulher

por ser mãe desenvolvia esta tarefa com mais segurança como destaca Linhares

(2001, p.43): ―O modelo docente que se defendia aparece como cópia das tarefas

das mães, equivocadas a estas, portanto, com responsabilidades similares nas salas

de aulas de educação infantil.‖ Portanto desde que possuísse essas características

era o suficiente para ser uma professora dessas turmas. Hoje com uma sociedade

cada vez mais competitiva e exigente o professor desta fase não pode atender só a

esses requisitos, entre essas características surgiram outras tão importantes quanto

às descritas acima como ser polivalente, dinâmico, ter a capacidade de adaptar-se

as mudanças, ser competente e compromissado, etc.

Os professores abaixo descrevem como deve ser o professor de Educação

Infantil, e nas suas falas podemos notar que eles também consideram importantes

características que vão além das concepções do passado:

P.2. Humano, amoroso, amigo, alegre, responsabilidade, investigador,

pesquisador, comunicador.

Page 50: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

49

P.9. Motivador, paciente, criativo, inovador, reflexivo, e mediador das

aprendizagens, carinhoso e dinâmico.

P.4. Trata-se de um profissional pesquisador, responsável compromissado e

acima de tudo tenha sensibilidade e afetividade no ambiente escolar.

Todos os discursos dos professores revelam que eles destacam

características muito importante para o novo professor destas turmas principalmente

no que se refere a um processo constante de reflexão da prática, isso pode

representar um aspecto positivo, pois eles reconhecem que para serem professores

de crianças de 04 à 05 anos não basta possuir características simplistas, mas um

perfil diferenciado para atender as características específicas da clientela. No

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) aborda sobre o perfil

desses profissionais:

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, (...). (p.41).

Portanto, o novo perfil do professor busca muito mais conhecimento,

compreensão e uma formação adequada que permita construir sua prática

pedagógica juntamente com as crianças, valorizando as inquietações trazidas por

elas.

Page 51: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

50

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante todo o trabalho procuramos analisar, discutir e compreender a

importância de uma formação adequada para os professores da educação infantil, e

as consequências de um profissional bem – formado para atuar nestas classes.

Ao escolhermos a temática acreditávamos que os professores da educação

infantil não tinham conhecimentos específicos sobre este nível de ensino.

Analisando a história da educação brasileira, e todas as mudanças sofridas - entre

elas a formação do professor que passou por vários momentos desde os jesuítas

aos professores leigos e hoje ao grande número de professores com formações

cada vez melhor - isso nos permitiu compreender que concepção de criança e de

educação que existia e o que existe no momento, podendo entender assim, que a

educação infantil passou por um longo caminho até chegar ao que encontramos

hoje.

Apesar de sabermos que ainda existem muitos profissionais sem preparação

para estar nestas classes, fomos surpreendidos com a formação dos sujeitos da

pesquisa, pois todos tem um conhecimento relevante sobre a educação infantil, e

seus processos. O que nos deixou intrigados foi o fato de que se esses profissionais

tem uma visão significativa sobre esta fase, como explicar o descaso que muitas

vezes observamos destes com as turmas? Se uma boa parte deles busca uma

melhor formação, o que acontece com estes profissionais que não desempenham

suas atividades de maneira adequada?

O que temos observado é que hoje existe uma grande procura pelos cursos

de formação, pois a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (93/94) trouxe

uma nova proposta relacionada a formação dos professores, destacando que até o

fim da Década da Educação (dezembro 2007) eles tinham que possuir uma

Page 52: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

51

formação específica em curso superior. Outro fator foi a municipalização que

ofereceu mais oportunidades para os professores, pois agora o município também é

responsável pela educação, não ficando a cargo somente do Estado. Assim com

uma formação mais qualificada o professor tem mais possibilidades de desenvolver

melhor o seu trabalho, buscando cada vez mais pelos cursos superiores e as

especializações, no entanto, ainda não se concretiza um melhor desempenho do

professor, principalmente com as classes de Educação Infantil.

