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10 INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso tem como temática “A Importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos”. Durante a realização deste estudo buscamos identificar como está a participação dos pais na escola dos filhos, se estão visitando a escola regularmente tornando-se parceiros do professor e não somente para tecer críticas a educação dos filhos. Essa educação também serve de instrumento que vai ajudar os pais no desenvolvimento de seu filho. Nos moldes escolares, a simples presença dos pais na escola assegura aos filhos a importância que a educação tem para a vida, tanto quanto a formação oferecida pelos professores. Portanto, nosso objetivo é analisar a Importância da Participação dos Pais na Vida Escolar dos Filhos. Viemos com essa linha de pesquisa desde o quarto semestre, por achar importante essa temática que no contexto atual é muito interessante. Neste trabalho levaremos à público todo nosso resultado para provocar uma reflexão acerca do assunto, na perspectiva de contribuir com a melhoria das relações entre a escola e a família. No capítulo l, focalizamos o contexto histórico da participação da família na educação dos filhos no decorrer da história. No capítulo ll, desenvolvemos as palavras chave demonstrando a importância da participação da família em toda vida escolar do aluno, bem como a relação escola-família. No capítulo lll, apresentamos a metodologia, nosso lócus, sujeitos de pesquisa e os instrumentos usados para a realização deste trabalho. No Capítulo lV, organizamos a interpretação dos dados, analisando as falas dos sujeitos adquiridas na pesquisa com a finalidade de buscar respostas para

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Pedagogia 2012

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como temática “A

Importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos”. Durante a

realização deste estudo buscamos identificar como está a participação dos pais na

escola dos filhos, se estão visitando a escola regularmente tornando-se parceiros do

professor e não somente para tecer críticas a educação dos filhos. Essa educação

também serve de instrumento que vai ajudar os pais no desenvolvimento de seu

filho. Nos moldes escolares, a simples presença dos pais na escola assegura aos

filhos a importância que a educação tem para a vida, tanto quanto a formação

oferecida pelos professores.

Portanto, nosso objetivo é analisar a Importância da Participação dos Pais

na Vida Escolar dos Filhos. Viemos com essa linha de pesquisa desde o quarto

semestre, por achar importante essa temática que no contexto atual é muito

interessante.

Neste trabalho levaremos à público todo nosso resultado para provocar uma

reflexão acerca do assunto, na perspectiva de contribuir com a melhoria das

relações entre a escola e a família.

No capítulo l, focalizamos o contexto histórico da participação da família na

educação dos filhos no decorrer da história.

No capítulo ll, desenvolvemos as palavras chave demonstrando a

importância da participação da família em toda vida escolar do aluno, bem como a

relação escola-família.

No capítulo lll, apresentamos a metodologia, nosso lócus, sujeitos de

pesquisa e os instrumentos usados para a realização deste trabalho.

No Capítulo lV, organizamos a interpretação dos dados, analisando as falas

dos sujeitos adquiridas na pesquisa com a finalidade de buscar respostas para

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nossa inquietação.

Nas considerações finais demonstramos nossa inquietação sobre a relação

família- escola, a valorização da participação dos pais na vida escolar de seus filhos,

pois acreditamos que este trabalho venha a ser significativo nas discussões que

envolvem família e escola.

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CAPÍTULO I

1. PROBLEMATIZAÇÃO

Desde séculos passados confiamos a educação de nossos filhos aos

mestres-escolares, antiga denominação dos professores da época, que ensinavam a

ler e a escrever em troca de alimentos e outras coisas, ficavam nas praças que era o

cenário onde desenvolviam seu trabalho. A sociedade foi tornando – se mais

complexa e com isso houve a necessidade de uma instituição própria.

Assim foram criadas as primeiras escolas, que de inicio abrigavam alunos

oriundos de classe média pautada no modelo de ensino particular. Sendo privada a

escola não era acessível para a camada popular que por sua vez era muito carente

deste instrumento libertador; nesse período somente os abastados tinham acesso ao

conhecimento. Esse modelo gerava monopólio e desta forma garantia os privilégios

da classe dominante. Suas imposições não encontravam resistência por parte

daqueles que permaneciam excluídos do processo.

Isso não significa que a classe popular era desprovida da educação, pois a

mesma tinha como base a educação familiar que era transferida às gerações

vindouras. Como já sabemos é nas famílias que o individuo recebe sua primeira

educação, porém alguns pais, por diferentes situações transferem para a escola esta

responsabilidade.

Na sociedade contemporânea a escola tem sido uma instituição com grande

carga de responsabilidade na educação de crianças e jovens. Porém os professores

reclamam reivindicando uma maior participação da família nesta educação. Para

Nérici (1972):

A escola existe para complementar a ação educativa do lar, na sua tarefa e preparar novas gerações para p exercício pleno da cidadania. Atende também a sociedade, colaborando na formação do tipo de cidadão que mais convém à sua sobrevivência e desenvolvimento (p.194).

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Muitas famílias deixam seus filhos à própria sorte e carentes da atenção

familiar, mas a educação familiar é referência e apoio para os educadores que

viabilizam, através da escola a formação das crianças. O modelo da educação atual

necessita do acompanhamento das famílias em todo o processo, visto que a escola

isolada não conseguirá muita coisa, pois está sobrecarregada. A divisão de

responsabilidades além de ser justa facilita o aluno em seu aprendizado e em sua

formação integral.

Reafirmamos que quanto maior a participação da família na escola maior será

o rendimento educativo do aluno e diminuem-se os conflitos gerados pela assunção

de responsabilidades. A cobrança dos profissionais de educação é legítima, pois no

cenário atual eles estão acumulando funções que por sua vez trazem atrasos

significativos para a educação e reflete nos alunos principalmente aqueles oriundos

de famílias desestruturadas, que convivem com a violência familiar e que trazem

esta problemática para a escola. Ao educador cabe, então um papel educativo mais

amplo para o qual não está preparado ou que não dispõe de tempo para uma ação

mais eficaz junto ao aluno.

