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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO- CAMPUS VII CURSO: Pedagogia 2008.1 ANA MARIA DE JESUS GUIMARÃES A CRIANÇA E A MÚSICA: OS RITMOS DE UM PLANEJAMENTO PARA EDUCAÇÃO INFANTIL SENHOR DO BONFIM-BAHIA, 2012

Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

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Pedagogia 2012

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Page 1: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO- CAMPUS VII CURSO: Pedagogia 2008.1

ANA MARIA DE JESUS GUIMARÃES

A CRIANÇA E A MÚSICA: OS RITMOS DE UM PLANEJAMENTO PARA

EDUCAÇÃO INFANTIL

SENHOR DO BONFIM-BAHIA,

2012

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ANA MARIA DE JESUS GUIMARÃES

A CRIANÇA E A MÚSICA: OS RITMOS DE UM PLANEJAMENTO PARA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como requisito parcial para obtenção da graduação de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Rita de Cássia Braz Conceição Melo

SENHOR DO BONFIM-BAHIA,

2012

Page 3: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

ANA MARIA DE JESUS GUIMARÃES

MONOGRAFIA APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS

VII COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR

TCC.

APROVADA EM _______ / ______ / ______

BANCA EXAMINADORA

Prof.

___________________________________________________________________

Prof.

___________________________________________________________________

Prof.

Page 4: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Aos meus pais, (em memoria) sem eles não teria a

oportunidade de estar aqui, pelo acolhimento, e

desprendimento em abdicar de sua vida para me tornar

quem sou. As minhas irmãs; Emilene e Maria da Penha,

pelo companheirismo nessa jornada. A minha filha Laila.

Page 5: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros

desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são

pássaros sob controle. Escolas que são asas amam

pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros

coragem para voar. (Rubem Alves, 2008)

Page 6: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido a partir do desejo de perceber a importância da música no âmbito escolar, e em especial na Educação Infantil, por esta ser uma modalidade de cultura apreciada por todos. São inúmeros benefícios que a introdução da música em sala de aula promoverá, as canções podem ser um veiculo auxiliador do aprendizado na educação escolar, e em especial nas escolas de primeiras letras Surge então a indagação: qual a importância da música no planejamento das aulas para a educação infantil? E consequentemente a nossa questão de estudo. Quais as finalidades que se faz da música na educação infantil nas escolas de Itiúba-Bahia? E temos como objetivo: identificar as finalidades que os professores da educação infantil oferecem para a música. Nossa fundamentação teórica foi baseada nos seguintes autores: Almeida (2000), Arroyo (2011), Brito (2001), Estevão (2002), Grossi (1982), PCNs (1987), RCNEI (1998), Souza (1991), Vygotsky (2003). A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, pois, é a que mais responde a nosso propósito de estudo; esta foi realizada com professores da educação infantil de 3 escolas públicas do município de Itiúba-Bahia. Nas considerações finais, constatamos que a nossa questão de pesquisa foi respondida, pois, observamos que os profissionais introduzem a música em sala de aula, porém não com um planejamento prévio, e que esse planejamento é importante, percebemos que o nosso objetivo foi alcançado, entretanto, percebemos que os caminhos da educação são cheios de percalços e ressaltamos aqui que nossa problemática não se esgota.

Conceitos-chave: infância e educação infantil, música, intervenção pedagógica.

Page 7: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

ABSTRACT

This work was developed from the desire to realize the importance of music in schools, and especially in early childhood education, as this is a form of culture enjoyed by all. There are countless benefits that the introduction of music in the classroom promote, songs can be a vehicle supportive of learning in school education, particularly in schools first letters of the question then arises: what is the importance of music in class planning for early childhood education? And thus our study question. What is the use made of music in early childhood education in schools Itiúba-Bahia? And we aim to: identify the objectives that teachers of early childhood education to provide the music. Our theoretical framework was based on the following authors: Almeida (2000), Arroyo (2011), Brito (2001), Stephen (2002), Grossi (1982), PCN (1987), RCNEI (1998), Souza (1991), Vygotsky (2003). The methodology was qualitative research, therefore, is more than meets the purpose of our study, this was done with kindergarten teachers of three public schools in the municipality of Bahia-Itiúba. In the final considerations, we find that our research question was answered, because we observed that professionals introduce music into the classroom, but not with pre-planning, and that planning is important, we realize that our goal was achieved, however, we noticed that the paths of education are full of mishaps and we emphasize here that our problem is not exhausted. Key concepts: infancy and early childhood education, music, pedagogical intervention.

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LISTAS DE SIGLAS

ART. – Artigo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente LDB – Lei de Diretrizes e Bases LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação e Cultura PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

Page 9: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

SUMÁRIO

RESUMO...............................................................................................................

INTRODUÇÃO...................................................................................................08

CAPITULO I ......................................................................................................10

1. Problematizando e apresentando nosso tema de estudo..............................10 CAPITULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................15 2.1. Infância e Educação Infantil........................................................................16

2.2. Música seus significados e a aprendizagem .............................................20 2. 3. Intervenção pedagógica na construção da aprendizagem significativa.24 CAPITULO III - PERCORRENDO CAMINHOS................................................28

3. 2 – Sujeitos da pesquisa................................................................................29

3. 3 – Lócus da pesquisa ..................................................................................29

3. 3.1 – Primeiro Espaço: Creche Padre Eduardo Clemente...........................30

3.1. 2 – Segundo Espaço: Escola Getúlio Vargas ..........................................30

3.1. 3 – Terceiro Espaço: Escola Luiz Navarro de Brito....................................31

3.4 – Os instrumentos de pesquisa ..................................................................31

CAPITULO IV- DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS..............................34

4.1. Perfil dos professores pesquisados............................................................34

4.1.1 – Nível de formação dos professores.......................................................35

4.1. 2 – Tempos de serviço................................................................................36

4.1.3 – Tempo que leciona com a educação infantil..........................................38

4.1. 4 – Se têm filhos criança............................................................................38

4. 2 – O que dizem os professores ...................................................................39

4. 2. 1 – Em relação as finalidades da música no cotidiano escolar.................39

4. 2. 2 – A finalidade da música em sala de aula ............................................40 4.2.3 – Reflexão sobre as músicas utilizadas na prática pedagógica...............40

4. 2. 3. 2 – Selecionar as músicas utilizadas na prática docente ....................42

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4. 2. 4 – O que pensam sobre as músicas veiculadas nos meios de

comunicação de massa.....................................................................................42

4. 2. 5 – A utilização das músicas folclóricas sem uma prévia reflexão sobre o

conteúdo da letra...............................................................................................43

4. 2. 5. 1 – Introdução das músicas folclóricas, as parlendas, as cantigas de

roda, em sala de aula.......................................................................................45

4.2. 6 – A influencia da música na educação das crianças..............................46

4. 2. 7 – As músicas utilizadas..........................................................................47

4. 2. 7. 1 – A frequência.....................................................................................48

4. 2. 7. 2 – A intencionalidade da música em sala de aula...............................49

4. 3 Análise documental...................................................................................50

4. 3. 1 – O que aparece no plano de aula.........................................................51

4. 3. 2 – Planejamento quinzenal......................................................................55

4. 3. 3 – O diz o Projeto Politico Pedagógico....................................................56

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................59

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS..................................................................62

Anexos..............................................................................................................64

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INTRODUÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido a partir do desejo de perceber a importância da

música no âmbito escolar, e em especial na Educação Infantil, por esta ser uma

modalidade de cultura apreciada por todos. E teve como objetivo identificar quais as

finalidades que os professores oferecem para a música na educação infantil.

No inicio problematizamos sobre a importância da música no processo de

crescimento do ser humano e em especial para a educação infantil. Pois,

percebemos que ela é um contributivo relevante para a aquisição dos saberes

necessários ao desenvolvimento. Surgindo a indagação, quais as finalidades que se

faz da música na educação infantil nas escolas de Itiúba-Bahia? Acreditamos ser

relevante essa pesquisa, pois, possibilitou observar o espaço de aprendizagem que

a utilização da música pode ocupar nas escolas.

No segundo capítulo, apresentamos e discorremos sobre os nossos conceitos-chave

que dirigiram nossa pesquisa e com o auxilio de alguns teóricos como: Almeida

(2000), Arroyo (2011), Brito (2001), Estevão (2002), Freire (1979), Grossi (1982),

PCNs (1997), Souza (1991), Vygotsky (2003), que nos subsidiaram para podermos

desenvolver esse trabalho que se configura como algo fundamental para o nosso

fazer pedagógico. Acrescentamos a contação de como foi o processo histórico da

implantação da educação infantil em nosso país, os percursos que tivemos para que

essa modalidade do ensino se tornasse algo concreto; bem como as características

da criança que passou a ser contemplada com essa perspectiva de ensino.

No terceiro capítulo, fizemos a exposição da metodologia utilizada para a construção

desta, e usamos a pesquisa qualitativa, pois, esta contribui significativamente para a

concretização do objeto de estudo. Os instrumentos utilizados foram questionário, e

analise documental.

No quarto capítulo, realizamos a análise e interpretação dos dados coletados, a qual

foi fundamentada com os autores utilizados nos teóricos acima citados.

Page 13: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Nas considerações finais, constatamos que nossa problemática não se esgota,

contudo, salientamos que a educação pode acontecer de maneira atrativa, que

nossa pesquisa pode servir para que se pense na educação infantil como a base da

inserção da criança no contexto escolar.

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CAPITULO I

PROBLEMATIZANDO E APRESENTANDO NOSSO TEMA DE ESTUDO

Dentre os vários sentidos que temos um dos mais instigantes talvez seja o da

audição. Pois através dela conseguimos captar o processo de movimentação da

maioria dos acontecimentos, os sons que são produzidos a todo instante

complementam e dão sentido às informações que chegam até nosso cérebro

através de nossa visão. (BARROS, 2003)

Os sons do universo são fascinantes e nos revelam mensagens que são captadas

pelo nosso sistema de percepção auditiva; para cada tipologia de som uma espécie

de sensação é despertada assim como os agudos ou os graves, os fortes ou os

fracos, uns se juntam aos outros e aos poucos tornam uma só acústica capaz de

tocar a qualquer tipo de pessoa, em qualquer idade, sexo, posição social ou cultural

e a esse todo acústico organizado com a complementação de instrumentos criados

pelo homem para esse fim, harmônico ou não damos o nome de música.

De acordo com Koelleutter (apud BRITO 2001, p. 26) ―A música é, em primeiro lugar,

uma contribuição para o alargamento da consciência e para a modificação do

homem e da sociedade‖. É de uma forma geral uma manifestação milenar que está

presente na vida humana em muitos momentos, desde a vida intrauterina com os

sons produzidos pelo ventre materno, os sons e falas produzidas no ambiente em

que vivemos. Essa forma de expressão tem fins diversificados, desperta sentimentos

e emoções; acalanta, embala, relaxa.

Vista de outro ângulo, a música promove uma quantidade significativa de

movimentos tais como: bater palmas, mexer os braços, as pernas, balançar a

cabeça, virar para o lado, virar para o outro, sentar, levantar, ficar parado, etc... Ela

não apenas traduz movimentos que são expressos pelo meio ao nosso redor, ela

também inspira movimentos aos seres humanos. Lembrando ainda que tal objeto

traduz-se como algo ‗vivo‘ e presente na vida de qualquer ser humano até mesmo

daqueles que possuem algum problema auditivo, ao perceberem que os sujeitos

movimentam a seu redor.

Page 15: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Dessa forma, observamos que essa modalidade artística secular que está presente

em vários momentos da vida humana pode também ser de grande relevância no

contexto educativo, principalmente no inicio da aquisição dos conhecimentos

escolares, pois, pode ser um importante estimulo para formar no educando inicial

uma base mais forte. Pois percebemos que o desenvolvimento infantil não acontece

por milagre, que cada um tem seu ritmo próprio e que muitos fatores contribuem

para isso, entre estes fatores notamos que o ambiente é de fundamental

importância.

De acordo com Vygotsky (2003) o ambiente externo interage diretamente no

aprendizado e no desenvolvimento das crianças, dessa maneira acreditamos que o

contato das crianças com a cultura existente a seu redor seja um elemento

considerável para o seu crescimento saudável e caberá a cada adulto pertencente

desse processo tomar consciência de seu papel nesse processo involuntário.

Observamos que muitas crianças, desde o berço ao ouvir um som reagem de forma

que demonstram que esse som exerce algum estimulo, mais tarde ao começarem

andar a percepção do som impulsiona-as a fazer gestos, e movimentos de acordo

com o ritmo; é que a música desperta algo, e esse algo pode e deve ser aproveitado

pela escola como motivador ou como conteúdo de apoio à aprendizagem.

As crianças iniciam suas atividades escolares muito cedo, devendo a escola

possibilitar uma educação infantil que respeite o momento de desenvolvimento e de

maturação em que estas se encontram, nesse sentido, a música será uma aliada,

pois ela esta presente em muitos momentos da vida dessas crianças.

Nesse sentido, a escola é co-responsável pela Educação dos indivíduos desde o

primeiro momento em que eles adentrem suas portas, independentemente da idade

cronológica que estes possuam, ou dos conceitos já introduzidos nestes pelo seu

meio social, e por esse motivo é extremamente necessário que ao penetrarem nesse

novo ambiente as crianças possam se deparar com um acolhimento adequado a

suas habilidades, mas que ao mesmo tempo já lhes seja familiar.

Sendo assim, a educação infantil precisa ser oferecida de maneira que os infantes

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possam adquirir conceitos favoráveis ao seu desenvolvimento enquanto estudante e

para que os mitos já enraizados sejam desconstruídos e dê a essa criança a chance

do avanço na conquista de uma educação que lhes possibilite segurança em suas

construções.