Vivenciamos uma fase em que a maioria dos professores têm acesso aos

cursos universitários, as capacitações, entre outros, pois os Municípios e Estado

oferecem diversos cursos, facilitando o acesso do professor nestes. Os professores

possuem cada vez mais ―títulos‖ (grifo nosso) de cursos que participaram, no

entanto, ainda não observamos em sua prática as mudanças necessárias para a

melhoria da educação. Eles apresentam requisitos importantes e necessários para

trabalharem nestas classes, só precisam compreender que ter uma formação é

essencial para ter uma prática melhor e não para acumular títulos, que muitas vezes

não acrescentam significados à prática que realizam.

Esta constatação aponta para uma dicotomia entre o que os professores

revelaram e o que observamos, pois nos discursos percebemos que eles têm uma

visão razoável da educação infantil, da importância de professores melhores

preparados, da necessidade de técnicas, habilidades e conhecimento sobre as

crianças, porém na sua prática pedagógica notamos atitudes contraditórias, como a

atitude dos professores que não quiseram participar da pesquisa, mesmo sabendo o

quanto a sua participação seria importante para ampliarmos a visão dos profissionais

da Educação Infantil. A resistência pode ter sido uma fuga para não demonstrarem

as possíveis fragilidades da sua formação.

Apesar dos avanços em relação ao perfil do profissional da educação infantil

percebemos que eles ainda carregam e valorizam estereótipos simplistas do tipo:

carinhoso, dedicado, amável, etc, e que muitos se veem como ―tias‖ que estão lá

Page 53: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

52

muito mais para desenvolver a tarefa de ―cuidar‖ deixando a educação a deriva.

Estes profissionais devem destacar-se por aspectos relacionados a competência,

técnicas e conhecimentos, pois no atual contexto educacional e social os

profissionais precisam adaptar-se as novas necessidades de um mundo globalizado

e da nova concepção de criança.

Em todos os momentos desta pesquisa percebemos que essa formação é

uma realidade, no entanto em determinados momentos a prática do professor não

condiz com a sua formação. Assim nos perguntamos só a formação garante uma

melhor prática? Ou a prática é fruto das convicções, dos ideais, do que valorizamos

e no que acreditamos? Sem estes aspectos nada mudará mesmo com uma boa

formação.

As discussões que aconteceram serviram para aprofundar nossos

conhecimentos sobre o tema, surgindo também outras aflições, no entanto todas as

reflexões não se constituem como verdades incondicionais, mas serviram para

conhecermos discutirmos sobre os fatos deixando contribuições que poderão auxiliar

em outras pesquisas.

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53

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Page 57: Monografia Gilvanete Pedagogia 2012

56

APÊNDICE

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57

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

CURSO: PEDAGOGIA 2008.1

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS

RESPONDA ÁS QUESTÕES ABAIXO:

1. a) Sexo

( ) M ( ) F

b) Idade

( ) 18 à 25 ( ) 25 à 35 ( ) Mais de 35

c) A quanto tempo trabalha na Educação Infantil?

( ) Menos de 2 anos ( ) De 2 á 5 anos ( ) De 5 á 10 anos ( ) Mais de 10

anos

d) Qual o seu nível de formação?

( ) magistério

( ) superior em Pedagogia

( ) superior incompleto

Este questionário é parte complementar do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

que tem como temática: A formação de Professores da Educação Infantil.

Desde já agradecemos sua participação. Não é necessário assinar, todas as

informações aqui prestadas terão como finalidade única, fornecer dados para nosso trabalho

científico.

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58

( ) especialização

( ) outro__________________________________________________

2. Durante o seu processo de formação teve alguma experiência na Educação

Infantil? O que achou?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Você já fez algum curso de capacitação ou formação para trabalhar na

educação infantil? O que achou?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Você se considera preparado para trabalhar na Educação Infantil?

Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Para você qual a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento

das crianças?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6. Na sua opinião que habilidades deve possuir um professor de Educação

Infantil?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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59

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7. Em sua opinião que características deve possuí o professor considerado

ideal para a Educação Infantil?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________