Com isso, não queremos afirmar que o fracasso do aluno é culpa da família

mas, em casos de alunos agressivos com os colegas e com os professores,

desinteressados dentre outros comportamentos, algumas vêm refletir os conflitos

familiares e muitos até tentam encontrar ajuda no professor que por sua vez sente-

se impotente com determinados situações que fogem de seu domínio.

Alguns diretores escolares são unânimes em afirmar que as reuniões

organizadas nas escolas onde os pais são convidados a participar, para juntos

discutirem melhorias, expor dificuldades, sua provável causa e apontar possíveis

soluções. Há uma ausência elevada dos pais, isto é, poucos comparecem, e outra

parte ignora esse contato e alguns usam a escola simplesmente por obrigação para

não perder o beneficio dos programas sociais mantidos pelo governo.

Mas muitas famílias são preocupadas com a educação dos filhos nos dois

aspectos, acompanham, participam atentamente e as que têm algum recurso

investem pesado na formação e na qualidade educacional de seus filhos no ensino

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privado que é conseqüência do deficiente sistema público, que pouco se investe e

não valoriza o profissional da educação.

Esta falta de qualidade da educação pública decorre da situação social-

econômica e política de uma sociedade que coloca em questão uma prática

educativa meramente adaptadora ao modelo de sociedade vigente, com contornos

desiguais e meramente reprodutora. Com a pouca contribuição do ambiente familiar

para a formação dos alunos, esse quadro de baixa qualidade ainda se torna mais

grave, pois é dentro do lar que valores e os bons costumes, ou seja, a formação de

caráter do cidadão acontece e é responsabilidade da família. Sobre isso Aranha

(1996) diz que:

Em Roma antiga não havia instituições publicas de ensino, as crianças e jovens eram educados no dia-dia a partir do convívio social sob a proteção do pai. Era a figura paterna que possuía a dever de educar a criança ou o jovem através da experiência, naquilo que a mesma teria de fazer ao crescer (p 72).

A educação familiar é a primeira que conhecemos e através dela vimos um

horizonte de oportunidade e sonhos e nossos pais são os primeiros professores que

temos. O ensino familiar bem fundamentado tem papel importante e irá refletir no

comportamento do ser humano e é o maior tesouro que os pais podem deixar para

seus filhos.

Os laços escola-família podem ser mais fortes. A família deve tornar-se

presente na escola, pois é nela que o aluno permanece boa parte de seu tempo. A

escola é o segundo lar e os que nela trabalham , são nossa segunda família, pois

todos estão imbuídos na tarefa de acolher e educar. O estreitamento dessa relação

possibilita dentre outros coisas o fortalecimento que facilita o desenvolvimento

escolar e moral da criança.

Uma iniciativa que deve ser destacada é a implantação e implementação dos

conselhos escolares que funcionam como força auxiliar no sentido de discutir e

opinar sobre a melhoria da educação dos filhos, aproximando escola e família. É

importante, pois além de contribuir nas decisões da escola, também serve como

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forma de atrair a família do aluno para a vivência no espaço escolar. Para Sampaio

(2004):

A família e a escola são essencialmente os pólos referenciais para a formação dos seres humanos. Esta parceria exige a mobilização da escola para que possa garantir a participação dos pais na sua dinâmica relacional e filosófica, política e pedagógica (p12).

O processo pedagógico ganharia maior solidez, se acompanhado pela

instituição familiar; os resultados seriam alcançados de maneira rápida e mais a

contento. A presença familiar na escola contribuirá para uma melhor formação das

crianças. Não seria somente no final do ano letivo, quando pais invadem as escolas

para questionar apenas, sobre os resultados negativos de seus filhos.

Diante da problemática apresentada nossa inquietação é conhecer: a

importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos.

Atualmente nos meios sociais, a família espera da escola uma educação

impecável, entrega seus filhos a ela, não os acompanha e gradativamente vão

culpando a instituição escolar pelo mau comportamento e o declínio dos valores

morais. Faz–se necessário que as duas instituições, família e escola, mostrem para

o aluno a função de cada uma delas. Isso facilita na hora de a criança buscar

suporte para suas carências.

Assim nosso objetivo de pesquisa é: analisar a importância da participação

dos pais na vida escolar dos filhos.

Portanto, esse trabalho traz reflexões importantes na perspectiva de, junto

aos professores conhecer a relação escola-família. Destacamos que essa

participação deve ser efetiva e já podemos identificar alguns resultados positivos,

nas escolas que abriram as portas para as famílias porque sentiram essa

necessidade. Vemos que o ambiente influencia bastante na educação da criança e

sabemos que as famílias enfrentam seus problemas em cada fase do

desenvolvimento da criança. Durante o processo educacional, o educando enfrenta

dificuldades em cada fase da sua vida, nela ainda faltam discernimento em

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diferenciar o certo e o errado, então a família fazendo-se presente em todos os

momentos na vida da criança mais difícil será esse educando seguir o lado oposto.

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CAPÍTULO II

2. QUADRO TEÓRICO: EXPLORANDO CONCEITOS

A partir da nossa problemática cuja pesquisa traz como objetivo: analisar a

importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos, procuramos alguns

aportes teóricos para poder ajudar a responder nossas indagações e discussões.

Diante disso, trataremos nesse capitulo os seguintes conceitos chaves: Família,

Participação e Relação Escola-Família.

2.1 FAMÍLIA

É no seio familiar que o sujeito se prepara de acordo com os padrões culturais

e sócio-históricos para atuar na sociedade. Nesse sentido, é interessante realizar um

estudo sobre as influencias da família no processo de aprendizagem e sobre como

se dá ou não o processo de articulação metodológica. A família constitui-se como

referencial fundamental para a formação do educando e é nessa articulação que a

educação acontece de forma insubstituível. A família é o local primeiro da formação

dos indivíduos e através dela são construídos os primeiros referênciais que se

constituirão na base do desenvolvimento integral dos indivíduos. Para Nobre (1987),

a família é:

(...) um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modus perculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade (p.118-119).