E acreditamos que, a introdução de canções na educação escolar, principalmente na

educação infantil, será um excelente contributivo para a aprendizagem de conceitos

e também para a formação humana, pois, as canções têm múltiplos aspectos e

estes poderão agir no sentido de modificar comportamentos e ações dos indivíduos.

Algumas situações reforçam essas ideias, por exemplo, quando o educador canta

com as crianças alguma música que desenvolve alguns movimentos estará

solicitando do educando não só que cante, mas que tenha atenção para os

movimentos que foram sugeridos pela letra da música ou pelo exercício promovido

pela professora, isso reforça sua concentração, consequentemente seu

aprendizado. Além disso, a música desenvolve nos ouvintes uma sensação que é

difícil permanecer parado, que é preciso balançar o corpo dançar se mexer.

As canções permitem inúmeros movimentos a criança por meio desse estimulo não

permanece na inércia o que facilita a aprendizagem, promove ainda um bem-estar

que a desperta do sono e estabiliza o seu raciocínio fazendo com que se sinta mais

apta a apreender os ensinamentos que o educador pretende oferecer.

Para Stabile (apud ESTEVÃO, 2002, p. 34) ―a música e a dança permitem a

expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação e alegria. A criança

aprende e se desenvolve através dela‖. Portanto, ao ser inserida no cotidiano das

crianças permitirá uma melhor concentração para absorver conhecimentos.

A criança quando canta, ri, bate palmas, pula, grita, dança todos esses movimentos

permitem que tenha um despertar dos sentidos fazendo com que acorde sua

capacidade de interação e correlação com seu meio. Quando é tocada, cantada,

sentida, qualquer que seja a modalidade musical é impossível permanecer inerte, o

que nos dá possibilidade de movimentarmos não apenas aguçarmos a audição para

escutarmos as canções, mas nos abrimos para a descoberta das mensagens que as

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canções trazem codificadas em si.

Contamos com um cabedal enorme de melodias e canções interessantes e que

podem servir como facilitadoras da aprendizagem, servir para a formação de um

sujeito crítico. Temos as parlendas, as cirandas, as cantigas de roda, os jogos de

rimas, os cordéis, etc., todos esses elementos precisam ser explorados de maneira a

trazer para a educação fontes positivas de conhecimento.

E, por fazer parte da vida de todas as pessoas, pode ser uma ferramenta muito útil

na aquisição das aprendizagens formais, pois por ser de fácil memorização facilitará

a absorção destes e consequentemente da maneira em que for utilizada poderá ser

promotora de uma educação mais compromissada com o desenvolvimento do ser

humano, contribuirá para uma base mais sólida do crescimento educacional dos

indivíduos.

Reforçando, a música tem uma grande contribuição no despertar dos sentimentos e

emoções. Segundo Santa Rosa,( 1990, p. 19) ―A música é uma linguagem

expressiva e as canções são veículos de emoções e sentimentos, e podem fazer

com que a criança reconheça nelas seu próprio sentir‖. E se reconhecendo através

da música esta poderá ser um grande contributivo para a aquisição dos

conhecimentos necessários a vida escolar.

São inúmeros benefícios que a introdução da música em sala de aula promoverá, as

canções podem ser um veiculo auxiliador do aprendizado na educação escolar, e em

especial nas escolas de primeiras letras. Empregada em sala de aula, a música

causa grandes melhorias para o desenvolvimento do exercício diário da sala de aula,

pois promovem melhoras da atenção, imaginação, do raciocínio lógico, memória,

ainda trabalha a emoção. É notório que esse elemento também pode ser uma

ferramenta na conquista dos conhecimentos ministrados pela escola.

Nesse sentido surgiu a inquietação em pensar a criança e a música: os ritmos de um

planejamento para educação infantil para que as aulas pudessem ser mais

prazerosas, mais leves, menos cansativas, e despertem nos educandos uma visão

mais crítica das abordagens musicais que surgem no mercado. Surge então a

Page 18: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

indagação, e, consequentemente, a nossa questão de estudo: quais as finalidades

que se faz da música na educação infantil nas escolas de Itiúba-Bahia? E temos

como objetivo: identificar as finalidades que os professores da educação infantil

oferecem para a música.

Acreditamos que essa pesquisa é de relativa importância, pois possibilitará aos

profissionais inseridos nesse processo observar como é utilizado o espaço da

música dentro do contexto da educação infantil e nos despertará para um repensar

na nossa prática docente valorizando-a como um recurso que poderá enriquecer

nosso trabalho.

Para a comunidade cientifica é um estudo relevante, pois vem investigar como a

música está sendo trabalhada e revelar possibilidades de renovação para o ―fazer‖

dentro da educação Infantil, destacando o quanto esse elemento pode ser

importante para o desenvolvimento infantil, contribuindo para um repensar da sua

inclusão obrigatória nas escolas de primeiras letras.

Page 19: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

CAPITULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O cenário da Educação brasileira foi construído por uma considerável diferença

tratando-se de sua oferta, neste cenário por longo tempo à educação escolar foi tida

como privilegio de poucos, visto que, era oferecida exclusivamente para os filhos

dos Senhores, classe em destaque na sociedade daquele tempo. Com o surgimento

de novas formas de gerir a sociedade e com os avanços conquistados através de

lutas pela oferta do saber elaborado, aos poucos, a educação ganhou espaço entre

os que antes eram excluídos.

Em nossos tempos presenciamos um momento de educação igualitária, ou seja, há

oferta do ensino para qualquer pessoa, de qualquer sexo, idade, ou posição social;

as esferas do poder público divulgam constantemente seus projetos de oferta

educacional e criação de novas oportunidades para as classes menos favorecidas e

seus objetivos de proporcionar educação pública de qualidade para todos.

Nessa perspectiva, a partir da década de 90, passou a se pensar no ensino

fundamental de nove anos, visto que, entendeu-se que a criança de seis anos de

idade já teria maturidade para receber as primeiras bases de formação e assim fazer

parte do ensino fundamental, ficando as crianças de 0 a 05 anos compreendidas na

Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica Nacional (LDB 9394/96).

Com a adesão da criança de 06 anos de idade ao Ensino Fundamental a Educação

Infantil também ganhou novos olhares, visto que, seria ela a porta de entrada da

criança a um mundo de ensino e aprendizagem. Por esse motivo tornou-se cada vez

mais imprescindível à descoberta de fatores que facilitem a entrada e a permanência

dessa criança nesse cenário escolar.

Pensando que nessa faixa etária tudo é descoberta, e em muitos casos a

descoberta é causa de desconforto, insegurança e traumas; buscamos criar para

essa criança um ambiente amistoso cerceado por objetos já conhecidos em meio

aos que lhes serão apresentados, dentre eles a Música faz um diferencial positivo,

Page 20: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

pois se assemelha ao novo e também ao já conhecido e aceito pela criança. Com o

intuito de ressaltar essa presença no processo educativo de crianças da Educação

Infantil a presente pesquisa monográfica busca sustentar seu aporte teórico nos

seguintes conceitos-chave: infância e educação infantil, música, intervenção

pedagógica.

Dessa forma, tomaremos cada conceito-chave por vez, e discorreremos sobre estes

com a contribuição de alguns teóricos minuciosamente escolhidos para justificar

cada procedimento criado ou descoberto dentro do tema pretendido, visando

fornecer parâmetros para uma apreciação atilada e calcada em princípios que

tenham pertinência com o objeto que se pretende alcançar.

2.1. Infância e Educação Infantil.

A infância é uma fase muito importante na vida, pois é a partir dela que todo o

caráter vai ser construído, e não apenas os princípios éticos, mas, também o

processo de formação dos conhecimentos elaborados pela humanidade. De acordo

com Ximenes (2001, p. 528) ―é uma fase da vida humana que vai do nascimento a

puberdade‖. Sobre o tema posto em questão Ferreira (2004, p. 416) diz que é:

―período de crescimento no ser humano que vai do nascimento à puberdade;

puerícia, meninice‖.

Ou seja, fase compreendida como de 0 a 11 anos em média (ECA-8069/1990). A

infância nem sempre foi vista como fase distinta da adulta, em outras épocas ou em

outras culturas a criança foi vista, apenas como sendo um adulto em miniatura, ou

em tamanho reduzido, ao qual caberia tratamento semelhante ao dispensado aos

adultos, apenas ressalvando a característica de aprendizes.

Conforme afirma Kramer (1992, p.15), ―a criança comumente é entendida como

oposição ao adulto. Oposição estabelecida pela falta de idade ou de ―maturidade‖ e

de ―adequada integração social‖. Nesse sentido, compreender a criança enquanto

outro, enquanto diferente do adulto, segundo Coutinho (2002), seria o primeiro

movimento para pensarmos a sua educação e os espaços e tempos que

oportunizem a elas protagonizar essa experiência em sua heterogeneidade.

Page 21: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Segundo os PCNs da Educação Infantil:

A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais.

Após algumas considerações ao longo do passar do tempo, percebe-se finalmente

que a criança não é somente uma copia do adulto. Atualmente pensa-se a criança

como ser social, sujeito atuante e pertencente a uma cultura e que dela é construído

ou produzido. A ideia dessa nova concepção de criança da visibilidade as

especificidades desses seres em desenvolvimento e abertos a novas

aprendizagens.

São inúmeros os elementos que diferem as crianças dos adultos, dentre as varias

características da infância, uma delas é a curiosidade e uma segunda também

marcante é o gosto pela fantasia, pela alegria e pelo prazer, esses são elementos

que os adultos, ou alguns deles, perdem no decorrer de suas vivências.

Analisando o percurso histórico da educação brasileira percebemos que a criança foi

pivô de vários acontecimentos; entretanto os mais relevantes se desvelaram nas

ultimas décadas. A partir dos anos 80 (1980) quando universidades, partidos

políticos, movimentos sociais, associações, profissionais e pais discutiam o modelo

de Educação Infantil planeada para as crianças brasileiras, influenciando as

diretrizes instituídas na legislação do país.

Esse movimento desencadeou em capitulo especial, após a promulgação da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN Lei. nº 9.394/96 que explicitou

um dos deveres do Estado e direito da criança que é o atendimento educativo. Ainda

neste mesmo período o MEC veio a promover pesquisas e encontros com os

educadores e especialistas em Educação Infantil a nível nacional elaborando um

documento tendo como base os princípios e objetivos da Educação Infantil que está

disposto na LDBEN 9.394/96. Este documento foi denominado Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (Brasil, MEC, 1998).

Page 22: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Estes referenciais (Brasil, MEC, 1998) foram propostos com o objetivo de integrar a

Educação infantil nos diversos níveis escolares, proporcionando o direcionamento

desta para a formação crítica e analítica dos cidadãos, firmando a base real e

concreta da educação. O RCNEI (Brasil, MEC, 1998) valoriza a socialização e a

discussão, propondo orientações curriculares tendo como embasamento o processo

de desenvolvimento e de aprendizagem da criança, esquadrinhando os aspectos

construtivistas da educação.

Em 1990 a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA veio reafirmar a

preocupação nacional com a educação destinada a infância atribuindo papéis à

família, à escola e ao estado a respeito da formação desses seres. Todos esses

marcos históricos demonstram a preocupação com o aprendizado e o

desenvolvimento dos pequenos. Mais tarde uma emenda na LDB 9394/96

promulgou o ensino de 9 anos, fazendo a adição da criança de 06 anos de idade ao

ensino fundamental e instituiu a Educação Infantil para os pertencentes de 0 aos 5

anos de vida.

Essa preocupação é fundamentada, pois a educação infantil tem papel fundamental

no processo de desenvolvimento dos indivíduos, uma vez que é a partir dela que as

concepções e conceitos vão sendo formados por este motivo é essencial que ela

aconteça de maneira adequada para que não venha desenvolver nos educandos

traumas que perdurará a vida toda. De acordo com Lima (1998):

A criança surpreende os adultos com extraordinária capacidade de aprendizagem de aspectos vitais e socioculturais que não fazem parte dos currículos e programas escolares. O que apresentamos as crianças em nossas escolas é mesmo o que deve ensinar. (p. 10)

A criança ao adentrar a escola não chega como muitos pensavam antigamente

como uma tabula rasa, ela é um ser cheio de conhecimentos e significado, dotada

de um cabedal de informações adquiridas através do meio social em que esta

inserida. Portanto, as atividades da educação infantil devem ser ministradas

diferente da educação doméstica, ou seja, familiar que desde cedo começa a traçar

o seu destino no campo do trabalho, dando lhes coisas que competem ao mundo

dos adultos, (SOUZA, 1991). Sendo assim, o exercício das atividades docentes na

Page 23: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

educação infantil, precisam ser pensadas no sentido de fornecer aos educandos

subsídios que venham desenvolver neles o prazer em estudar. Pois, a criança como

aponta os psicanalistas tem uma capacidade incrível de aprender as coisas, e isso

não acontece somente a partir dos sete anos de idade. De acordo com Grossi

(1982)

[...] A psicanálise o faz demonstrando a importância dos primeiros anos como geradores de um estilo pessoal face à vida. Ela quebrou com a demarcação dos 7 anos como o inicio do período de aprendizagem, em função das inúmeras evidencias de que nossa vida afetiva começa a se estruturar muito prematuramente, a partir de intercâmbios sociais. Entretanto, não é só a vida afetiva que tem suas bases nos primeiros anos, pois a psicologia cognitiva também veio esclarecer o quanto construímos intelectualmente já desde os primeiros anos de nossa existência. Inclui-se aí a compreensão da permanência dos objetos, bem como um grande número de invariância, elementos-chave para a compreensão do mundo, a partir das transformações com as quais defrontamos, que funcionam como constitutivas do pensamento. (110)

Convém, portanto criar oportunidades para o aproveitamento dos fatores positivos

que são provenientes dessa faixa etária e transformá-los em aprendizagens

significativas para as suas vivencias nas demais etapas da educação. E para que

isso aconteça à escolha das ferramentas adequadas para a obtenção desse

resultado é de extrema responsabilidade para os profissionais que estarão

diretamente ligados a esse público.