A família, especialmente os pais, ocupam um importante papel na mudança

de comportamento de seus filhos. Ela intervém no desenvolvimento humano do

indivíduo, na relação com o meio natural e social. Desse modo, a postura dos pais,

sua contribuição, suas ações são um reflexo para seu filho no decorrer de todo o

processo de desenvolvimento. A família, como toda instituição social, apesar dos

conflitos é a única que engloba o indivíduo em toda a sua história de vida pessoal; é

nela que a criança adquire suas primeiras experiências educativas, sociais e

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históricas, que a criança aprende a se adaptar às diferentes circunstâncias, a

flexibilizar e a negociar. A partir da base formadora adquirida na família as crianças

complementam sua formação na escola e isso aponta para a importância de uma

relação entre essas instituições no processo de desenvolvimento das crianças e

adolescentes em fase de escolarização. Quanto a isso Tiba (1996) nos afirma que:

“cada aluno traz dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus próprios

valores (em relação a comportamento, disciplina, limites, autoridades, etc.) cada um

têm suas características psicológicas e pessoais” (p.121).

No ambiente familiar, o modo de ser do sujeito pode ser aprendido por meio

de imitações, de significados atribuídos às determinadas situações que se dão na

convivência via discurso das pessoas da família ou via comportamentos. É na

família, que a criança aprende a se relacionar com o outro, que aprende mitos,

crenças e valores que traçam seu perfil como pessoa. A família tem maior

responsabilidade na educação dos indivíduos, por estar em constante contato em

sua casa e em cada fase da formação e desenvolvimento.

Sabe-se que na atualidade, a família assume uma função social voltada para

atender as exigências do mercado de trabalho, pois a política vigente, globalizada,

direciona a ação familiar. Porém mesmo com essa emergência os pais ainda

ocupam grande parcela de poder de decisão na educação de seus filhos. É na

família que a criança mantém os contatos mais íntimos, já que é o primeiro grupo

social a que ela pertence, devendo a família juntamente com a escola, desenvolver o

processo educacional. A família é o primeiro espelho da criança, onde ela aprende a

se ver, a descobrir seu lugar no mundo, aprende que o homem e a mulher exercem

papéis diferentes na educação doméstica.

Sendo assim, dependendo das expectativas sociais, a família recebe apoio de

outras instituições sociais e assume inúmeras funções como: a função de

identificação, de socialização, de transmissora de hábitos e atitudes, de

conhecimento e atitudes necessárias para a participação na sociedade. A família

assume função diferente da escola, tem que dar acolhimento a seus filhos num

ambiente estável e de respeito mútuo. Ela ocupa papel importante na vida escolar

dos filhos, e este não pode ser desconsiderado, pois consciente e intencionalmente

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ou não, influenciam no comportamento escolar dos filhos seja por questões

econômicas, pessoais, de relacionamento, de amadurecimento dos pais ou

separação. Mesmo estando passando por freqüentes reformulações em sua

estrutura básica a família não perdeu seu nível de importância social e apenas tem

tentado adequar-se aos desafios que a sociedade lhe impõe. Para Battaglia (2002):

(...) Cada família necessita lidar com seus padrões e conceitos preestabelecidos para deles fazer emergir uma maneira original de constituir um grupo familiar com funções, direitos e deveres que atendam aos que dele participam. (p.07).

Por outro lado, a educação em si, não se reduz somente às influências do

ambiente familiar, o aluno está em constante interação social, seja no bairro, ou na

vizinhança, entre outros, deve haver uma articulação da realidade cultural e sócio-

econômica do sujeito com a realidade sociocultural mais ampla. Pois se a

aprendizagem no sentido amplo ocorre durante toda a vida da criança, independente

do ambiente em que se encontra, o aprender abrange aspecto de nossa vida afetiva

e valores culturais. Nesse sentido, deve a família participar efetivamente desse

processo de aprendizagem, com o intuito de consolidar a formação integral do

indivíduo, mas as mudanças na estrutura familiar tem sido um ponto de grandes

questionamentos na sociedade atual. Para Falcão (2007).

(...) a Família foi perdendo seus principais atributos, de tal forma e com tanta rapidez que se chegou a proclamar o seu fim. Atualmente, observa-se que não existe um modelo tradicional de família, mas apenas uma estruturação familiar e que dentre essa nova realidade, pode-se incluir pais que trabalham por uma necessidade de sustentar família e os que deixaram de estudar antes mesmo de serem alfabetizados... (p.07)

Esta nova realidade familiar vem ocasionando grandes problemas na

educação das crianças, principalmente na escola: alguns pais apresentam uma

postura contrária à educação, não estimulando a escolarização dos seus filhos.

Outros, imbuídos da expectativa de satisfazerem seus desejos de estudar não

alcançados e de superar a condição social em que vivem, transmitem conselhos,

valores e costumes familiares em relação aos estudos, que nem sempre são

aprendidos pelos filhos que em alguns casos, acabam apresentando comportamento

de resistência. Por outro lado, existem conflitos entre família devido às diferenças de

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classes sociais, valores, crenças, hábitos de se interar e de se comunicar. Isto é, a

família, muitas vezes tem modelos de comportamento e de pensar diferente uma da

outra isso é claramente observado na convivência diária entre colegas, mas o

necessário é que os pais se preocupem em acolher seu filho e educar de acordo a

sua própria identidade, mas de olho no desenvolvimento moral e intelectual

independente da classe social, sem desvalorizar a sua. A família, como instituição,

tem o papel de reprodução social, no contexto geral em que se insere, transmitindo

herança cultural de geração a geração. Seu papel como veículo de transmissão de

diferentes formas educativas ainda tem sua importância assegurada, pois é ela que

solidifica a base da educação primeira das crianças para prepará-las para a vida

futura. Para Durkheim (1996).

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial que a criança particularmente se destine (p. 111).