Grossi (1982) afirma que:

[...] a criança aprende na faixa de 0 aos 6 anos. Ela não só necessita aprender muito. Alias nestes anos ela define seu estilo de aprender, ela constrói uma matriz de abordagem do mundo. É bom que esta seja rica, sadia e fecunda. Para tanto, ela tem certas exigências. Uma delas é que harmonicamente funcionem as diversas instancias da aprendizagem, a saber, o desejo, a inteligência e o social, veiculadas pelas ações e pela linguagem, no âmbito do organismo. (p.111)

Entendendo essa etapa como ponto inicial da inserção social da criança se faz

necessário que a educação infantil seja atrativa, pois, é a partir dessa fase que as

crianças começam a tomar gosto pelas coisas, educar na contemporaneidade, é

muito mais que transmitir conhecimentos prontos para que os alunos absorvam tal

qual lhes foi apresentados, por isso, para que nossos educandos se tornem homens

Page 24: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

felizes é necessário uma escola que procure meios de encantar as crianças e dessa

maneira facilitar o aprendizado destas para além da escola.

2. 2. Música seus significados e a aprendizagem

Se analisarmos a história de vida individual de cada ser humano, veremos que em

muitos momentos é comum a todos fazer uma associação dos acontecimentos com

os sentidos que lhes são mais peculiar, há quem faça essa associação com o cheiro,

outros com os sabores e existem aqueles que associam com os sons que circular no

momento dos acontecimentos e esse som irá acompanhá-lo e o fará lembrar o fato

ocorrido.

Esse fato, ou seja, a utilização dos sentidos ocorre também na infância, inclusive

essa associação se mistura as fantasias infantis criando um elo entre o mágico e o

real. Nessa fase os sons melódicos são facilmente captados pela audição,

envolvendo-os instantaneamente, despertando sentimentos e emoções.

Rapidamente os pequenos aprendem a repeti-los.

Os sons quando orquestrados harmonicamente tornam-se canções que podem ser

apresentadas com letras ou sem. As canções possuem os mais variados ritmos e

embalos, existem as dançantes, as que inspiram performance explicita e aquelas

mais calmas que necessitam um pouco de relaxamento para apreciar sua audição.

Mas em geral a música é aquele algo mágico que alegra, encanta, faz rir, chorar,

embala, relaxa, agita, enfim. Essa modalidade da cultura milenar dos povos pode

também ser um objeto que pode auxiliar a educação escolar principalmente a fase

de ingresso. Sobre o significado de música, Ximenes (2001, p. 649) sugere que seja:

―arte e técnica de combinar os sons e as tonalidades de modo agradável ao ouvido.

Qualquer conjunto agradável de som‖.

Ferreira acrescenta a essa ideia (2004, p. 511) é ―arte e ciência de combinar os sons

de modo agradável aos ouvidos‖. Essa expressão faz parte da vida humana até

mesmo sem que percebamos se faz existir como parte de um conjunto que

compõem as forças vitais de diversas maneiras; ela faz parte da cultura de vários

Page 25: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

países, sendo propagada e sentida por várias gerações, as canções se tornam

imortais e tem diferentes formas de lançamento ao público que as escutam. Pois,

como destaca (GOHN, 2009)

a música está em todos os lugares, seja como atração principal de um concerto ou pano de fundo de uma peça teatral. Pode estar dentro de um carro, na sala de jantar no som dos talheres à mesa, na casa ao lado, ou mesmo no cantar sofrido de algum transeunte. Talvez ela se faça presente apenas no pensamento, evocando lembranças e sensações distantes do passado. A música tem poderes para acalmar ou exaltar, alegrar ou entristecer, diminuir a dor ou trazê-la de volta, fazer lembrar ou fazer esquecer.

Trata-se de uma expressão da cultura mundial que perpassa o tempo, o espaço, as

classes sociais enfim, ela promove e desperta sensações em todos, desde o ventre

materno ao idoso, e está presente em qualquer momento. Considerando todos

esses aspectos sonoros como fonte de conhecimentos cabe investigar como esse

conjunto de sons e palavras podem ser de grande relevância durante o

desenvolvimento de aulas, para a aquisição de aprendizagem na educação infantil.

Visto que o (PCN, 1997) diz:

A música sempre esteve associada às tradições e às culturas de cada época. Atualmente, o desenvolvimento tecnológico aplicado às comunicações vem modificando consideravelmente as referências musicais das sociedades pela possibilidade de uma escrita simultânea de toda produção mundial por meio de discos, fitas, rádio, televisão, computador, cinema publicidade, etc. (p. 75)

Ouvir ou cantar músicas na escola não é a mesma coisa de ouvir ou cantar em casa,

são aspectos sociais diversos. Em casa as crianças ouvem a música a sua maneira

de acordo com seu gosto, sem que esta tenha alguma função social de educar, as

crianças ouvem a seu bel prazer, na escola as músicas poderão ser utilizadas em

quaisquer atividades determinadas pelo educador.

De acordo com a atividade a escolha da música certa trará prazer e estimulo aos

educandos. Se observarmos que estamos num contexto escolar onde frequentam

alunos de diversos grupos sociais e também possuímos uma enorme pluralidade

cultural, além de que cada um tem suas particularidades, por esse motivo, talvez a

unidade escolar seja o único espaço em que essas crianças terão oportunidade de

conhecer e analisar alguns tipos de canções que farão diferença em sua vida.

Page 26: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Herculano (2009).

Para o trabalho com a utilização de músicas na Educação Infantil há um leque de

possibilidades dentre os variados gêneros sonoros, de acordo com o conteúdo e a

disciplina que se deseja trabalhar. Conforme se encontra nos PCNs (1998) da

Educação Infantil, a música em auxilio ao trabalho pedagógico,

tem sido em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do soldado, dia das mães etc.; a memorização de conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores

etc., traduzidos em canções. (p. 47).

Já existem músicas que fazem parte do grupo de canções para ser trabalhadas

pedagogicamente, pois atendem exatamente aos conteúdos que se deseja aplicar,

música como Mariana conta um, Cinco Patinhos, O sapo não lava o pé, entre outras.

Porém o trabalho pedagógico musical possui um campo amplo e que vai muito além

dessas canções tão conhecidas e aceitas pela meninada.

É preciso que a educação infantil seja atrativa, pois, é a partir dessa fase que as

crianças começam a tomar gosto pelas coisas, educar na contemporaneidade, é

muito mais que transmitir conhecimentos prontos para que os alunos absorvam tal

qual lhes foi apresentados, por isso, para que nossos educandos se tornem homens

felizes é necessária uma escola que procure meios que possam burlar os

desconfortos oferecidos pelas novas tecnologias e a invasão midiática.

Embora, a cultura musical venha se modificando dia-a-dia, as cantigas de roda, as

canções folclóricas são de grande serventia para a nova geração que começará o

seu ingresso à escola por intermédio da educação infantil, essas podem ser

promotoras de valores que se perpetuaram ao longo do tempo. Como diz o PCN

Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividade de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade

Page 27: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros. (p.75)

Inserir música na escola é possibilitar aos educandos uma nova oportunidade de

vivenciar a educação escolar de qualidade. Pois, independente de sexo, idade,

etnia, religião, todos gostam de música e ela se faz presente em diversos momentos

de nossa vida. Além disso, ela pode ser uma excelente estratégia de ensino.

Segundo Zampronha (2002, p. 24). ―A música sempre induz movimentos afetivos,

que se processam na escuta por meio da vivência de estruturas que existem em

nível de texto nela própria.‖

A experiência com a sonoridade é muito importante para o desenvolvimento social

do educando, pois abre um leque de possibilidades para ele, sendo que desde o

principio dos tempos às artes estiveram presentes na vida humana e a música tem

nos acompanhado até mesmo antes de chegarmos a existir de fato, de acordo com

o PCN

O ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem limitada escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida. (p, 21).

É importante a inserção de elementos artísticos na escola, pois, eles colaboram para

dar sentido à vida, como estamos falando da música vale ressaltar que ela é um

componente essencial para esse sentido porque esta abre espaço para que

possamos abrir um leque de opções de informações e sentimentos. Conforme

Santos (2010):

O trabalho com a linguagem da música revela-se importante, pois ele nos possibilita interpretar, improvisar, compor, bem como ajuda a reconhecer e apreciar música por meio de reflexões próprias, emoções e conhecimento. Desse modo faz com que compreendamos a música como produto cultural histórico [...]. (p. 37)

Por isso, ao trabalhar com a expressão musical, o educador estará também

oportunizando aos educandos a vivência com a representação de sua realidade,

talvez com aspecto diferente conduzindo o educando a observar o que está escrito

na letra da música ou na melodia, criar e recriar canções a perceber que as canções

são um produto cultural e que faz parte da história, que ao fazer parte da escola não

Page 28: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

deixam de serem membros de determinada cultura, e isso pode contribuir para que

se conheçam e reconheçam nas informações musicais dos outros e também em

variados estilos culturais apresentados pela comunidade escolar.

2. 3. Intervenção Pedagógica na construção da aprendizagem significativa

O professor tem papel importantíssimo na formação do individuo, embora sua

profissão não seja tão valorizada. Mas não há um profissional se quer que não tenha

tido um orientador a seguir, como diz um gingo do MEC ―a base de toda conquista é

o professor‖, por esse motivo ele deve ter grande responsabilidade ao ministrar suas

aulas. O oficio do professor da educação infantil ainda se torna de maior relevância

porque é através desse momento que a escola vai atraí-lo ou causar-lhe repulsa. De

acordo com Freire (1979, p. 82) ―a educação problematizadora não deve e não pode

servir aos interesses do opressor‖ e para que isso aconteça à ação docente é

decisiva.

Percebemos que ao longo dos tempos o sistema de ensino vem modificando sua

postura frente à educação escolar a ser ministrada gradativamente, ao longo da

história as concepções de aluno e de professor tem sofrido várias alterações,

passamos pela escola tradicional, onde o professor era o detentor do saber, hoje já

não cabe mais está postura, com as modificações da sociedade o papel do professor

em sala de aula é de mediador, ele deve conduzir o aluno (aliás, o termo aluno é

resquício da escola tradicional) a transformar o que sabe em conhecimento

cientifico, e o educador vai ajuda-lo nesta nova conquista.

No entanto, o profissional da educação infantil precisa atentar que a sua tarefa é

muito importante, porque bem mais que ensinar a ler, escrever e contar, ele é

educador e está alicerçando as bases de um individuo que necessita da promoção

de ações educativas que lhes deem oportunidades do crescimento pessoal em sua

totalidade e este possa tornar-se inserido na sociedade com condições de vida

igualitária. Sobre o assunto Arroyo (2011) discorre:

A finalidade da Educação Básica é o pleno desenvolvimento dos educandos; entretanto, ele não é linear, para milhares dos alunos ele é trancado. O que torna nosso saber-fazer bem mais complexo do que

Page 29: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

preveem, por vezes, as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem. Como oficio temos de saber mais sobre aprendizagem. (p.243)

Ensinar nessa época de grande avanço tecnológico não é fácil, pois competir com

as inovações que este oferece a cada novo dia é um desafio, portanto, requerem do

educador certo comprometimento e disposição com tudo que é vivenciado nesse

contexto atual. Está predisposto a aprender, pois a globalização invade e afeta

principalmente os ambientes educativos, necessitando que estejamos preparados

para o desafio diário. Por esse motivo (C.F Vasconcelos, 1985) diz:

Capacidade de refletir, não ser dogmático, nem fechado, capacidade de rever os pontos de vista, inteligência no trato com a realidade, aprender seu movimento, ir além do senso comum; profissional, competência, domínio da matéria e da metodologia de trabalho, segurança nos conceitos e técnicas, interesse e ânimo no que faz, preparo das aulas, atualização (p. 45)

Mais do que nunca a educação necessita de profissionais esforçados e que queiram

intervir com métodos novos que contribuam para uma escola que acolha os

iniciantes e os prepare para uma vida social saudável, uma ressignificação do fazer

docente de acordo com (Grossi 1982, p.55.) ―A chave desta ressignificação está com

a própria escola e certamente passa por um recriar o didático e o pedagógico, a

partir das transversalizações socioculturais (entre outros), que perpassam a sua

realidade e a sua inclusão nesse sistema escolar [...]‖ é necessário à ruptura de

certas convenções e paradigmas que se formaram pelo sistema e querer inovar,

acreditando numa aprendizagem significativa. Sobre isso Rego comenta:

A escola propicia às crianças um conhecimento sistemático sobre aspectos que estão associados ao seu campo de visão ou vivência direta (como no caso dos conceitos espontâneos). Possibilita que o individuo tenha acesso ao conhecimento cientifico construído e acumulado pela humanidade. Por envolver operações que exigem consciência e controle deliberado, permite ainda que as crianças se conscientizem dos seus próprios processos mentais (processos metacognitivo). (p.79)

Com isso, o professor nada mais é que um mediador desses conhecimentos visto

que a criança é um ser rico de informações e a escola precisa trabalhar essas de

maneira a transformá-las em conhecimento sistemático e consequentemente no

cientifico, porém ao modificar esses é necessário certo cuidado com o como ensinar

para que a criança possa se observar como sujeito participante na construção de

Page 30: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

seu processo educativo. Almeida (2000) discorre:

A nós educadores cabe o compromisso de ―garantir‖ a educação do aluno. Bem ou mal fazemos parte da história de cada um e de uma realidade coletiva assim como ele também faz parte de nossa história. E essa consciência que deve nos dar força para romper o preestabelecido, traçando caminhos capazes de transformar a sociedade e, assim, garantir a maior participação possível. (p. 13)

O trabalho com a educação infantil é de grande relevância para a conquista da

aprendizagem dos indivíduos, pois, é a partir desse momento que o educador

começa a ser formador de opinião, passa a ser exemplo para os pequeninos, e no

contexto social em que estamos inseridos, é necessário que apostemos em

metodologias inovadoras que possam proporcionar aos educandos uma visão

encantadora da escola para que ela não seja tida como algo enfadonho e cansativo.

É necessário que a escola possa despertar nos infantis o gosto pelos estudos,

proporcionando um estudo básico significativo, para assegurar as crianças uma

aprendizagem real, e a sala de aula da educação infantil seja principio de uma

escola letrada em que os estudantes possam como diz Freire ‖ler o mundo‖, ou

seja, bem mais que decifrar signos e códigos linguísticos ter uma visão crítica da

realidade em que estar inserida, e a música pode ser este objeto, que venha auxiliar

os educadores na promoção dessa empreitada. Assim diz Barbosa (2000):

Todo educador quer educar, transmitir e preparar o individuo para as suas próprias teorias e conhecimentos, esperando que esses que estão sentados nos ―bancos da sabedoria‖ (escola) atinjam o momento certo de executar suas tarefas e assim, mais tarde, tornem-se ―homens felizes‖. Mais uma vez, perguntamos: desse modo, aonde os educadores querem levar as nossas crianças? (p.21)

É preciso que a educação infantil seja atrativa, pois, é a partir dessa fase que as

crianças começam a tomar gosto pelas coisas, educar na contemporaneidade, é

muito mais que transmitir conhecimentos prontos para que os alunos absorvam tal

qual lhes foi apresentados, por isso, para que nossos educandos se tornem homens

felizes é necessário uma escola que procure meios de encantar as crianças e dessa

maneira facilitar o aprendizado. Ressaltando o que está no PCN da Educação

Infantil:

Page 31: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

A criança aprende através dos sentidos, principalmente da visão e audição, é

importante que o professor estimule sua participação nas atividades e dê

oportunidade aos educandos de perceberem os vários estilos musicais para que

possam expandir sua curiosidade em aprender não só os conteúdos a serem

ministrados em sala de aula, como também acerca das músicas que se ouvem, e

assim tornem-se suscetíveis a vislumbrar juntamente com suas experiências e

vivências uma estética mais apurada. Sobre isso Corsino (2006) comenta:

Nesse período, é importante a criança vivenciar atividades em que possa ver, reconhecer, sentir, experienciar imaginar as diversas manifestações da arte e atuar sobre elas. É fundamental que ela conheça as produções artísticas de diferentes épocas e grupos sociais, tanto as consideradas da cultura popular, quanto as consideradas da cultura erudita. O trabalho com as linguagens nas séries/anos iniciais tem como finalidade dar oportunidade para que as crianças apreciem diferentes produções artísticas e também elaborem suas experiências pelo fazer artístico, ampliando a sua sensibilidade e a sua vivência estética. (p.60)

Portanto, o ensino não deve ser apenas a transmissão de conhecimentos é preciso

que aprendamos a aprender e que estejamos abertos à interação, para que juntos

professores e alunos possam construir o conhecimento. No novo contexto

educacional se faz necessário pensar de maneira coletiva, não cabe agir e pensar

de forma individualista, mas, juntos, podemos fazer da escola um espaço de

construção de cidadania.

Page 32: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

CAPITULO III

METODOLOGIA: PERCORRENDO CAMINHOS

A educação é um processo continuo que não acontece apenas no ambiente escolar,

ela se estabelece até mesmo em locais onde não esperamos. Por esse motivo

escolhemos fazer nossa pesquisa na Educação Infantil por entendermos que essa é

o principio do desenvolvimento escolar do individuo.

Para melhor desenvolvimento de nossos trabalhos adotamos a pesquisa qualitativa,

pois confiamos que essa nos possibilita a uma visão mais apurada do nosso objeto

de estudo. De acordo com Galliano (1986, p. 16) ―Por meio da investigação científica

o homem reconstitui artificialmente o universo real em sua própria mente. Mas essa

reconstituição ainda não é definitiva‖. A pesquisa é um objeto necessário para a

construção do conhecimento científico por essa razão a pesquisa qualitativa é a que

mais responde ao nosso propósito de estudo. Segundo Michaliszyn e Tomasini

(2005):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. A abordagem qualitativa, ao contrario da quantitativa, aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas. (p.57)

Optamos por esse tipo de pesquisa por acreditarmos que ela nos fornece melhores

desdobramentos na interpretação dos dados coletados. Ainda em Michaliszyn e

Tomasini (2005):

o exercício da pesquisa nas ciências sociais deve ser, sobretudo, o do esforço por compreender o ―outro‖, o ―diferente‖, para que, a partir das diferenças observadas, sejamos capazes de melhor compreender a nós mesmos, nosso grupo social, a sociedade em que vivemos nossa cultura. (p. 26)

Esta pesquisa é caracterizada pela interação entre pesquisador e grupo pesquisado,

onde houve entre esses, envolvimento de forma cooperativa, resultando em ações

Page 33: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

que viessem beneficiar a comunidade pesquisada. Esse tipo de pesquisa é

importante para nosso trabalho porque pretendendo observar e questionar

professores envolvidos na educação infantil. Podemos perceber que a escolha desta

é de grande relevância, pois fornece os indicadores do problema em estudo, com

isso, podemos verificar quais as finalidades da música na educação infantil e a

relevância que os professores estabelecem para ela em sala de aula.

3. 2 – Sujeitos da pesquisa

A pesquisa foi realizada com professoras da educação infantil de 3 escolas públicas

do município de Itiúba-Bahia. Dentro desse contexto foram escolhidas 4 professoras

que lecionam na Creche Padre Eduardo Clemente, 2 da Escola Municipalizada

Getúlio Vargas, 1 da Escola Municipalizada Luiz Navarro de Brito.

A escolha desses professores se deu em função do nosso objeto de estudo ser: as

finalidades da música na educação infantil, pois eles trabalham nessa modalidade

de ensino e fazem atividades que utilizam música, e podem assim contribuir com

informações que favoreçam para que nossa pesquisa possa obter êxito.

3. 3 – Lócus da pesquisa

A pesquisa foi realizada nas escolas de ensino fundamental da cidade de Itiúba-

Bahia, antiga Fazenda Salgada. Situada na região do semiárido do nordeste baiano,

com 1738,8 Km2, tendo aproximadamente 36.128 habitantes, e uma densidade

populacional de 20, 22hab./Km2, com 77 anos de emancipação política. (censo do

IBGE 2004).

É uma cidade rural, tem sua economia sustentada pela agropecuária e a extração

mineral (minério de ferro e cromo) destacando-se Rômulo Campos como seu

principal povoado por ter o maior número de habitantes e melhor acesso à sede,

além do açude Jacurici que promove o turismo, atividades pesqueiras e de irrigação.

Cercada por lindas serras, montanhas e açudes ótimos. Seu clima frio apresenta

dias neblinados durante o inverno. (wikimapia.org).

Possui no centro da cidade 09 escolas públicos sendo 06 de domínio municipal que

comporta alunos da Educação Infantil às Series Iniciais do Ensino Fundamental, e

Page 34: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

outra da educação infantil ao ensino fundamental; 2 estaduais ministrando Ensino

Fundamental e Ensino Médio.

Diante desse contexto, nosso trabalho de pesquisa foi realizado em três escolas da

rede municipal de ensino, visto que apenas uma unidade não supriria as

necessidades apresentadas pelo objetivo do estudo. Abaixo citaremos

detalhadamente as escolas.

A pesquisa teve vários lócus porque o município não tem uma instituição destinada

apenas a Educação Infantil, dessa maneira ficava inviável a realização do estudo,

pois o número de professores não atendia ao objetivo proposto.

3. 3.1 – Primeiro Espaço: Creche Padre Eduardo Clemente

Localizada a Rua Hamilton Pitanga, s/ nº, Bairro Projeto Sertanejo I na cidade de

Itiúba-Bahia, funciona nos turnos matutino e vespertino, contemplando crianças de 1

ano e meio a 5 anos de idade, trata-se de uma casa alugada de pequeno porte,

contando com 3 salas, 1 banheiro, 1 cozinha, 1 dormitório, 1 área, 1 quintal. O seu

quadro de funcionários e composto da seguinte forma: 1 diretora concluindo o nível

superior pela rede UNEB, 3 professoras que possuem formação em pedagogia, 1

estar em fase de conclusão do nível superior em pedagogia pela UNEB, 2 possuem

apenas o magistério, atende no momento a 80 crianças. A maioria da clientela é de

baixa renda de bairros circunvizinhos, provenientes de famílias desestruturadas

social e afetivamente.

3. 3. 2 – Segundo Espaço: Escola Getúlio Vargas

Localizada à Rua Vereador Osvaldo Campos, nº 227. A mesma atende no presente

momento duzentos e noventa e três alunos, nos períodos matutino e vespertino

oferecendo ensino desde a educação infantil até o quinto ano do ensino

fundamental. Trata-se de uma escola de pequeno porte, possui seis salas de aula,

dois sanitários, uma sala de direção, uma cozinha, uma dispensa, uma quadra de

esportes e uma grande área ao seu redor. O intervalo acontece após três horas e

meia do inicio do funcionamento escolar, dura cerca de trinta minutos e acontece

para todas as turmas ao mesmo tempo. Conta com os serviços de um diretor, um

corpo docente composto por quatro professoras e uma equipe de apoio formada por

Page 35: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

quatro auxiliares de ensino com formação em magistério. Conta ainda com os

serviços de um vigia, uma merendeira e três auxiliares de serviço geral.

A maioria da clientela é oriunda de classes populares, que enfrenta dificuldades

tanto financeiras como social e possivelmente carentes também de afetividade.

Contemplados em uma faixa etária de 4 a 20 anos, são moradores dos bairros

periféricos da cidade, alguns chegam à escola por meio do ônibus disponibilizado

pela prefeitura. Entre a clientela existem alguns alunos com necessidades

educacionais especiais, para os quais a escola ainda não esta instrumentalmente e

profissionalmente preparada para fazer o atendimento.

3. 3. 3 - Terceiro Espaço: Escola Luiz Navarro de Brito

Situada a Rua Manoel Augusto Moura s/ nº, Bairro do Alto, na cidade de Itiúba-

Bahia, é uma instituição de pequeno porte, funciona em dois turnos matutino e

vespertino contemplando desde a Educação Infantil a o Ensino Fundamental das

series iniciais, atende a 300 alunos matriculados, a faixa etária de 4 a 21 anos de

idade, vindas da periferia da cidade, e de famílias das classes populares. A referida

escola tem 6 salas, 3 banheiros, 1 cantina, 1 diretoria, 1 sala de informática, 1 pátio,

1 dispensa, 1 depósito.

Seu quadro funcional é composto por: 1 diretora, 1 vice-diretora, 1 secretaria, 1

coordenadora de ensino, 1 digitador, 10 professoras, dessas 1 possui nível superior

completo e as outras estão em fase de conclusão do nível superior, 2 merendeiras, 4

zeladoras, 2 guardas.

3. 4 – Os instrumentos de pesquisa

A pesquisa foi realizada por intermédio dos seguintes instrumentos: questionário

fechado e aberto, análise documental, que foram ferramentas fundamentais para a

aquisição dos elementos necessários à constituição deste trabalho.

3. 4. 1 – Questionário

Sobre questionário Andrade (1999, p. 130) define: ―Questionário é um conjunto de

perguntas que o informante responde, sem necessidade da presença do

pesquisador‖. Essa modalidade de metodologia foi escolhida porque é a que mais

forneceu subsídios para o bom andamento da pesquisa.

Page 36: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

O questionário fechado foi escolhido porque é uma forma direta de obter

informações sem mais demandas. Sobre isso Andrade (1999, p. 130-131) diz: (...)

―Perguntas fechadas são aquelas que indicam três ou quatro opções de respostas

ou se limitam à resposta afirmativa ou negativa, e já trazem espaços destinados à

marcação da escolha‖.

Essa metodologia é relevante para nossa pesquisa porque por intermédio dela

angariamos maiores informações que podem favorecer o andamento da nossa

questão de estudo, e assim nos possibilitará analisar mais fielmente as respostas

obtidas.

O questionário aberto também foi utilizado na nossa pesquisa uma vez que nos

forneceu informações relevantes para fazermos análise das finalidades que os

professores estabelecem para a música no cotidiano escolar. Para (1999):

(...) as perguntas abertas dão mais liberdade de resposta, proporcionam maiores informações, mas tem a desvantagem de dificultar muito a apuração dos fatos. Dificilmente perguntas abertas podem ser tabuladas e precisam ser agrupadas, por semelhança, para serem analisados. (p. 130-131)

O questionário aberto foi utilizado para que possamos interpretar sobre o que

pensam os professores a respeito da inserção da música em sala de aula, e para

que a nossa questão de estudo possa ser respondida e nosso trabalho venha ser

enriquecido.

Os questionários abertos e fechados foram distribuídos aos professores da

Educação Infantil, contam com vinte e uma questões para esse propósito com o

objetivo de identificar a utilização da música em sala de aula. E com o intuito de

investigar a relação que é criada entre a escola e a música isso nos forneceu bases

para a análise de nosso tema de pesquisa.

Esse instrumento de coleta de dados foi preferido, pois mesclando as duas

estratégias o trabalho fica mais enriquecido, pois permite a expressão do

questionado sem maiores demandas na interpretação dos dados.

3. 4. 2 – Análise documental

Page 37: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

A análise documental foi outra técnica relevante, pois, possibilitou refletir acerca dos

documentos estabelecidos nas unidades escolares e o desdobramento que os

educadores oferecem á eles. Para Caulley (apud LÜDKE e ANDRE, 1986):

análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões e hipóteses de interesse‖; ―Uma pessoa que deseja empreender uma pesquisa documental deve, com o objetivo de constituir um corpus”. ―Satisfatório, esgotar todas as pistas capazes de lhe fornecer informações interessantes‖.(p.38)

Esse instrumento de coleta de dados é importante porque a partir dele podemos

perceber o que os documentos mostram e quais são as interpretações e ligações

que os profissionais fazem em sua prática educativa.