Na relação com os pais, essa transmissão se dá de forma mais efetiva,

através do diálogo e não da imposição. A educação familiar é decisiva na formação

dos indivíduos, na construção de sua identidade que se mantém em processo de

construção ao longo dos anos e que dependendo da base em que foi apoiada trará

resultados positivos para a vida individual e social. Isto porque a educação existe de

várias formas, e é praticada em diferentes situações que se não forem bem definidas

objetivamente torna-se sem valor. Ela se dá também através das experiências de

vida em diferentes situações de trocas entre as pessoas, envolve trocas de

símbolos, bens, poderes e crenças. Sendo assim, reafirmamos que o papel da

família é decisivo no sucesso educacional das crianças, pois ela, mesmo sob

influencias externas, consegue construir conceitos que servirão para o sucesso ou

insucesso por toda a vida.

2.2 PARTICIPAÇÃO

De acordo com o dicionário, participação é o ato ou efeito de participar, estar

presente e desenvolver ações relativas. Na educação significa um processo que visa

o acompanhamento do educando em todas as fases das práticas educativas. Como

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é sabido o desenvolvimento pedagógico é complexo por si, a participação maciça e

ativa na educação dos filhos previne e corrige muitas falhas deixadas durante o

processo, pois a educação não se dá de forma isolada, mas no diálogo, na co-

responsabilidade e participação entre os agentes envolvidos neste trabalho

educativo. A esse respeito, Sampaio (2004) afirma que:

A formação de um indivíduo exige sintonia e parceria entre os núcleos familiar e escolar. Para que a linguagem da escola seja ouvida na família é necessário que os pais participem e tenham consciência da educação que os filhos estão recebendo e possam dar parcela de contribuição (p.139).

Discute-se muito a qualidade do ensino na educação, um novo modelo que

venha revolucionar o ensino tradicional e supere as expectativas. Muitos acreditam

que essa fórmula mágica é encontrada no ensino privado e quem pode migra para

ele; cremos que não é bem dessa forma e nada disso teria valor e nem surtiria o

efeito esperado se não houver a participação daqueles que têm interesse no

sucesso educativo: família, professores e educando. Não basta só lançar o aluno em

sala de aula, dar suporte e deixá-lo solto à mercê de dúvidas e confusões que

podem desmotivá-lo e distanciá-lo do processo educativo.

A participação é uma forma de mostrarmos que estamos levando com

seriedade e importância o modo pelo qual os alunos são educados e nossas

expectativas pelo resultado desse trabalho que feito com responsabilidade

transforma-se em entretenimento para os componentes. A participação também

favorece um contato mais próximo entre ambos, professores, famílias e educandos.

Para Moreira (1994)

Tendo mais e mais famílias participando do seu cotidiano, podem as escolas objetivamente as condições de vida familiar, sem adotar uma nova postura, não culpá-los pelo fracasso do rendimento escolar de seus filhos, permitindo a construção de um ambiente de total cooperação (p.28).

A falta de participação na esfera familiar pode ser causada dentre outros

fatores, por compromissos e responsabilidades dos pais, por se ausentarem do lar

para trabalharem e garantirem o sustento da família. Por conta disso são obrigados

a eximir-se da responsabilidade de participar da educação dos filhos. Entendemos

essa situação e lamentamos muito, mas a condição não deve ser usada como

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percalço para fugir de suas atribuições. A participação transmite valores e conceitos

que os filhos se apegarão, porque os filhos tendem a se espelharem nas pessoas

próximas a eles, em geral, são os pais. Sobre o tema Paro (2000) argumenta que:

[...] hoje os alunos esperam tudo da escola; não só o conhecimento, mas a alimentação; eles esperam o amor, eles esperam o carinho, eles esperam a atenção...acho que alguns vêem a escola como uma instituição onde os filhos podem encontrar o conhecimento, a formação para uma vida melhor, mas outros usam a escola simplesmente para ter liberdade maior em casa. Deixar o aluno com alguém, o filho com alguém [...] (p.57).

A participação da família é fundamental no processo educativo do indivíduo,

quando há satisfação das necessidades emocionais e sociais dos filhos.

Dependendo das condições do meio e das relações existentes entre a criança e os

colegas, substituir a responsabilidade dos pais para outra instituição pode ajudar o

desenvolvimento pessoal da criança do que na convivência com uma família mal

estruturada, mas sem dúvida, essa substituição priva a criança de experiências de

relacionamento afetivo familiar que são essenciais para construção da identidade.

Assim, a família que transfere suas responsabilidades para outros meios externos,

acaba perdendo a oportunidade de corrigir suas próprias falhas, além de deixar a

criança confusa, essa forma não contribui para a escolarização dos filhos.

O ideal é que se desenvolva um trabalho envolvendo cada família em

questão, uma relação recíproca, pois as influências dos dois meios são importantes

para a formação de sujeitos. Nesse sentido, a família deve realizar um trabalho no

interior do lar Para que o filho supere as diversas situações difíceis como a ausência

dos pais, as dificuldades financeiras e outros, levando o filho a dar continuidade aos

estudos, pois a formação adquirida no interior da família, a imagem de pais sérios,

honestos e trabalhadores favorecem no desempenho escolar dos filhos e nos seus

comportamentos escolares. Conforme Brandão (1982): “a educação existe sob

tantas formas e é praticada em situações tão diferentes, que algumas vezes parece

ser invisível. Fazendo-nos, compreender que a vida é essencialmente educativa”

(p.12).

A participação é a ferramenta que deve ser utilizada pelas famílias para uma

contribuição efetiva no processo de formação integral das crianças visto que, como

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extensão da família, a escola é o ambiente natural para esta formação.

2.3 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Ao longo dos anos vimos sentindo a necessidade de a escola estar em

perfeita sintonia com a família de seus alunos. Ela é uma instituição que auxilia a

educação familiar e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência de filhos

e alunos. O espaço escolar não deve viver sem a família e nem a família viver sem a

escola, pois uma depende da outra na tentativa de alcançar melhores resultados na

formação das crianças e jovens. Um resultado que faz a diferença na educação é a

aproximação dos pais na escola dos filhos, essa será um recurso que irá ser

utilizado no desenvolvimento de técnicas que darão um maior rendimento escolar.