Com a análise documental levantamos fontes que justificam o arrolamento de nossa

pesquisa, foram utilizados nessa etapa o PPP (Projeto Politico Pedagógico) da

escola e os planos de aula de cada professor questionado, documentos que inferem

sobre o processo educativo, Dentro dessas fontes encontramos subsídios que

deram um aporte teórico significativo para o desenvolvimento de nossa pesquisa.

Nesse sentido, compreendemos que os instrumentos utilizados são de grande

relevância para analisarmos e estabelecermos reflexões sobre as finalidades que se

faz da música pelos professores da educação infantil em seus planejamentos e na

execução de suas aulas, assim chegamos a uma conclusão que tais elementos

facilitam ou não o aprendizado das crianças da Educação Infantil.

Page 38: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

CAPITULO IV

DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS

A exposição dos dados coletados será feita por intermédio de itens que iremos

classificá-los de acordo com a analise e interpretação que faremos dos resultados

obtidos por meio dos instrumentos já apresentados.

4.1. Perfil dos professores pesquisados

Todos (as) educadores (as) pesquisados são do sexo feminino, acreditamos que a

colocação de mulheres na educação infantil se dá pelo fato, de serem mais dóceis,

são avós, mães, tias, irmãs e donas de casa, que cuidam ou já cuidaram de crianças

pequenas; e pelo antigo mito de que a educação infantil é apenas para que as

crianças recebam os cuidados necessários a sua sobrevivência nesse sentido é

conveniente à presença quase que em massa de mulheres na educação infantil. De

acordo com RCNEI, (1998):

Em consonância com a LDB, este Referencial utiliza a denominação ―professor de educação infantil

‖9 (...)O trabalho direto com crianças

pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento (...) (p.41)

RCNEI (1998, p.41) ―professor de educação infantil‖ é: ― O corpo profissional de

grande parte das instituições de educação infantil de todo o país, hoje, é ainda

formado, em sua grande maioria, por mulheres‖. Isso justificando a preferencia de

mulheres na ocupação dessas funções.

Page 39: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

4.1.1 – Nível de formação dos professores

Figura 1

14%

29%

43%

14%

Magistério

Pedagogia

Superior Incompleto

Pós Graduado

Fonte: questionário fechado

Dos professores questionados, conforme mostra o gráfico, 14% só possuem a

formação inicial, ou seja, magistério, que por se tratar de uma profissional de idade

avançada e que não teve as devidas oportunidades, somente agora está buscando

continuidade no estudo. A maioria das educadoras questionadas estão cursando o

nível superior em Pedagogia, representando 43%, que atendendo a LDB 9394/96

que estabelece novas diretrizes para a formação de professores, onde a partir da

data estabelecida nenhum profissional poderá exercer sus funções sem a devida

formação. Contudo, isso mostra que essas professoras são educadoras que

demonstraram valorizar a questão dos estudos, pois seguem em frente com sua

formação, pois, além do curso que estão fazendo, participam também de outros

promovidos pela escola sem que haja obrigatoriedade na oferta. Outras concluíram

o curso de pedagogia, num total de 29% e outras são pós-graduadas, representando

14% também em consonância com a referida lei. Sobre isso a LDB em seus Art.

discorre:

Art. 62 – A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

Page 40: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Art. 64 – A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em curso de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

Portanto, a partir da promulgação dessa nova LDB, passou a ser exigência e

obrigatoriedade a formação profissional, contudo apesar do caráter obrigatório os

profissionais que colaboraram com nossa pesquisa aparentaram ir além das

exigências apresentadas pelo sistema de ensino por questão de formação pessoal.

4.1. 2 – Tempos de serviço

57 % dos profissionais exercem suas funções há mais de 10 anos. 29% há mais de

5 anos, 14% até cinco anos.

Figura 2

57%29%

14% Mais de 10 anos

Mais de 5 anos

5 anos

Fonte: questionário fechado

Os profissionais exercem suas funções há bastante tempo, a experiência é algo

relevante no papel dos educadores da educação infantil, pois, isso dará habilidades

necessárias para assumirem a classe sem muitas delongas. De acordo com Fávero,

(2001):

Não é só frequentando um curso de graduação que o indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma práxis que o profissional se forma. A partir de sua prática, cabe a ele construir uma teoria, a qual, coincidindo e identificando-se com elementos decisivos da própria prática, acelera o processo, tornando a prática mais homogênea e coerente em todos os elementos. Assim, a identificação teoria-prática deve apresentar-se como ato crítico, no qual se demonstra que a prática é racional e necessária e a teoria, realista e racional. (p. 65)

Page 41: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Podemos perceber que a prática é relevante na ação educativa, pois, este acelera o

processo reforçando o que pode ter sido adquirido como componente teórico, a

experiência ajuda a construir a teoria por intermédio dos componentes apanhados

com a prática, ou seja, o tempo de serviço possibilitará aos educadores melhor

compreensão do desenvolvimento escolar de cada individuo.

4.1. 3 –Tempo que leciona com a educação infantil

43% têm mais de dois anos na educação infantil, 29% têm apenas um ano, e 29%

mais de 10 anos.

Figura 3

29%

0%

29%

42%Um ano

Cinco anos

Mais de 5 anos

Mais de 2 anos

Fonte: questionário fechado

As pessoas questionadas estão em sala de aula há certo tempo, porém há pouco

que ingressaram nessa modalidade de ensino, mas a maioria tem mais de dois anos

que atua. Diante disso, em consonância com LDB 9394/96, Art. 21, que define a

formulação da ―educação básica pela educação infantil, ensino fundamental e ensino

médio‖. A atuação há pouco tempo nessa modalidade de ensino vem de acordo

com a vigência da lei que regulamenta inserção da criança no sistema educacional

brasileiro, ou seja, a educação infantil assistida pelo poder público com caráter

educativo estar em vigor há pouco tempo.

4.1. 4 – Se têm filhos criança

Os profissionais questionados têm filhos, porém já não são mais crianças, ao

responderem o questionário relataram que acham importante cantar para as

Page 42: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

crianças pequenas, pois isso desenvolve muito sua percepção auditiva, além de

estimular o desenvolvimento. De acordo com Santa Rosa (1990, p.21) ―A simples

atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série

de aptidões importantes‖. O autor vem confirmar o pensamento dos educadores que

para a educação das crianças a música é um fator relevante nesta empreitada.

Achamos conveniente observar se os professores são pais, porque isso ajuda a

percebê-los como educadores fora do espaço escolar, visto que a educação

principia no ambiente familiar. E como pais se percebem a intervenção da música na

educação das crianças. Pois, como educadores o fato de serem pais se torna maior

para o desenvolvimento do individuo, porque este começa a desenvolver o seu

trabalho como educador no seio familiar. E, como pais eles podem observar os

efeitos da música na educação infantil.

4. 2 – O que dizem os professores

4. 2. 1 – Em relação as finalidades da música no cotidiano escolar

Quando perguntado sobre a utilização da música no cotidiano escolar o professor

nos respondeu o seguinte:

1P 2: Sim, a música facilita a aprendizagem dos alunos, sempre que a

música é utilizada nas aulas percebemos que o nível de aprendizagem é melhor.

P3: Porque estimula a compreensão do pensamento, pode contribuir para ampliar o conhecimento em determinados conteúdos.

P6: a música pode tornar-se uma excelente ferramenta nas aulas, pois desperta o interesse e provoca entusiasmo na turma.

P7: Sim, relaxa, se aprende brincando, melhora o desenvolvimento e a aprendizagem em sala de aula, etc.

De acordo com os professores a utilização da música no cotidiano escolar é de

grande colaboração, pois, facilita o aprendizado, reforçando a aquisição dos

conhecimentos, da socialização, da atenção e como estímulo para a inserção da

criança na dinâmica escolar. Nessa perspectiva, a utilização da música é relevante,

pois além de estimular os movimentos, ativa o cérebro para a conquista dos saberes

necessário. De acordo com Vygotsky (1987 apud Brasil 2006)

ao interpor realidade, imaginação, emoção e cognição, envolve reconstrução, reelaboração, redescoberta. Nesse sentido, é sempre um

Page 43: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

processo singular no qual o sujeito deixa suas marcas revelando seus encaminhamentos, ordenamentos e formas próprias de se relacionar com os materiais, com o espaço com as linguagens e com a vida. (p.51)

A música é aquela estratégia que facilita o aprendizado por ser de fácil memorização

e por ser estimuladora, ela abre um leque de possibilidades para sua inserção na

busca do saber, pois o seu uso pode ser feito nas várias áreas do conhecimento,

como por exemplo: para ensinar sequência numérica em matemática, para melhorar

a expressão oral, divulgar aspectos geográficos, entre outros, dependendo da

criatividade do educador.

4. 2. 2 – A finalidade da música em sala de aula

Ao serem inquiridos sobre as finalidades da música. As respostas foram as

seguintes:

P3: Acredito que a primeira é para sensibilizar depois desenvolver a linguagem, audição e também os movimentos corporais quando forem músicas com gestos.

P4: Com a finalidade de que o aluno adquira conhecimento do conteúdo através da música.

P6: Para aspectos sociointeracionistas como recreação, boas vindas, introdução de conteúdos e fortalecimento de laços de amizade e autoestima.

P5: Com a finalidade de aprender com que a música diz, e também com a diversão.

As respostas adquiridas vêm confirmar o nosso pensar que a inserção da música em

sala de aula é um grande contributivo para despertar no educando as diversas áreas

do conhecimento, pois é uma tática de ensino interessante e motivadora. Nesse

sentido, Zampronha (2002) diz:

Como atividade lúdica, (a música) se recorta como um jogo, cuja dinâmica é caracterizada por uma escuta que se enriquece da aprendizagem, motivando, criando necessidades e despertando interesses. (...) Como função criativa a música amplia nossa compreensão do mundo e possibilita um inter-relacionamento entre o que sentimos pensamos. (...) como interface de desenvolvimento social, a música permite que se participe do sentimento de uma época, presente ou pretérita, fornecendo as bases técnicas e estéticas para que essa vivência se estabeleça (p.121-123).

1 Utilizamos a letra P e numerais para mantermos oculta a identidade dos professores.

Page 44: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

A música é um grande estímulo nas atividades humanas, ela oferece uma riqueza

de ritmos que envolvem e trazem um enorme bem-estar, o que contribui muito com o

desenvolvimento social e cognitivo das crianças em fase de aprendizagem. Por essa

razão ao introduzir as canções no cotidiano escolar o educador estará contribuindo

para desenvolver no educando não apenas a audição, mas, poderá também ajuda-lo

a melhorar sua dicção, seu desenvolvimento psicossocial, sua capacidade de

interação sua cognição. Porque ela pode ser empregada em diversos fins o que

pode ganhar um significado maior a sua inserção no dia-a-dia da sala de aula.

A música quando empregada de maneira recreativa contribui para o

desenvolvimento físico e motor da criança, quando utilizamos a música ―cabeça,

ombro, joelho e pé, estamos induzindo a criança a praticar esses movimentos‖,

quando usamos a música ―uni, dune t‖ estamos induzindo a criança ao

desenvolvimento da linguagem na articulação das palavras; apesar de que não se

observa a utilização da música dessa forma.

Já para que o aluno adquira conhecimento do conteúdo ou na introdução deste, e

necessário o conhecimento de um leque de músicas pelo professor e também a

percepção deste no sentido que se possa fazer uma análise crítica da aprendizagem

que possa proporcionar.

4.2.3- Reflexão sobre as músicas utilizadas na prática pedagógica

4.2.3.1- Reflexão sobre a letra de música

Procuramos entender quais procedimentos que os professores utilizam ao elaborar

suas aulas utilizando a música como recurso, se isso acontece com um

planejamento prévio ou se a utilizam aleatoriamente.

P2: Algumas vezes, já que muitas músicas utilizadas são para recepciona os alunos, trabalhar conteúdos, estimular a atenção, o raciocínio, a coordenação motora, etc.

P3: Depende, se a música for usada como ponto de partida da aula sim. Mas às vezes, ou melhor, costumo cantar com a turma por prazer, para estimular a ver a vida de forma bela.

P5: Não porque as vezes escolho uma e na hora surgem outras.

P7: Quando é possível, sim.

Page 45: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

E as respostas nos remeteram a conclusão de que alguns planejam a introdução da

música em suas aulas e fazem analise da letra para ver se essa contribui com o que

quer atingir com o seu uso, mas que a maioria a utilizam de forma aleatória, como

maneira apenas de passar o tempo ou de entretenimento das crianças, pois como

cantar é uma coisa que todo mundo gosta utilizam para preencher os espaços vagos

da carga horária de sua jornada de trabalho. Segundo Freire (1979)

Para ser válida, toda educação, toda ação educativa deve necessariamente estar precedida de uma reflexão sobre o homem e de análise do meio de vida concreto do homem concreto a quem queremos educar (ou melhor, dito: a quem queremos ajudar a educar-se).

Faltando uma tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos educativos e maneiras de atuar que reduzem o homem à condição de objeto.(p.34).

O educador é um ser que colabora para a transformação social, portanto, contribuir

com a coisificação do homem como o trecho acima menciona é uma contradição ao

seu papel, e ao preparar suas aulas a intensificação dessa consciência deve

prevalecer. Portanto, é necessária uma análise reflexiva sobre todas as ações

educativas para que o ensino aconteça de maneira humanizadora, e a utilização de

quaisquer que sejam as músicas, seja ela infantil ou não, se faz necessário antes

uma reflexão do que está expressando sua letra para não correr-se o risco de estar

induzindo a conceitos errôneos ou preconceitos pré-estabelecidos nas crianças. De

forma que as canções utilizadas precisam colaborar para formação da pessoa como

um todo.