A convivência e o relacionamento familiar são fatores fundamentais para o

desenvolvimento e a inserção da criança no ambiente escolar e no mundo, o

alinhamento do professor com as famílias é decisivo para o rendimento social do

aluno. Na questão Nérici (1997) pontua que:

(...) A influência da família, no entanto é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substitui – lá. (...) O processo educativo deve conduzir a responsabilidade, liberdade, critica e participação. Educar não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. (p.12).

A construção dessa relação deve partir dos professores visando com essa

aproximação que a família esteja mais preparada para ajudar seus filhos na medida

em que, ao conhecer a ação educativa escolar, o acompanhamento do desempenho

dos filhos será mais eficaz. Promover a família nas ações dos projetos pedagógicos

significa multiplicar conhecimento a seu favor, a própria família deve articular de

maneira segura, metodologias com temas atuais que estão em pauta todo o

momento e vão servir de embasamento para que o desenvolvimento social se

concretize por meio de práticas pedagógicas efetivas. Por outro lado sabemos que a

ausência dos pais no ambiente escolar dos filhos causa um prejuízo talvez

irreparável no ensino que é para toda a vida do aluno.

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Em qualquer situação a família interagindo com os mestres de seus filhos

pode significar muito para o educando e esse entendimento pode e deve ser

recebido de forma positiva durante todo o processo educativo. Em toda forma de

educar seja ela intencional ou não, temos que tirar proveito absorvendo o que há de

melhor. Para haver esse processo os três componentes: professores, alunos e pais

têm que estar engajados na causa já que o aprendizado é individual: O professor é

mediador do conhecimento; o aluno maior responsável em assimilar esse

conhecimento e os pais são a base inicial desse processo educativo. Algumas

famílias sentem-se impotentes ao receberem notícias negativas sobre seus filhos,

não sabem lidar com tal situação e isso acontece porque a família não está

sintonizada com a escola. Nérici(1997) argumenta que:

Poucos são os pais que acompanham a educação de seus filhos, prestigiando e entrando em contato com ela na tarefa em que ambos são responsáveis. É lamentável esta falta de colaboração e alinhamento da família com relação ao trabalho da escola (p.12).

A família pode exercer grandes influências no trabalho do educador por que é

através dela que o professor conhecerá a realidade dos alunos e poderá educar

melhor seus filhos por isso, essa relação deve ser constante e igualitária para todos.

A relação da comunidade escolar com a família estreita os laços dessas duas

instituições além de enriquecer as oportunidades educativas e os recursos

pedagógicos aspirando uma melhor qualidade educacional, para isso devemos

aprender a respeitar os direitos individuais e coletivos. As famílias têm muito a

oferecer, pois todas são dotadas de peculiaridades e diferentes ações. Depois da

família é a escola que ainda continua sendo um espaço de desenvolvimento

educativo e nesse aspecto a escola deve repensar sua forma de educar deixando de

lado as reproduções em sala de aula, importando-se também em formar educadores

para que estes saibam lidar com os desafios diários. É preciso que este espaço dê

liberdade para a manifestação de pensamento de todos os envolvidos no sentido de

refletir sobre as ações educacionais para que se possa inovar a partir de novas

visões supervisionadas pelo educador. Queremos uma instituição onde o educando

atue como sujeito, um lugar concreto e eficiente na formação de cidadãos operantes

na conjuntura social. Assim confirma Gadotti (2000): “Independente de sua história e

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dos variados conceitos, a escola além de transmitir conhecimentos deve também

preocupar-se com a formação global dos alunos numa visão onde o conhecimento e

o intervir no real se encontrem” (p.120).

Para auxiliar a melhoria da educação a escola deve estabelecer alternativas

em equipe com as famílias dos educandos no sentido de promover e confrontar

situações adversas que enfrentam durante o processo educativo em sala de aula.

Essa relação com as famílias visa incluir o aluno em todo o processo

ininterruptamente. Se uma criança está envolvida diariamente em um ambiente

agressivo tenderá a se portar dessa maneira; da forma contrária age uma criança

que vive em um lar de muita tranqüilidade e carinho. Dessa forma, não existindo o

lado afetuoso e relacional com a família o processo educativo é limitado aos

conhecimentos adquiridos em sala de aula e se tornam incompletos para a vida. De

acordo com o Referencial Curricular Nacional para a educação infantil (1998).

Além da dimensão afetiva e relacional do cuidado, é preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar suas necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de forma adequada. Assim, cuidar da criança é sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. (p.25)

No entanto, isto só será possível se a presença da família na escola

promover as condições necessárias para a compreensão da realidade dos alunos

com o intuito de ajudá-los no processo de crescimento, pois é por meio dessa

relação que os seres humanos tendem a tornar-se mais compreensivos, conscientes

e amorosos. Desenvolvendo o afeto em si a formação é mais completa, sem esse

sentimento a humanidade não teria se desenvolvido ao longo dos tempos. Para as

crianças e os adolescentes as referências são os membros familiares e fora deles a

escola. Postura, gestos, e palavras toda essa conjuntura proporcionará o

desenvolvimento do caráter da criança.

A direção escolar também exerce um papel importante na relação escola-

família e deve ter dinamismo e motivação para a participação de todos. Ela

necessita estimular, valorizar a produção de cada indivíduo, precisa ser uma figura

presente, referência em personalidade, respeito às relações interpessoais, inclusive

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nas situações em que necessitam de ajustes para dar sequência ao processo

educativo. Exercer liderança na comunidade atrai a família e outros setores sociais

para dentro da escola despertando, nos envolvidos o sentimento de

responsabilidade. A relação da família com a escola fortalece e mostra que a escola

está cumprindo sua missão que é de auxiliar e não a de substituí-las na educação

dos filhos.