4. 2. 3. 2 – Selecionar as músicas utilizadas na prática docente

As respostas emitidas nos fizeram acreditar que há uma contradição nas respostas,

apresentadas pelos professores, pois ao mesmo tempo em que falam ser necessário

selecionar as músicas a serem trabalhadas nas aulas as respostas anteriores

indicam que não costumam refletir sobre a letra.

P2: Sim, se não houver essa seleção, corre-se o risco de utilizar músicas inadequadas que não ajudarão em nada no desenvolvimento da criança.

P3: Com certeza, conforme a faixa de idade e o tipo de música ―letra‖, essa deve ser analisada pela professora antes.

Page 46: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

P6: É necessário, até mesmo para que desenvolva um gosto musical, onde a letra da música faça sentido para o aluno.

P7: Sim, pois utilizo músicas que melhorem o desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem.

É importante selecionar as músicas para que seu uso não seja errôneo, e ao invés

de ajudar na educação venha contribuir para despertar preconceitos, agressividade,

desrespeito ao outro, as músicas são um universo de informações e contribuições,

porém, temos de ter cuidado para não reproduzir conceitos ultrapassados. Segundo

Arroyo (2011):

Somos professoras. Somos, não apenas exercemos a função docente. Poucos trabalhos e posições sociais podem usar o verbo ser de maneira apropriada. Poucos trabalhos se identificam tanto com a totalidade da vida pessoal (...). Carregamos angústias e sonhos da escola para casa e de casa para a escola. Não damos conta de separar esses tempos porque ser professoras ser professores faz parte de nossa vida pessoal. É o outro em nós. (p.27)

Pois sendo a escola, consequentemente o professor um facilitador do aprendizado,

precisa colaborar para desmistificar os contra valores que a sociedade transmite. E

muitas vezes as letras de músicas cantadas pelas crianças e professores precisam

ser analisadas antes de inseridas no contexto educativo.

4. 2. 4 – O que pensam sobre as músicas veiculadas nos meios de

comunicação de massa

Alguns dos questionados disseram que a influência desses meios é muito

significativa na educação escolar dos indivíduos, principalmente a televisão que está

presente em quase todos os lares, e que apesar da classificação por idade, não

costumam selecionar as canções que irá veicular em sua programação.

P1: Sim, pois desenvolve na criança o desenvolvimento cognitivo transmitindo ideais e comunicação social.

P2: Sim, a mídia é um instrumento poderoso pois ao mesmo tempo que faz um trabalho bom, pode influenciar nos costumes na cultura da população, as vezes muito mais que a escola.

P3: Sim, porque os meios de comunicação de massa exercem uma influencia muito grande nas crianças, principalmente nas classes mais pobres. Na sua grande maioria perniciosos, sem uma certa preocupação

Page 47: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

com a clientela infantil. As músicas que se ouve, não tem qualidade literária, muito barulho e as letras horríveis.

P4: Sim, porque no momento da música desenvolve-se oralmente e a partir dai vem o conhecimento de leitura de mundo.

P5: Ruim, boas, regular, pois algumas são educativas e na sua maioria veiculam as não educativas.

As pessoas questionadas falam que os meios de comunicação interferem muito na

educação das crianças, dizem que dependendo da programação traz benefícios aos

pequenos, porém, há certa contradição no pensamento, pois ao mesmo tempo em

que falam dos meios como influencia positiva citam que eles trazem conteúdos que

deseducam de acordo com o RCNEI (1998)

Dependendo da maneira como é tratada a questão da diversidade, a instituição (os meios de comunicação)

2 pode auxiliar as crianças a

valorizarem suas características étnicas e culturais, ou pelo contrário, favorecer a discriminação quando é conivente com preconceitos‖.( p.13)

Dessa maneira percebe-se que, os meios de comunicação interferem na educação,

principalmente no que diz respeito aos estilos musicais que veiculam neles. Pois,

muitas músicas veiculadas nesses meios são de fácil absorção pela criançada e

nem sempre essas trazem conteúdos educativos, ao contrário são cheios de

desrespeito e preconceitos horríveis.

4. 2. 5 – A utilização das músicas folclóricas sem uma prévia reflexão sobre o

conteúdo da letra.

Ao serem questionadas sobre as músicas folclóricas, e o contexto que as

educadoras estabelecem para elas visto que o folclore faz parte da programação

escolar, inserindo-se neste. E por essa razão há uma valoração enorme deste

assunto nas escolas.

P1: Não. Para se trabalhar com esse tipo de música é importante que o professor tenha noção sobre o que vai refletir sobre a música folclórica. P2: Não poderia, mas acabamos usando e na maioria das vezes nem nos damos conta de como elas são carregadas de preconceitos.

2Grifo da autora.

Page 48: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

P3: Podem desde que haja uma pré-reflexão da professora não é porque, são folclóricas que não precisam ser analisadas. P4: Somente nas datas folclóricas, ou seja, na semana do folclore.

Os professores questionados mostraram que emprega em suas aulas a música

como instrumento, porém alguns desconhecem que muitas cantigas que são

inseridas nas atividades escolares fazem parte do folclore, que ao utilizar essas

canções também estão contribuindo para a preservação da cultura popular. Em

Estevão (2002):

A música na vida do ser humano é tão importante como real e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida. (p.33)

Como todo método de ensino, as músicas, nesse paragrafo citamos em especial as

folclóricas que tem um cabedal significativo de informações e ensinamentos,

passados de geração a geração, porém, e preciso salientar que o educador

necessita atentar que: não é por ser do folclore que as músicas são completamente

desprovidas de más intenções, tabus e crendices, por isso, devemos ter certo

cuidado ao cantar com os pequeninos, por exemplo:

Atirei o pau no gato mas o gato não morreu reu,reu Dona Chica, cá, cá admirou-se, se, se do berrou, do berrou Que o gato deu, miau!

Essa é uma canção folclórica que pode incitar a violência contra os animais, um dos

motivos que se faz necessária análise da letra, para evitar que certos atos venham

aparecer como normais. Não podemos cantar por cantar, visto que a canção servirá

para instruir os educandos, não é essa espécie de instrução que gostaríamos de

estar oferecendo por isso e necessário fazermos uma análise prévia do que vamos

administrar em nossas aulas.

Contudo, as músicas folclóricas não podem ser esquecidas diante de tantas coisas

que o mercado midiático vem oferecendo a população como um todo, e em especial

Page 49: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

as crianças, que como estão numa fase de crescimento, propicia a apreender tudo e

aprender. Devem ser também lembradas para que não percamos nossas raízes e

elas desapareçam como os bichos, plantas, etc. que acabaram ficando em extinção.

De acordo com PCNs (1997)

A contribuição da escola, portanto, é a de desenvolver um projeto de educação comprometida com o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na realidade para transformá-la. Um projeto pedagógico com esse objetivo poderá ser orientado por três grandes diretrizes. [...] não tratar os valores apenas como conceitos ideais [...] (p.27)

A instrução que a escola precisa oferecer aos educando é aquela que contribua

como crescimento pessoal sem que venha inserir nos educando qualquer tipo de

contra valor, e que possibilite uma reflexão sobre os conteúdos apresentados nas

aulas ministradas, e também a preservação do patrimônio cultural.

4.2.5.1- Introdução das músicas folclóricas, as parlendas, as cantigas de roda,

em sala de aula.

A respeito da inserção das canções folclóricas no desenvolvimento das atividades

escolares.

P2: Sim, porque além de fazer parte da nossa cultura, utilizamos como recurso para a aprendizagem.

P3: Sim, porque costumo trabalhar com rimas e na sua maioria me ajudam muito.

P7: Sim, uso somente as que podem enriquecer o conhecimento do aluno, o seu desenvolvimento com os colegas, música que colaborem na aprendizagem dos alunos.

P5: Não costumo cantar as infantis e as mais conhecidas.

As músicas folclóricas são riquíssimas, além de serem uma produção cultural, e ao

trabalhar com elas em sala de aula os educadores estarão favorecendo a

conservação das raízes e podem contribuir para que elas não se extingam. Sem

contar que servem e muito como colaborador no desenvolvimento da linguagem.

Pois, a linguagem é uma forma de comunicação que a criança adquire na

convivência social, ou seja, na interação com o outro e a expressão musical do

folclore pode apresentar inúmeras maneiras de desenvolver a linguagem dos

Page 50: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

pequeninos. ―Por meio da linguagem, o ser humano pode ter acesso a outras

realidades sem passar, necessariamente, pela experiência concreta‖ (BRASIL, 2008,

p.24). As cantigas folclóricas podem levar para a sala de aula a diversidade cultural,

pois o nosso país é muito rico culturalmente.

4.2. 6 – A influencia da música na educação das crianças

No comentário dos educadores a respeito foi possível perceber que eles acreditam

que a influência da música no aprendizado existe, e que é importante trabalhar com

o auxílio dela em sala de aula, ainda que seja como forma de descontrair os

educandos.

P2: Sim, a música faz parte da vida, e ela está por toda parte, cabe a escola sensibilizar a criança para que ela consiga lidar com todas as influencias que a música traz.

P3: Com certeza a cantora baiana Ivete Sangalo, descobriu que tinha habilidades para música quando pequena no seu seio da família, e tantos outros, música também possui a vertente da hereditariedade.

P6: Influencia na medida em que estes exerce forte poder de persuasão nas pessoas. Tem um alcance maior.

P7: Sim, dependendo do meio em que ela vive.

Sobre isso Santa Rosa (1990) diz:

(...) a criança se encontra num processo de apresentação. Quando canta, numa conceituação mais ampla, ela está fazendo uma apresentação da representação construída através de uma leitura de mundo. (...) representa modos próprios de perceber e assimilar o ambiente ao redor. (p.22)

É notório o valor que a introdução da música pode somar a aprendizagem e ao

desenvolvimento das crianças em fase de crescimento, o quanto ela é benéfica para

nós em todas as áreas de nossa vida, porque ativa nossos neurônios e também

proporciona um conforto interno que eleva a autoestima e promove notáveis

mudanças de comportamento, favorecendo assim a assimilação de coisas novas, a

inter-relação com os fatos que acontecem no cotidiano. Algumas respostas:

P1: A música exerce uma influência muito grande na vida da criança no: desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, vivenciando a forma lúdica.

P2: Influencias positiva se a escola utilizar a música para desenvolver habilidades, músicas instrumentais, valorização das diferenças etc.

Page 51: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

influencias negativas quando usam a música para ofender, humilhar, discriminar, etc.

P3: Acredito que vai depender do tipo de música que for trabalhada. Se forem músicas de baixo escalão que estimula a violência, a desordem com palavrões, e desvalorizando o outro (a mulher) a influencia será negativa.

P5: Mais ou menos, algumas boas outras ruins, depende qual o programa

que você escolheu para seu filho assistir.

As respostas nos levaram a perceber que de uma forma ou de outra, a música faz

parte da vida das crianças e que contribui muito para o seu desenvolvimento,

estando ela inserida ou não nas atividades escolares. Para Santa Rosa (1990):

As atividades musicais contribuem para que o individuo aprenda a viver na sociedade, abrangendo aspectos comportamentais como disciplina, respeito, gentileza e polidez e aspectos didáticos, com a formação de hábitos específicos, tais como os relativos a datas comemorativas, à noção de higiene, a manifestações folclóricas e outros.( p. 22).

Portanto, a música é como as brincadeiras para a educação infantil, sem elas há

existência de um vazio que o educador sozinho não pode preencher. Como o autor

fala, a contribuição da música é imensurável, pois, além da colaboração com a

fixação dos conteúdos nas atividades em sala de aula, ela colabora com a formação

do caráter, da identidade do educando, com a valorização pessoal, é uma

multiplicidade de funções que seu uso promove.

4. 2. 7 – As músicas utilizadas

Procuramos verificar se os professores utilizam música como auxilio no processo de

aprendizagem dos educandos, e quais são as músicas que para eles fazem esse

papel.

P3: Costumo variar muito gosto de Toquinho, Vinicius, Fabio Jr. Religiosas, músicas folclóricas, juninas, xote. Gosto de vários gêneros, mas, analiso sempre a letra.

P5: Cantigas de roda, parlendas, folclóricas, músicas de relaxamento ou de comportamento.

P6: Cantigas de roda.

P7: Cantigas de roda, folclóricas, religiosas, e outras para estimular o aprendizado e o senso crítico.

Page 52: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Nas respostas obtidas há uma disparidade de ideias, pois em momentos anteriores

foram apresentadas respostas que contradizem as dadas nesta. No entanto é

interessante observar que o gosto pessoal de alguns contribui para um fazer cheio

de significados. Segundo o PCN

Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito pela discriminação. O grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de dialogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural. (p.33).

Portanto, ainda que de maneira aleatória o costume de cantar ou colocar música

para as crianças, pode contribuir com o aprendizado dos educandos, favorecer o

crescimento psicossocial, o desenvolvimento físico motor e em especial colaborar

para que as crianças possam aumentar o seu conhecimento cultural e valorizar as

diferentes formas de expressões musicais.

4. 2. 7. 1 – A frequência

Fizemos essa indagação pensando em observar por quantas vezes a música é

empregada como instrumento de aprendizagem pelos educadores. O que podemos

constatar é que a maioria utiliza canções quase todos os dias, com ou sem intenção

de aproveitá-la como apoio didático, às vezes, apenas para matar o tempo.

P3: Praticamente todos os dias, canto e recanto com a turma.

P5: Umas duas vezes por semana.

P6: Até cinco, até pegar o ritmo musical.

P7: Quase todos os dias da semana, nem que seja como acolhida.

Com o auxílio das canções a aula pode tornar-se interessante, e a contribuição que

o educador pode dar também pode receber e assim expandir seu conhecimento.