CAPÍTULO III

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27

3. METODOLOGIA

Partindo do pressuposto de que a ciência nasceu da razão e da verdade a

metodologia é um ramo de lógica que se ocupa dos métodos que são utilizados nos

distintos tipos de pesquisas. Assim Garcia (2003) afirma que:

[...] A metodologia de pesquisa é completamente interessada nos processos que buscam, simplesmente, mudar o mundo. Indagando os processos permanentemente produzidos nas relações sociais para ofuscar e ocultar as múltiplas dimensões da realidade e do ser humano, a pesquisa amplifica as possibilidades de interpretação e compreensão do cotidiano e vai encontrando meios para melhor compreender a complexidade humana. (p. 128)

A pesquisa é um estudo minucioso pautado na realidade que visa descobrir,

aperfeiçoar dados, ou somar informações atuais às já existentes com o objetivo de

tornar explicita alguma coisa nova ou recentemente descoberta. Entretanto para ser

realizada uma pesquisa é interessante que confrontemos os dados com as

informações coletadas com o conhecimento teórico desenvolvido para determinado

assunto.

Desta forma, a pesquisa teve como objetivo: analisar a importância da

participação dos pais na vida escolar dos filhos.

3.1 TIPOS DE PESQUISA

Adotamos a pesquisa qualitativa, sendo este um conjunto de procedimentos

para a coleta de dados, tendo como ponto de partida vivenciar idéias e práticas

pedagógicas, permitindo assim uma relação direta do pesquisador com a situação

estudada. Nessa intenção Ludke e André (1986) esclarecem que: “A abordagem

qualitativa envolve a atenção de dados discretos obtidos no contato direto do

pesquisador com a situação estudada, enfatizando mais o processo de que o

produto se preocupa em relatar a perspectiva” (p. 11).

Page 19: Monografia João Pedagogia 2012

28

A pesquisa qualitativa se apresenta como uma alternativa bastante

interessante enquanto modalidade de pesquisa numa investigação científica do

problema humano e social.

3.2 LÓCUS DE PESQUISA

Tivemos como lócus de pesquisa a Escola Nossa Senhora do Perpétuo

Socorro, situada na Quadra C, caminho F S/N, Cassas Populares, Senhor do

Bonfim-Ba. A escola possui 19 professores, funciona com aproximadamente 513

alunos, nos turnos matutino e vespertino, da Educação Infantil ao Fundamental I.

Este lócus possui um espaço físico relativamente grande e conta com o prestígio da

comunidade local.

3.3 SUJEITOS DE PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa foram dez (10) professores sendo 02 do sexo

masculino e 8 do sexo feminino. Alguns destes professores atuam somente em um

único turno, outros nos dois turnos.

3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

A nossa pesquisa procurou utilizar meios adequados aos objetos de estudo,

para buscar entendimentos em torno da problemática que tem como intuito conhecer

a importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos.

Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados no propósito de alcançar o

objetivo da pesquisa foram questionário fechado, a observação participante e

entrevista semi-estruturada.

3.4.1 QUESTIONÁRIO FECHADO

Diante da necessidade de coletar dados sobre o perfil dos sujeitos em seus

aspectos sociais, econômicos e educacionais elaboramos e aplicamos o

questionário fechado. Para Cervo (2007):

Page 20: Monografia João Pedagogia 2012

29

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra questionário refere-se a um meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. Assim, qualquer pessoa que preencheu um pedido de trabalho teve a experiência de responder a um questionário. Ele contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central (p.53

Convém lembrar que, o questionário contempla características como gênero,

idade, formação escolar e/ou acadêmicas, tempo de serviço docente e situação

socioeconômica. Na definição de Lakatos e Marconi (l996) “o questionário é um

instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas

que devem ser responsáveis, por escrito e sem a presença do entrevistador” (p.201).

3.4.2 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

Proporciona o momento do conhecimento da realidade e é nesse momento,

por meio da observação participativa que se organiza elementos para a

compreensão do que se quer identificar através da observação direta e da coleta de

informações e dados sobre o objeto da pesquisa, buscando a compreensão dos

“porquês” dos problemas e as possíveis soluções.

3.4.3 ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Entrevista é o método mais utilizado em pesquisas qualitativas. Segundo

Trivinos (1987) “a entrevista semi-estruturada tem privilégio na pesquisa qualitativa

porque ao mesmo tempo em que valoriza a presença do pesquisador oferece

liberdade aos entrevistados”.

Nesse propósito, as entrevistas foram efetuadas com os/as professores a fim

de ouvir a opinião destes a respeito da participação dos pais na vida escolar de seus

filhos.

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30

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE DE DADOS

Os dados obtidos através da observação participante, do questionário

fechado e da entrevista semi-estruturada serão objetos de análise neste capítulo.

4.1 O PERFIL DOS SUJEITOS

4.1.1GÊNERO

Analisamos que em relação ao gênero 20% são do sexo masculino e 80% do

sexo feminino. Esse fato nos mostra que as escolas ainda são compostas em sua

maioria pelo sexo feminino, um fato que historicamente ainda permanece nos

espaços escolares.

FIGURA 1: GÊNERO

Figura 1: Dados do questionário fechado

Fonte: questionário fechado

Ressaltamos que a presença de ambos os sexos dentro do espaço escolar

facilita um melhor contato com a família dos alunos, pois tem pais que preferem

dialogar com pessoas do mesmo sexo.

4.1.2 IDADE

Sexo Feminino

Sexo Masculino

20 %

80 %

Page 22: Monografia João Pedagogia 2012

31

Em relação à idade temos uma variação: 50% tem de 34 a 40 anos, 30% de

28 a 34 anos, 10% de 22 a 28 anos e 10% acima de 40 anos. Este quadro nos

mostra que os professores além de ter experiência de trabalho também trazem

consigo uma longa experiência de vida.

FIGURA 2: IDADE

Fonte: questionário fechado

Muitos deles já têm filhos e fica bem mais fácil compreender os dilemas dos

pais, entender a necessidades de tê-los por perto, e isso facilita o diálogo entre

ambos.