Nesse sentido, para Kolleutter (apud BRITO, 2001, p. 121) ―aprender a apreender do

aluno o que ensinar‖ e – ainda – que ―o melhor momento para ensinar um conceito é

aquele em que o aluno quer saber‖. Ou seja, a introdução das canções na sala de

aula pode tornar-se uma estratégia proveitosa para professores e alunos, pois pode

estimular a aprendizagem, incentivando o educando a buscar o conhecimento.

Page 53: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Vale ressaltar que mesmo quando não há intenção as canções podem ser

instrumento de aprendizagem como foi falado anteriormente, elas trazem um

universo de informações que podem se converter em aprendizagem.

4. 2. 7. 2 – A intencionalidade da música em sala de aula

Quais as atividades propostas pelos educadores quando promovem a introdução

das canções em suas aulas.

P3: Todos os dias na acolhida e se necessário nas aulas como estratégia.

P5: Que eles façam silêncio e prestem atenção na letra da música para depois cantarem.

P6: Propor atividades relacionadas com o que foi observado tais como desenho, colagem, dança, e outras.

P7: Inicialmente, é como meio de acomoda-los, em seguida serve como introdução de uma história, conteúdo, e no momento da recreação.

Alguns profissionais responderam que quando utilizam desse recurso é para deixar

os alunos em silêncio, ou como acolhimento ou estratégia, o que demonstra ser

esse exercício pensado antes da admissão no plano de aula, no entanto em suas

falas não se percebe se esse planejamento está contemplando a contextualização

da mesma. Segundo Santos (2010, p.37): ―a música faz parte de nossa produção

cultural e, como tal, deve ser trabalhada com nossos alunos‖. Visando uma

aprendizagem significativa.

As respostas ao questionário vem demonstrar que o profissional da educação infantil

emprega a música em suas atividades diárias, também como apoio didático e veem

resultado na introdução dela como fim educativo, ou pelo menos em termos de

controle de comportamento. É o que pude compreender com suas falas.

4. 3 ANÁLISE DOCUMENTAL

Toda atividade educativa requer um planejamento prévio, para que o decorrer possa

ter êxito em seu processo de execução é necessária a elaboração de Planos de aula

para que a improvisação não seja o marco do processo de construção do

Page 54: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

conhecimento e a educação escolar seja exercida com segurança pelos

profissionais que exercem a função social de educador, visto que, mesmo na

educação infantil é preciso ter cuidado ao passar a imagem de professor.

4. 3. 1 – O que aparece no plano de aula

Nesse sentido buscando angariar subsídios para a realização da pesquisa. E para

tanto, se faz necessário à análise dos Planos de aula dos profissionais que

colaboraram com a constituição desse trabalho. A seguir apresentaremos os

resultados.

Em observação aos planos diários das três escolas da educação infantil no

município, podemos verificar que se apresentam subdivididos em tópicos, porém

neles não estavam explícitos os objetivos a serem alcançados com determinados

conteúdos as metodologias empregadas e os recursos utilizados consequentemente

se os objetivos da aula foram alcançados por intermédio da avaliação.

Com o intuito de verificar a inter-relação existente ou não entre os Projetos Político

Pedagógico das escolas pesquisadas, os planos de aula dos professores atores de

nossa pesquisa e o espaço que a música ocupa nestes espaços, construímos essa

analise documental a partir dos conhecimentos encontrados nos referentes

documentos solicitados para esse fim, confrontamos com a realidade apresentada.

Os profissionais trabalham através de temas e subtemas, preparam suas aulas a

partir destes. O plano é composto pelos conteúdos e o desenvolvimento da aula.

No desenvolvimento é descrito como será executada a aula do dia, às vezes são

mencionadas a presença da música nas atividades. Por exemplo: a música ―meu

pintinho amarelinho‖ aparece em vários planos do decorrer da semana, e muitas

vezes esta sendo ensinada a cor amarela e ela é empregada com a intenção de

transmitir ao educando o conceito de cor. Outra música que aparece no plano é

―Atirei o pau no gato‖ e embora tenha uma nova versão da letra e seja mencionada

pelos professores, eles não cuidam em mencionar o porquê não devemos maltratar

os animais, dessa forma, a música por elas (es) apresentada não tem o intuito

educativo mas, serve somente como passatempo. Algumas vezes percebemos a

utilização como apoio didático para aquisição dos conteúdos pelos educandos, ou

seja, como fonte de apoio à aprendizagem, entretanto, o que mais se observou foi

Page 55: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

que a música é empregada apenas como passatempo para deixar os educandos

mais calmos, para distrai-los. Embora a música seja uma forma de relaxamento, de

distração, movimento, estimuladora do raciocínio, melhora da oralidade, dicção e

aquisição de conhecimentos. A seguir apresentaremos como esta elaborado o plano

diário:

3 Escola 1:

AREA: língua portuguesa, matemática, história.

CONTEÚDOS DO DIA: coordenação motora, pintura (revisando a cor amarela), linguagem oral.

DESENVOLVIMENTO DA AULA: Acolher os alunos, rezar e cantar a musiquinha de chegada, socialização entre os alunos, aplicar a tarefinha de coordenação motora. Intervalo; aplicar a tarefinha desenvolvendo a linguagem oral, perguntando as crianças cores do cartaz de parabéns, relembrando a cor amarela (cantando a música ―meu pintinho amarelinho‖).

MATERIAL DIDÁTICO / RECURSOS: tinta gauche, música, lápis de cor, tarefa mimeografada, papel oficio.

Percebemos a utilização da música nesta escola, porém não notamos que finalidade

educativa ela trazia, pois, era inserida apenas como forma de acolher os alunos no

momento da entrada na sala de aula. Ao apresentar no plano a música ―meu

pintinho amarelinho‖ para trabalhar a cor amarela presente na letra, a professora

mencionou que deveria mostrar objetos com a cor, mas, faltou o desenho do

pintinho para que as crianças fizessem a associação deste a cor amarela, como

seria o proposito ao colocar a música, ou seja, ficou faltando explorar mais o

conteúdo da letra. De acordo com RCNEI (1998)

A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. (p.45)

Como estar expresso acima a linguagem musical é uma forte colaboradora para a

educação infantil e os profissionais desta escola poderiam empregá-la para o

desenvolvimento dos conteúdos a serem trabalhados neste dia. Poderiam ter a

música como motivador, canções que proporcionam movimentos para trabalhar a

coordenação motora, com rimas para o desenvolvimento da oralidade. Pois, quando

3 Os numerais utilizados são para resguardar a identidade das escolas, recuado, para destacar os planos

analisados .

Page 56: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

se emprega com um planejamento prévio ela pode ser uma forte estratégia de

ensino.

Escola 2:

AREA: língua portuguesa, matemática, história, geografia, ciências.

CONTEÚDOS DO DIA: coordenação motora, linha reta, desenho livre.

DESENVOLVIMENTO DA AULA: Iniciamos um novo dia letivo, então iremos dar as boas vindas aos alunos fazendo uma Oração diária para conduzir os educandos ao conhecimento com Deus, cantar a música de saudação ao novo dia em seguida irei começar uma conversa onde farei uma revisão do que vimos ontem, depois pedirei que os educandos andem numa linha reta traçada no chão do pátio da escola, a seguir iremos fazer uma atividade mimeografada apresentando a linha reta. Cantaremos uma música escolhida pelas crianças para que elas possam descontrair um pouco. Intervalo, logo em seguida trabalharemos com a identidade, o nome, quem sou eu.

MATERIAL DIDÁTICO / RECURSOS: tarefa mimeografada, lápis de cor, quadro, papel oficio, giz.

Esta introduz música no seu cotidiano apenas com o intuito de passatempo, um

momento recreativo, pois, não seleciona a música a ser cantada na aula, a

professora deixa a escolha dos alunos sem fazer uma previa do que pode ser

trabalhado por intermédio dela. Visto que o RCNEI (1998) diz:

A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. (p.45 )

A música poderia ser motivadora na aplicação destes conteúdos, no entanto a

professora apenas utiliza com a finalidade recreativa, não observando os benefícios

que as canções podem promover a educação escolar. Podemos perceber que os

povos antigos já observavam a música como componente fundamental para a

formação humana, nesse sentido, ela favorece a aquisição dos conhecimentos e da

aprendizagem, pois ela está presente em todas as culturas e nas mais diversas

circunstâncias.

A professora poderia colocar no plano, música em que as crianças pudessem pular

num pé só, caminhar devagar sobre uma linha imaginária, mudando as passadas,

Page 57: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

pé ante pé, música que estimulassem o desenvolvimento motor e o equilíbrio. No

entanto ela não é objeto de aprendizagem, figura apenas como recreativa.

Escola 3:

ÁREA: língua portuguesa, ciências.

CONTEÚDOS DO DIA: vogal ―A‖ cursiva minúscula, animais, coordenação viso motora.

DESENVOLVIMENTO DA AULA: Oração do Pai nosso, música ―bom dia sol‖, fazer a apresentação do conteúdo a ser trabalhado, fazer uma colagem utilizando algodão para enfeitar um gatinho, colocar um DVD para as crianças assistirem, explicar outro assunto e desenvolver uma atividade sobre as vogais.

MATERIAL DIDÁTICO / RECURSOS: papel oficio, lápis de cor, lápis, tarefa mimeografada, caderno de atividades, lã, tesoura, cola, DVD, televisão.

O que foi observado é que a música é utilizada somente no momento da chegada,

em que a música ―bom dia sol‖ é cantada, percebemos que a letra da música

poderia ser explorada um pouco mais, ela fala da natureza, de valor como a

irmandade entre os indivíduos e poderia ser apresentada para as crianças a

importância do respeito ao outro. Observando os conteúdos a serem aplicados

percebemos que tem tantas canções que falam de animais, que podem ser cantadas

com a intenção de educar para a vida, e as canções que batem palmas, pulam

sentam, levantam, podem também serem utilizadas com o intuito de desenvolver a

coordenação motora. Como discorre o RECNEI (1998)

O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (p.49)

Percebemos que a finalidade das canções na sala de aula não tem caráter educativo

não é apresentada como colaboradora para tornar a educação escolar mais atrativa

e desenvolver nos infantis uma formação crítica como propõe a nova concepção de

ensino.

4. 3. 2 – Planejamento quinzenal

Page 58: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Existe ainda nas escolas o Planejamento quinzenal ou mensal de acordo com o

desenrolar das atividades educativas, e do desenvolvimento dos educandos nos

conteúdos propostos. Nesses figuram os objetivos e as metodologias, porém este é

produzido pela coordenadora pedagógica e nas escolas elencadas os professores

fazem em parceria com os das outras turmas. Em um desses planejamentos

observamos que para os conteúdos de português os objetivos são condizente com a

situação de aprendizagem, já na metodologia a música surge, porém não é

apresentado de que forma ela será utilizada. São apresentados da seguinte forma:

Escola 1

Objetivos: Utilizar a linguagem oral como forma de expressão de sentimentos e opiniões; socialização de experiências de leitura e escrita; Conteúdos: contação de história, coordenação motora. Metodologia: Ilustração, história, músicas, confecções de cartazes, artes.

Escola 2

Objetivos: Reconhecer as cores primárias, escutar os colegas respeitando os diferentes modos de falar. Conteúdos: As cores primarias; memorizar músicas, versos, jogos de imitação. Metodologia: versos, jogos de rimas, cartazes, material concreto.

Na escola 2 a música é citada em conteúdos, porém, o próprio conteúdo não vem a

ser a música, seria a memorização, a música aparece apenas como elemento de

apoio para o acontecimento desta; porém percebemos que na elaboração deste

plano existe um espaço vago que poderia ser incluído a música em suas

metodologias, pois ela combinaria perfeitamente com os objetivos propostos pela

escola.

Escola 3

Objetivos: Utilizar a linguagem oral; construir o significado do numeral a partir de seus diferentes usos. Conteúdos: organização do pensamento e da comunicação; noção de numerais. Metodologia: Exposição, contação de história, confecções de painéis.

No entanto, na Escola 3, a música não tem espaço algum, apesar de pretenderem

conquistar o Objetivo que diz respeito a linguagem oral e de mencionarem entre

seus conteúdos a comunicação. Entendemos dessa forma a possibilidade da

adesão da música como mecanismo de promoção tanto da linguagem oral, quanto

Page 59: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

para o estimulo da comunicação, além da possibilidade do trabalho de quaisquer

outros conteúdos.

Observamos que dentre as três escolas a música aparece explicitamente apenas em

duas, ocupando espaço ora como Conteúdo, ora como Metodologia. Na Escola 1,

ela é utilizada como Metodologia, de fato a utilização desta como tal dá uma maior

aproximação do Objetivo apresentado ou seja, a utilização da oralidade e expressão

de sentimentos.

O que podemos perceber sobre esses planos tanto o diário elaborado pelos

professores, quanto o quinzenal é que a experiência com a música existe dentro do

planejamento escolar, porém, percebemos que mesmo tendo aparecido nos roteiros

de atividades a serem trabalhadas em sala de aula, o seu desfecho é executado de

maneira diferente.

4. 3. 3 – O que diz o Projeto Político Pedagógico

Os educadores que trabalham nessas unidades escolares na educação infantil

configuram seus planos a partir de seus próprios interesses, pois não há no Projeto

Político Pedagógico qualquer direcionamento para essa etapa do ensino nas

unidades. Em seus planos aparece a colocação de músicas pelo menos duas vezes

por semana ora como recreação, ora como acolhida. Porém percebemos na

observação das aulas que esse espaço não é exatamente utilizado com uma

criticidade apropriada, com o que se está passando por meio da utilização dessas

canções, quais os valores que estão sendo construídos nesses momentos musicais.