4.1.3 FORMAÇÃO

Fonte: questionário Fechado

22 a 28 anos

28 a 34 anos

34 a 40 anos

Acima de 40 anos

10 %

30 %

50 %

10%

Magistério

Graduação

Pós-graduação

30 %

60 %

10 %

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32

Os dados pesquisados que estão à mostra na figura 3 nos apresentam um

fato importante, 60%, ou seja, a maioria dos sujeitos pesquisados tem o nível

superior, 10% já são pós-graduados. O bom nível de escolaridade é um fator

importante para o exercício da profissão. Pois como argumenta Pereira (2000):

(....) parece ser o papel do professor bem mais complexo do que a simples tarefa de transmitir o conhecimento já produzido. O professor, durante sua formação inicial ou continuada, precisa compreender o próprio processo de construção e produção de conhecimento escolar, entender as diferenças e semelhanças do processo de produção do saber científico e do saber escolar, conhecer as características da cultura escolar, saber a história da ciência e a história do ensino da ciência com que trabalha e em que pontos elas se relacionam (p. 47).

O professor que tem uma boa formação possui também segurança de

atuação, pois traz consigo base teórica para realizar uma excelente aula,

principalmente quando ele tem uma formação específica.

4.1.4 TEMPO DE SERVIÇO

Percebemos que quanto ao tempo de serviço 40% dos sujeitos pesquisados

tem acima de 8 anos de atuação e os demais já se encontram acima de dois anos o

que indica um nível de experiência profissional facilitador do trabalho educativo.

FIGURA 4: TEMPO DE SERVIÇO

Fonte: questionário Fechado

2a 4 anos

4 a 6 anos

6 a 8 anos

Acima de 8 anos

10 % 10 %

30 %50 %

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33

4.2 PRESENÇA DOS PAIS NA ESCOLA

Os professores dessa unidade de ensino só percebem a presença dos pais

nas reuniões e no momento que vem trazer o filho ao portão da escola, sendo que

80% consideram que é nos momentos de reuniões que eles aparecem mais.

Ressaltamos ainda, que segundo os professores 70% dos pais quando vem a

escola procuram informar-se sobre o comportamento do filho, por exemplo, se está

brigando com os colegas ou se está obedecendo a professora e apenas 30% dos

pais está preocupado com a aprendizagem. Entretanto é importante que eles se

preocupem com os dois, pois um aspecto influencia o outro.

Os pais precisam estar sempre na escola tirando dúvidas sobre as

atividades, sobre as dificuldades de seus filhos em determinado assunto, visto que

alguns alunos levam atividades para casa e trazem de volta no outro dia sem

responder, demonstrando a falta de cuidado dos pais para com o dia a dia do filho

na escola. Para Rios e Libâneo (2009).

O para casa pode proporcionar um momento de diálogo entre esses dois mundos. Pode ajudar a escola e as famílias a exercerem suas tarefas na educação, considerando as intercessões e as diferenças dos objetivos de cada um. Assim, essa atividade pode proporcionar a participação dos pais na vida escolar de seus filhos, na dimensão do processo de ensino-aprendizagem (p.44).

Então as tarefas da escola para serem aplicadas em casa junto com os pais

são importantes porque servem para manter o elo entre família e escola.

4.3 IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA

Perguntamos aos professores sobre a importância da participação da família

na escola, isto é a aproximação beneficia o desenvolvimento do ensino-

aprendizagem dentro do espaço escolar Para os professores:

Família e escola precisam caminhar juntas, pois a educação secundária só pode ser desenvolvida direcionada a educação primária (P1).

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34

Sim. Família e escola precisam caminhar juntas tendo em vista a garantia da qualidade e do sucesso educacional (P3).

Sim. Facilita o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, além de, colaborar com a comunidade escolar no processo como todo, principalmente com questões que envolvem valores, disciplina e participação (P4).

Sim. Com a participação da família, a auto-estima do aluno é melhorada, o que ajuda na compreensão da importância de estudar e na definição de objetivos de vida (P7).

Neste caso, é notório perceber na fala dos entrevistados a importância da

parceria família-escola no processo escolar. Segundo Maranhão e Silva (2011): “A

relação entre família e os profissionais inicia-se quando a primeira planeja dividir o

cuidado e a educação de sua criança com uma instituição” (p.9).

Cabe lembrar que a educação começa em casa, só em seguida vem a

escolar, portanto, os pais não podem entregar essa responsabilidade somente aos

professores como se a escola fosse um depósito, lá deixam seus filhos e só voltam

ocasionalmente nas reuniões, mas eles precisam fazer parte também das decisões

dos processos educativos e isto fica claro na fala dos entrevistados:

Visitas e telefonemas para saber sobre a disciplina de seu filho na escola não é o suficiente, os pais precisam participar de todos os eventos, tantos os educativos, quanto os recreativos para que seu filho perceba que ele é importante em todos os momentos (P1).

Participação efetiva em conselhos de classe, eventos, avaliações, etc. (P10).

Participação não só nos eventos festivos, mas no dia-a-dia da escola (P3).

Reuniões, visitas espontâneas quando julgar necessário, comemorações, acompanhamento em casa, participar dos projetos, decisões, dentre outros (P5).

Estas colocações reafirmam a importância de um processo educativo co-

responsável que se estenda para todos os mementos da ação da escola, tanto

aqueles que acontecem em sala de aula como fora dela.

Para os entrevistados, os pais precisam mostrar para os filhos que fazem

parte da vida escolar deles, que estão preocupados com seu aprendizado, com a

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35

dinâmica da escola e com as relações mais amplas que se processam fora do

ambiente escolar.

4.3.1 MECANISMO DE INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO

Ao serem perguntados sobre se existe algum estímulo da escola para atrair

os pais, obtivemos as seguintes respostas:

Nem todas as escolas exploram essa potencialidade, as escolas fazem reuniões bimestrais de pais (P7).

Em algumas sim. O dia da família na escola e encontros de pais dentre outros incentivos (P9).

Sim. Algumas datas comemorativas, reuniões bimestrais (P.5).

Algumas escolas já se preocupam com esse aspecto e promovem reuniões, eleição de colegiado, projetos e eventos que envolva os pais (P.2).

Diante das respostas dos professores fica evidente que a maioria das

escolas ainda não mobiliza os pais a estarem presentes no espaço educativo,

poucas estão preocupadas com essa participação. É importante ressaltar que nem

um sujeito citou algum tipo de incentivo por parte da escola pesquisada, o que

parece indicar um descompasso entre as preocupações dos professores e os

objetivos da instituição escolar. No entanto é urgente que haja uma atitude mais

efetiva da escola para motivar a participação dos pais. Conforme Gadotti (2007):

A escola não pode mudar tudo e nem pode a si mesma sozinha. Ela está intimamente ligada a sociedade que a mantém. Ela é, ao mesmo tempo, fator e produto da sociedade. Como instituição social, ela depende da sociedade e, para se transformar, depende das relação que mantém com outras escolas, com as famílias, aprendendo em rede com elas, estabelecendo alianças com a sociedade, com a população (p.12).

A escola muitas vezes só se preocupa em criticar os pais, mas ela mesma

não faz seu papel de criar um elo entre escola, família e comunidade.

4.3.2 A FAMÍLIA PRESENTE INCENTIVA MUDANÇAS

Segundo os sujeitos pesquisados a boa relação entre família e escola traz

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36

para os educandos mudanças significativas em vários aspectos:

É notório o desenvolvimento das crianças quando a família participa ativamente de todos os momentos na vida escolar (P1).

Percebe-se que os alunos que tem esse acompanhamento tem um desenvolvimento significativo (P6).

Os alunos se mostram mais comprometidos com os estudos (P3).

Os alunos participam mais das atividades de classe (P8).

Sentem-se importantes, valorizados e consequentemente estimulados a estudarem mais (P9).

‘A participação dos pais influencia não só nas notas, como no comportamento também (P5).

Na fala dos professores fica evidente que a necessidade de manter a família

na escola é enorme, pois essa proximidade reflete a aprendizagem do educando, no

comportamento e conseqüentemente na sua auto-imagem.

Page 28: Monografia João Pedagogia 2012

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é o principal instrumento que desenvolve todos os seres

humanos e a escola ainda continua sendo o espaço onde todo o processo educativo

se expande. Desde cedo nossos pais confiam na educação escolar, pois na escola

somos recebidos de braços abertos pelos professores que ensinam praticamente

tudo que sabem para nos preparar para a vida, é um trabalho complexo que exige

profissionalismo e perseverança.

A escola está sobrecarregada e os professores às vezes sentem dificuldades

de acompanhar sozinhos o desenvolvimento de cada aluno, precisam de um suporte

para continuar o processo. A instituição mais indicada para acompanhar o filho/aluno

é sua própria família, o papel de educar também pertence a ela, a família deve

participar efetivamente da educação dos filhos, inclusive nas definições de metas

que irão ser alcançadas pelo aluno no futuro não muito distante. A escola não pode

substituir a família na tarefa de educar, deve estar em consonância com ela, com a

participação dos pais é possível construir uma forma eficaz de aprendizagem que

atenderá aos anseios de uma sociedade cada vez mais exigente.

É sabido que a educação escolar (formal) surgiu da necessidade de expandir

a educação familiar (não-formal), a fim de preparar os indivíduos para a vida em

sociedade. Se a escola surgiu para auxiliar a educação familiar, então por que

muitas vezes parecem estar fora de sintonia? A família que é a maior responsável,

pouco participa transferindo a tarefa de ensinar aos mestres. A abertura que a

escola dá para as famílias surgiu da necessidade, de parceria entre ambas, pois em

contato permanente com professores, a família saberá como anda o

desenvolvimento do filho. Sua presença na escola também é importante para os

professores não se sentirem isolados. O aluno acompanhado simultaneamente pela

família e pelos professores não interrompe o processo educativo e o valoriza de tal

forma que quer demonstrar para eles tudo aquilo que aprende de novo, além de

conscientizar-se que a educação é para toda a vida.

De acordo com o depoimento dos professores, exposto em nossa pesquisa,

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38

não ficamos satisfeitos em saber que a participação da família que realmente está

preocupada com o desenvolvimento educativo de seu filho, ainda é tímida, muito

aquém do esperado. A maioria comparece, mas para reclamar de notas baixas,

desentendimentos com colegas dentro do espaço escolar dentre outros fatores

menos importantes em comparação ao acompanhamento educacional do filho.

Alguns participam das reuniões de pais e mestres e poucos procuram saber se seu

filho está fazendo parte do processo; alguns comparecem em datas comemorativas

quando são convocados. Algumas atividades desenvolvidas pela escola não estão

sendo o bastante para atrair as famílias, a escola precisa criar mecanismos que

tragam a família para a escola com a intenção de acompanhar e ajudar em todo o

processo educativo de seu filho.

Diante de nossa análise entendemos que a família deve ter uma participação

mais efetiva na escola, pois os professores sentem a ausência familiar na educação

dos filhos e o reflexo negativo que isso pode acarretar no futuro deste indivíduo. A

família é o ponto de sustentação para todos os seres humanos e juntamente com a

escola nos dará suporte para enfrentarmos o mundo cada vez mais desafiador.

Portanto dependemos muito dessas duas instituições no processo de formação

integral dos indivíduos. Além disso, o aluno sendo acompanhado pela família na

escola, a prática do trabalho coletivo torna-se menos complexa e os resultados são

obtidos mais rapidamente, pois estimula-o a buscar constantemente novos

conhecimentos.

Enfim ratificamos todas as informações contidas nesta produção e

acreditamos que este trabalho irá contribuir no processo democrático dentro da

escola, promovendo uma reflexão sobre a participação da família na escola e a

implementação de novos instrumentos que garantam essa parceria. Dentro dessa

perspectiva o processo de co-responsabilidade e de co-participação coletiva

promoverá uma transformação, tanto do papel da família, como da instituição

escolar na formação dos indivíduos capazes de integrarem-se socialmente e

exercerem seu direito de cidadania.

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