Destacamos especial atenção para o aparecimento de algumas músicas comumente

utilizadas nos planejamentos, quando isto acontece, canções como: Atirei o pau no

gato, Marcha soldado, Pai Francisco entrou na roda, Minha machadinha, Meu

trolinho, Bom dia, Boa tarde entre outras, que são entoadas apenas para referendar

datas ou momentos sem uma devida análise crítica sobre suas letras e as

construções que podem alicerçar.

Sendo que elegemos três escolas para essa pesquisa, ao solicitarmos o documento,

que deveria ser elemento de norteamento da educação oferecida pela instituição, a

Escola (3) não possuía tal documento e não fez questão em apresentar uma

justificativa para a negativa. As outras instituições (2 e 1) possuíam um único

Page 60: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

documento comum a ambas, segundo este a sua construção foi realizada em

novembro do ano de 2010 com reelaboração no inicio do período letivo deste ano.

No tocante a presença da Música dentro deste Projeto, compreendendo esta como

forma de expressão, ela foi mencionada nos últimos objetivos gerais do referido

documento, considerando ela ainda como recurso esta foi também citada em um dos

últimos objetivos específicos. Entre as ações descritas neste a construção de letra

de música aparece como uma das opções para atividade de leitura; compreendemos

que esta atividade esteja relacionada ao ensino fundamental, visto que, as crianças

da educação infantil ainda não absolveram o processo de escrita. Aparece ainda na

execução do Hino Nacional, atividade efetuada uma vez por semana, segundo o que

está escrito. Observemos o exposto nesse trecho do referido Projeto:

Gêneros Textuais (1º e 2º anos)

Adequados para o trabalho com a linguagem oral:

Contos (de fadas, de assombração, etc), mitos e lendas populares

Poemas, canções, quadrinhos, adivinhas, trava-línguas, piadas

Saudações, instruções, relatos

Entrevistas, notícias, anúncios (via radio e televisão)

Seminários, palestras

Este é o único espaço que a música ganha explicitamente na elaboração deste

Documento, considerando ainda que não apareça elaboração de planejamentos

para a Educação Infantil como acontece com as demais etapas do Ensino oferecido.

Sobre a Educação Infantil este Projeto não apresenta uma definição clara para sua

visão acerca desta, colocando-a em mesmo patamar que a adolescência.

Assim, por meio desses dados percebemos que a construção desse documento não

possui uma carga valorativa para produção da educação que será veiculada através

dessa instituição. Por outro lado, analisando o que está expresso nos planos, e no

citado projeto escolar verificamos que eles não utilizam projetos envolvendo a

música. Pudemos averiguar que tanto no projeto como nos planos diários existe uma

correspondência, dessa forma compreendemos que apesar de não terem sido

construtores do Projeto em questão os professores o levam em consideração na

Page 61: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

elaboração de seus planejamentos. Ou seja, os professores procuram colocar em

prática em sala de aula a sua resolução.

Entendemos através desta análise documental que se torna necessário não apenas

a inclusão de músicas nos planejamentos da Educação Infantil, mas principalmente

que este processo aconteça cercado da devida criticidade, procurando-se

compreender como as letras das canções, os ritmos e as melodias utilizadas em

cada uma delas poderá contribuir positivamente para a obtenção de aprendizagens

pelos alunos e que as canções empregadas para esse fim não necessariamente

precisam ser as já conhecidas e executadas nas escolas de todo o Brasil, podem

também ser canções veiculadas na mídia e em especial as regionais, desde que

com a devida análise critica do que estas representam e os conhecimentos que

podem construir.

Page 62: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da construção deste trabalho de pesquisa percebemos que a Educação

Infantil é sem duvidas uma fase de grande relevância para a formação de seres

humanos melhores em dignidade e comprometimento com o outro em sociedade.

Compreendemos que para que essa educação se torne realmente promissora será

necessário que se leve em consideração essa etapa do Ensino Básico e se

acrescente a todos os investimentos destinados a esta etapa um olhar especial para

suas especificidades, que enxergue nessa criança um ser em constante processo de

aprendizagem, mas também um apaixonado pelas suas vivencias infantis.

Compreendemos que os critérios adotados para o planejamento das aulas que

serão ministradas para essa etapa do ensino precisam explicitar acima de tudo suas

vivencias e seus interesses pelo mundo, respeitando seus tempos, suas formas e

seus espaços de aprendizagem, dessa forma as estratégias de apresentação dos

conteúdos devem servir como elemento de fascinação para o alunado com a

finalidade de seduzi-lo para o ensino formal, dentre as variadas estratégias de

ensino sugerimos um olhar especial para a ―Música‖ para a construção do trabalho

educativo com essa faixa etária.

Contudo, percebemos que os ritmos apresentados no planejamento das aulas são

implantados mais como passatempo, não tem caráter estimulador da aprendizagem

e nem uma finalidade educacional na proposta. Os educadores ao inserir não

estabelecem um objetivo coerente com o processo de desenvolvimento da criança e

apresentam apenas como contribuição recreativa.

Por meio da observação nos três lócus escolhidos para o desenvolvimento desta

pesquisa descobrimos que embora a Música represente um grande espaço no

desenrolar das aulas, ela ainda está longe de ser utilizada de fato como uma

ferramenta a mais para aprendizagens. Desvendamos através dos questionários

aplicados aos professores da Educação Infantil que os objetivos pretendidos sobre a

utilização das músicas em sala de aula estão mais direcionados ao preenchimento

do tempo das aulas do que as aprendizagens construídas.

Sendo assim, fortalecemos a compreensão de que se torna imprescindível a

inclusão da música no planejamento com espaços para discussão dos objetivos

Page 63: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

destinados a ela enquanto estratégia de ensino, para que esta não sirva apenas

como elemento de preenchimento de espaços vazios.

Ressalvamos que um dos grandes desafios da educação é localizar os instrumentos

adequados para despertar o interesse do seu alunado, no que diz respeito

principalmente se tratando dos iniciantes no processo ensino e aprendizagem essa

mágica as músicas já fazem e sem grandes esforços, aludimos a partir dessa

análise que se distenda mais atenção aos elementos que fazem parte do cotidiano

do alunado, entendendo seus aprimoramentos dentro desses espaços.

A partir de leituras e reflexões há múltiplos autores como Almeida (2000), Arroyo

(2011), Brasil (2006), Brito (2001), Estevão (2002), Souza (1991) e em especial das

contribuições de Vygotsky (2003) entendemos que essa proposta de elaboração de

planejamento oferecida por meio deste trabalho, mesmo para uma realidade como a

referida nessa pesquisa será assaz possível de ser colocada em prática, desde que

todos os atores desse processo adotem suas responsabilidades contíguas ao

alunado e o compromisso de fazer o ensino se transformar em algo prazeroso aos

olhos dos alunos.

Através da análise documental consideramos que se faz necessário pensar na

música como um instrumento de aprendizagem, pois apesar de perceber que às

vezes ela figura nos planos diários como um instrumento de conduzir os educandos

na conquista do conhecimento ela aparece mais como passatempo, cantada, tocada

aleatoriamente sem nenhum contexto educativo.

Sendo assim, consideramos que a utilização da música tais como: as cantigas de

roda, as músicas de ninar, os jogos de rimas, os cordéis, as paródias, ou até mesmo

as músicas conhecidas pelas crianças servirão como auxiliadoras no processo de

construção do conhecimento. E possibilitaram ao professor um maior cabedal de

informações para despertar o interesse e consequentemente o desenvolvimento da

aprendizagem nos infantes.

A construção desta nos possibilitou observar a introdução de canções na sala de

aula, bem como a pertinência delas para a aquisição dos saberes necessários a

educação infantil, assim, podemos notar que é relevante para a escola empregar

Page 64: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

metodologias inovadoras que possam auxiliar o professor e o aluno na conquista de

uma educação igualitária.

Diante disso, esperamos que nossa pesquisa sirva como instigação aos

profissionais da educação e, particularmente, aos professores da rede municipal

atuantes na Educação Infantil dessa sociedade, para analisarem os incrementos

produzidos pela adoção da música aos seus planejamentos, além de procurarem

outros meios de inclui-los no processo de formação da cidadania, visando uma

melhoria na educação e na qualidade de seu próprio trabalho.

Entretanto, essa pesquisa não encerra a problemática aqui, sabemos que as

respostas decisivas para esses questionamentos podem continuar fora de nossa

aquisição, porém cada abordagem, cada alusão aqui oferecida é o produto da

expectativa de que ainda existe algo que pode ser pensado e planejado em função

de priorizar a aprendizagem, demonstrando que de fato as crianças são o verdadeiro

objetivo da Educação.

Page 65: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RJ: Vozes, 2011. BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por Amor & Por Força. Tese. (Doutorado em

Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. 283f. BARROS, Carlos e Wilson Roberto Paulino. Ciências: o corpo humano. São Paulo.

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2006. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais de 1ª a 4ª série-Educação Fundamental. Brasília, 1997. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998

BRITO, Teca Alencar de. Kolleutter: O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Petrópolis, 2001. COUTINHO, Ângela Scalabrin. As crianças no interior da creche: a educação e o cuidado nos momentos de sono, higiene e alimentação. Florianópolis, SC.

Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. ESTEVÃO, Vânia Andréia Bagatoli. A importância da música e da dança no Desenvolvimento infantil. Assis Chateaubriand – PR, 2002. 42f. Monografia

(Especialização em Psicopedagogia) – Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense – CTESOP/CAEDRHS. FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque. Universidade e estágio curricular: subsídios para discussão. In: ALVES, Nilda (org.) Formação de Professores - Pensar e Fazer. São Paulo: Cortez Editora. Coleção Questões de Nossa Época, n º 1. 2001, p.p.53-71.

Page 66: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 5ª ed. editora nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2004. FREIRE, Paulo. Conscientização: teorias e práticas da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo. Cortez & Morais. 1979. GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GHIRALDELLI, Junior Paulo. História da educação. 2ª ed. São Paulo, Cortez. 2000(coleção magistério 2º grau) GOHN, D. As novas tecnologias e a educação musical, 1999. Disponível em:

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São Paulo: Cortez, 1992. LIMA, Lauro de Oliveira. Por que Piaget? A educação pela inteligência. 4ª edição Petrópolis, RJ: Vozes. 1998. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.

São Paulo, EPU, 1986. MICHALISZYN, Mario Sergio e TOMASINI, Ricardo. Pesquisa: orientações e normas para elaboração de projetos, monografias e artigos científicos;

Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. SANTOS, Gisele do Rócio Cordeiro Mugnol. Metodologia do ensino de Arte. IBPEX. Curitiba. 2010. SANTA ROSA, Nereide Schilaro. Educação musical para pré-escola. Editora Ática

S.A. São Paulo, 1990. REGO, Teresa Cristina. Vigotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação-Petrópolis, Rio de janeiro: Vozes, 1995.

SOUZA, Solange Jobim e. Educação ou tutela? A criança de 0 a 6 anos. Edições

Loyola. Vol 11. São Paulo, 1991. VASCONCELLOS, C.S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995.

Page 67: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. XIMENES, Sérgio. Minidicionário ediouro da língua portuguesa. 2ª ed. São

Paulo, Ediouro, 2001. ZAMPRONHA, Maria de L. Sekeff. Da música, seus usos e recursos. São Paulo: Editora UNESP.2002.

Page 68: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

Anexos

Page 69: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

Este questionário tem como objetivo identificar a importância da música na

educação infantil no município de Itiúba-Bahia. Os dados aqui apresentados têm

como única finalidade, auxiliar nosso trabalho cientifico. Sua identificação será

resguardada, não é necessário que assine se precisarmos de mais alguma

informação para acrescentar as obtidas, voltaremos a entrar em contato.

QUESTIONÁRIO

Nome da escola que trabalha_________________________________________

Nome: __________________________________________________________

Série que leciona:__________________________________________________

Nível de formação: ________________________________________________

Sexo: M ( ) F ( )

1. Há quanto tempo leciona?

( ) 1 ano

( ) Mais de 2 anos

( ) 5 anos

( ) Mais de 5 anos

( ) Mais de 10 anos

2. Há quanto tempo leciona com a Educação Infantil?

( ) 1 ano

( ) Mais de 2 anos

( ) 5 anos

( ) Mais de 5 anos

( ) Mais de 10 anos

3. Sempre lecionou na Educação Infantil?

( ) Sim ( ) Não

Page 70: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

4. Há quanto tempo trabalha nessa unidade escolar?

( ) 1 ano

( ) Mais de 2 anos

( ) 5 anos

( ) Mais de 5 anos

( ) Mais de 10 anos

5. Tem filhos criança?

( ) Sim ( ) Não

6. Costuma cantar com eles?

( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes

EM RELAÇÃO AO USO DA MÚSICA RESPONDA:

7. Utiliza música em sala de aula?

( ) Sim ( ) Não

8. A música pode ser usada nas aulas? Porque?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. Com que finalidade a música pode ser utilizada na sala de aula?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10. Costuma refletir sobre a letra da música que vai utilizar na aula?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11. Acha que precisa selecionar o tipo de música a usar na sala de aula? Costuma fazer isso?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Page 71: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12. Os meios de comunicação de massa disponibilizam vários estilos musicais. Acha que isso

influencia na educação das crianças? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

13. Como classifica o tipo de influencia musical que os meios de comunicação transmitem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14. As músicas folclóricas podem ser usadas em sala de aula sem uma previa reflexão sobre a

letra? Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

15. Costuma usar as músicas folclóricas, as parlendas, as cantigas de roda, em sala de aula?

Porque?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

16. Acha que a música pode influenciar na educação das crianças?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Page 72: Monografia Ana Maria Pedagogia 2012

17. Que tipo de influencia a música pode exercer na educação das crianças?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

18. Quais os tipos de música utiliza em suas aulas?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

19. Quantas vezes por semana utiliza música como instrumento de aprendizagem?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

20. Quando utiliza música quais são os desdobramentos?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________